João Maurício Adeodato é professor da Faculdade de Direito de Vitória e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 1A.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Saio para o trabalho logo cedo, só leio e escrevo de manhã nos fins de semana.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Tanto faz, escrevo quando tenho tempo livre, independentemente da hora do dia. Não tenho um “ritual”, mas meu método começa sempre pela criação de um sumário provisório, o mais detalhado possível, para me guiar ao longo do texto, seja um artigo ou um livro mais longo.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Um pouco todos os dias. Não tenho meta diária, inclusive porque nem todos os dias posso escrever, embora leia diariamente.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não acho difícil começar. Primeiro vêm as ideias, depois anotações ao longo das leituras, depois o sumário detalhado.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não tenho essas travas ou ansiedades, é um processo tranquilo e muito prazeroso. É a única coisa que gosto de fazer mais do que tocar música.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso muitas vezes, sempre fazendo ajustes. Só paro quando envio para publicar.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
No computador ou às vezes nas notas do celular.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas ideias vêm de minha formação, vivência. Sou uma pessoa cética e tolerante por natureza, não gosto de autores cheios de certeza nem de discussões muito apaixonadas, acho que a prudência na vida é a principal fonte de minha filosofia.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Acabei de autorizar a publicação da segunda edição de minha tese de doutorado, trinta anos depois. Não faz vergonha de modo algum. Acho que eu era mais ingênuo, o que é natural, mas pouco modifiquei em relação à primeira edição, escrita em 1986.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Estou trabalhando em meu livro de introdução, depois de 35 anos lecionando e estudando essa matéria. Um projeto ainda não começado é meu livro de metodologia, que terá muito de jocoso, pois pretendo também que seja um livro de entretenimento, ridicularizando os intelectuais muitos vaidosos, incompetentes, falsos, arrogantes ou simplesmente ridículos que encontrei em minha já longa vida.