Jadna Alana é escritora, cantora e youtuber.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Quando estou no período de aulas não tenho tempo para nada além de acordar e correr para a faculdade (risos). Mas quando estou livre, eu adoro essa parte, tenho o costume de acordar cedo, ajudar minha mãe nas tarefas de casa, e correr para o quarto onde posso me perder nos universos mágicos dos livros.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu prefiro a manhã, pois estou começando o dia e isso faz com que minha mente esteja mais “limpa”. Geralmente quando faço muita coisa no dia fico cansada, um pouco dispersa, e quando chega a noite eu só penso em descansar. Por essa razão, escolhi escrever sempre pela manhã. O que faço assim que acordo? Escrevo. Ah, com certeza tenho meu “pequeno ritual de escrita”. Sento na minha mesa sagrada, ligo meu computador, abro o Spotify, coloco uma música que tenha relação com aquela cena que vou escrever, e mãos à obra!
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Antes da faculdade eu escrevia um pouco todos os dias, mas, como não tenho mais tempo, espero ansiosamente pelas férias e me dedico totalmente aos livros. Então eu estabeleço um número x de dias e crio uma meta diária para atingir determinada quantidade de caracteres. Eu achava que isso não funcionaria, já que acho a escrita algo muito espontâneo e que deve fluir naturalmente. Todavia, ao estabelecer essas pequenas regras eu aprendi que escrever também é trabalhar e se esforçar para atingir meus objetivos. Por essa razão, essa prática se tornou muito eficiente comigo.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu costumo dizer que meu processo de escrita é uma bagunça que só eu consigo entender. É que acho que a escrita funciona de uma forma tão natural que eu não gosto nem mesmo de especificar uma “norma” para mim mesma, sabe? Mas, analisando um pouco, percebo que eu começo a estruturar meus romances pelos personagens. É a minha parte favorita. Gosto de criá-los, pensar nomes, montar personalidades, explorar suas cabeças e descobrir o que tem ali. Gosto de desvendar seus mistérios, saber seus segredos, conhecer seus medos e me tornar a melhor amiga que eles poderiam ter. Depois disso é que vou pensando no ambiente, no espaço, narrador e etc… Como disse antes, é muito natural pra mim.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu costumo lidar muito bem, pois isso só aconteceu uma vez. São dois anos como escritora e passei apenas por uma crise (a pior de todas). Foi um período muito conturbado e difícil de seis meses sem conseguir escrever nenhuma linha. Eu chorava, me desesperava e achava que era o fim do sonho que eu ainda estava começando a sonhar. Mas, nesse momento complicado, aprendi que a única saída era descansar. Então fui assistir minhas séries, ouvir as músicas favoritas, conversar com os amigos, viver! Então voltei com tudo e com mais garra e determinação que antes. O medo de não corresponder as expectativas é algo constante na vida de um escritor. Afinal, estamos nos expondo para várias pessoas, apresentando o universo que criamos com tanto carinho, mostrando as possíveis falhas que poderão estar ali. Então eu me sinto totalmente encurralada, mas isso não é motivo para desistir, afinal, se não corrermos atrás de nossos sonhos não chegaremos a lugar algum. O leitor não gostou? Mais um motivo para eu continuar e melhorar o que faço. Tudo é aprendizado!
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu tenho um probleminha na mão. Ela fica muito fraca e quando escrevo à mão as dores pioram. Então eu prefiro escrever pelo computador mesmo, acho que é menos trabalhoso do que ter que escrever tudo de novo.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Não faço a menor ideia! (risos). Essa pergunta é uma das coisas mais difíceis que as pessoas já me perguntaram. As ideias simplesmente vêm, não existe receita, muito menos uma regra. Eu acredito que tudo que vivemos ou tudo que conhecemos pode fazer com que uma ideia apareça. O que o escritor faz é apenas modificar algo comum demais e fazer com que ganhe um significado novo no mundo. Acho que é isso que a arte faz.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Com certeza a pesquisa. Eu era imatura demais, achava que escrever era como ligar o computador e jogar um monte de palavras ali. Pobre engano. Escrever é pesquisar, explorar, conhecer coisas novas apenas para adequá-las aos seus livros, escrever é se libertar, soltar as algemas que nos prendem ao chão e voar. Eu aprendi a ser pesquisadora e depois disso entendi que minha escrita poderia ficar ainda mais rica quando eu sabia do que estava falando. Se eu pudesse aconselhar aquela Jadna iniciante, eu diria que ela deveria ter mais calma e pesquisasse muito antes, durante e depois de escrever.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho muita vontade de criar histórias paralelas ao livro “A Princesa de Ônix”. E sobre o livro que eu gostaria de ler, mas não existe… Não posso responder, pois ainda não li todos os livros do mundo para saber o que existe e o que não existe (seria meu sonho).