Izabela Orlandi é escritora, autora de O que esperar de uma flor amarela? (Patuá, 2013), Vão dos bichos (Patuá, 2015) e O sal das suas pernas (Fractal, 2018).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não possuo rotina matinal. Somente levanto, faço um café e fumo um cigarro.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Em nenhuma hora definida, também não tenho rituais. Escrevo quando sinto vontade ou quando algo me impele a isso. Uma palavra, uma imagem, um filme, uma experiência, uma pessoa.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Depende da época. Em algumas, escrevo todos os dias, em outras nenhum dia. Não tenho metas, pois não consigo ter a escrita como um projeto a ser cumprido. É o que vem da minha sensibilidade e do meu desejo de escrever.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Na maioria das vezes escrevo uma nota e a partir daí construo o poema. Normalmente logo após a nota já escrevo, não é difícil começar. Raramente guardo notas que se transformam na escrita alguns dias depois. O mais difícil é compilar notas, não escrever o poema.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Apenas as aceito, não me causam angústia e não penso nas expectativas, sejam minhas ou de outras pessoas.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso algumas vezes, três ou quatro, em momentos próximos aos da escrita. Quando o projeto de um livro está mais estruturado, reviso novamente todos os poemas, a relação de um poema com o outro, como se comunicam dentro do livro. Não costumo mostrar para outras pessoas, mas tenho o hábito de publicar em redes sociais.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Normalmente à mão, ando sempre com algum caderno. Porém, se não tenho um papel, uso o celular sem problemas.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias vêm do que me cerca e do que vivi. De livros, filmes, do que estudo, do que vejo, de pessoas que amo, de amigos, do meu passado e do meu dia a dia. Não tenho preocupação em manter algum hábito para a criatividade.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Me tornei mais madura, com mais autocrítica. Diria para ter mais cuidado na estruturação do livro. No meu primeiro, apenas tive que publicá-lo praticamente tal como o escrevi, pois quase desisti diversas vezes. Hoje penso que mais revisões teriam o tornado mais consistente, coerente. Mas talvez se isso tivesse sido feito, a publicação não teria acontecido e minha continuidade na escrita também teria sido diferente.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Não consigo pensar em nenhum projeto relacionado à escrita que eu gostaria de fazer e ainda não comecei. Gostaria de ler livros escritos por pessoas que amo.