Ivana Arruda Leite é escritora, autora de Breve Passeio pela História do Homem.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Banho, café da manhã, jornais e sudoku.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor pela manhã. Sem rituais. Só preciso de silêncio.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta diária. Se estou com algum projeto, escrevo todos os dias. Não escrevo à toa.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Nem toda escrita tem pesquisa. A maioria, não. Não faço notas prévias. O começo é sempre às cegas. A exceção foi meu último romance que, sim, exigiu uma pesquisa paleontológica e tinha inúmeras anotações.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Tudo depende do meu envolvimento com o projeto. Se a coisa tá rolando legal, não tem procrastinação nem preguiça. Se não está, aí é dose. O negócio é parar e pensar se vale a pena continuar. Escrever também é diversão e alegria.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso mais de cinquenta vezes. Sei lá, faço incontáveis revisões. E dou, sim, para pessoas lerem antes de enviá-los para alguma editora.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Só escrevo no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
As ideias vêm das minhas preocupações, angústias, inquietações de cada momento. Geralmente, elas vêm de dentro e não de fora. O melhor hábito para se manter criativo é ler, ler muito, ler de tudo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar aos seus primeiros escritos?
A escrita é um processo dinâmico, em constante mutação. Mudou tudo porque mudei eu. Mudou a forma de olhar o mundo e de narrá-lo. Mudou a compreensão sobre as pessoas. A forma de escrever ficou menos apaixonada, mais concisa e contundente, menos escandalosa. Eu diria para a Ivana do começo da carreira de escritora: “calma, mulher, o mundo não acaba amanhã”.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Estou começando a mexer numas poesias antigas que fiz há trinta, quarenta anos e que ainda gosto muito. Talvez este seja meu próximo livro. Eu gostaria de ler um bom romance sobre a vida de Jesus, o rapaz judeu que morreu na cruz aos trinta e três anos.