Ivan Sant’Anna é escritor, autor de Voo cego.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Geralmente acordo às nove horas e escrevo até concluir a tarefa que programei para aquele dia. Ontem, por exemplo, só terminei às três da manhã de hoje. Por isso acordei mais tarde.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu trabalho o dia todo, manhã, tarde e noite, sete dias por semana, 30 dias por mês, 365 dias por ano. Claro que tenho intervalos para ginástica e para leitura.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Primeiro eu faço todas as pesquisas. Depois crio os capítulos e insiro, de uma maneira meio caótica, os trechos das pesquisas nos capítulos.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quando eu publico um livro, já tenho o seguinte pronto e já estou trabalhando num terceiro. Portanto não me aborreço muito com os fracassos nem me entusiasmo muito com os sucessos. Sempre estou bem à frente do que os críticos e os leitores estão lendo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Dezenas de vezes. Às vezes mostro os originais para minha mulher, à medida em que eles vão evoluindo. Outras vezes, não.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu não sei fazer nada à mão. Uso computadores desde 1966 (sim, 1966), quando morava em Nova York. Quando me tornei escritor, em meados dos anos 1990, já comecei no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Eu já tenho argumentos para os próximos dez anos, embora não acredite que viverei todo esse tempo. Já estou com 78.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Honestamente, eu só devo ter piorado, porque o primeiro livro que escrevi (embora tenha sido o segundo a ser publicado) é o melhor deles.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de escrever a história da Operação Entebbe mas, como demanda uns três anos de pesquisa, ainda não tive ânimo para começar. Gostaria de ler uma biografia dos goleiros Castilho e Veludo, do Fluminense, do Almir Pernambuquinho, que jogou em diversos times, e do técnico Martin Francisco, que foi do Vasco e de outras equipes. Gostaria também de ler biografias da Ângela Diniz, da Leila Diniz e da Regina Rosemburgo Léclery, mulheres que viveram 30 anos à frente de suas épocas, sem essa babaquice de feminismo.