Ingrid Carrafa é atriz e poeta, autora de Entre rosas e abismos (2015) e Não joguem pedras na Geni (2016).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Em dias menos tempestuosos eu começo o meu dia agradecendo pelo fato de estar viva em meio a tantos mortos em vida. Ao universo o meu sorriso, a minha mãe e minha filha um beijo seguido de “eu te amo”. Como seguir uma rotina se todo dia que amanheço já não sou mais a mesma?
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Geralmente quando estou indo ou voltando do trabalho… Dentro do ônibus, cheiros, conversas, histórias, sonhos desfeitos, recomeços… Um universo em cada rosto. Sem ritual de preparação. Para mim tem que fluir naturalmente como uma boa cagada, o mijo, o respirar, o sexo.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo quando preciso escrever. Sem metas. Como respondi a cima tem que fluir naturalmente.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não tenho um processo de escrita. Como me movo da pesquisa para a escrita? Porra, não me movo. Pois uma está na outra.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Desfocando. Saindo com a galera, tomando cerveja, fumando meu cigarro na laje lá de casa olhando para o céu e procurando alguma nave extraterrestre. Dançando, tirando fotos, atuando. Esse desfocar geralmente é ligar o foda-se.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não reviso. Já mostrei quando estava começando… Não mostro mais.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Temos um relacionamento de tédio mais voltado para o exibicionismo nas redes sociais. Fora isso escrevo tudo à mão.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Bebida e vivências.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita dos seus primeiros textos?
Cada dia que se passa está fluindo mais naturalmente e no seu tempo.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero fazer um projeto com putas. Vai levar o nome do meu segundo livro Não joguem pedras na Geni. Quero ter a oportunidade de sentar e conversar com essas mulheres, perguntar sobre sonhos, cor preferida, comida predileta, se acredita em signos, etc. Mostrar para o mundo que essas mulheres que se encontram á margem também possuem alma.