Ieda Vidal é escritora.
Como começo meu dia?
Não tenho uma rotina muito fechada. Alguns dias vou direto pro banho. Outros dias, tomo meu café, leio um pouco. E há dias em que troco uma roupa e vou andar. Como acordo cedo, gosto de inaugurar a rua. Invariavelmente o que faço é cumprimentar meus gatos.
Em que hora do dia trabalho melhor?
Gosto muito do silêncio. Mas não escolho horário porque parece que sou alagada por uma ideia, dúvida ou palavras e isso pode acontecer em qualquer hora ou lugar.
Meta diária de escrita?
Não, não tenho. Preciso ter mais disciplina porque estou iniciando uma escrita diferente da que faço. Quero escrever uma história e aí vou precisar “domesticar” um pouco os pensamentos selvagens e mantê-los mais ordenados. Também preciso pesquisar e isso requer um diferente tipo de organização.
Processo de escrita. A passagem da pesquisa para a escrita.
É a primeira vez que estou fazendo isso. Iniciei a escrita e percebi que necessitava pesquisar pra poder continuar. Agora estou inserindo o que pesquisei no texto. Ainda estou navegando em mares desconhecidos, mas vai ficando mais fácil.
Como lidar com as travas?
A princípio escrevo sem o compromisso de que o texto seja lido. Vou escrevendo pela alegria de escrever ou pela necessidade de escrever. Depois vou lapidando e tentando deixar a escrita mais bonita, até que gosto e penso que já dá pra mostrar. Não fico ansiosa ou travada. Só escrevo.
Eu reviso meus textos?
Sim, leio e releio várias vezes. Tenho muito pouca experiência com publicação, mas não costumo ficar mostrando o que escrevo.
Relação com a tecnologia.
Bom, como eu falei no início as ideias costumam me pegar desprevenida durante caminhadas, no banho… Normalmente escrevo a semente do texto a mão no primeiro papel que aparece pra que ele (o texto) não fuja. As ideias são como passarinhos loucos pra voar. Depois digito, ponho numa pasta no computador, mas costumo manter os originais manuscritos presos com um elástico como lembranças do momento da escrita, do nascimento da ideia.
De onde vêm as ideias?
Acho que elas estão por aí e a gente acaba entrando na mesma frequência em que elas estão e captando fragmentos. Penso que a escrita ajuda a interpretar, de infinitas maneiras, ideias que estão flutuando a nossa volta. Procuro estar sempre atenta. Observar detalhes de coisas e pessoas e analisar sentimentos e reações me ajuda a elaborar as ideias e a escrita.
O que diria a quem escreveu meus primeiros textos.
Eu escrevo desde que era menina. Assim os temas e a própria escrita foram se modificando. Diria àquela menina pra deixar de pensar só em paixões e lágrimas de amor e exaltar as vantagens da adolescência em alguns escritos, uma vez que quem está naquela fase quase nunca consegue enxergá-las. Diria pra sempre dar mais importância à ideia do que a correção. Diria que às vezes as palavras precisam atropelar-se para traduzir uma cachoeira ou uma tempestade.
Um projeto. Um livro que não existe.
O projeto é o que estou iniciando. Escrever sobre a Ilha do Mel e todas as lembranças de pessoas, bichos, momentos inesquecíveis, causos. Aproveitar pra voltar nos terrenos de delícias e dores durante fases diferentes da vida (tanto da minha quanto da vida da Ilha).
E a última pergunta…
Deixou a mais difícil para o final, pelo menos pra mim. Olha, acho que se procurar bem tudo já foi escrito, mas depois de ter lido “A vida secreta das árvores” gostaria de ler uma linda história de amor entre uma planta e um ser humano.