Horacio Luján Martínez é doutor em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Tento ouvir música legal, descontraída, porque sei que o dia será longo. Um café, pão de queijo e vinis.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Anos atrás acordava cedo para trabalhar, hoje prefiro ficar na madrugada, rende mais.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Leio e escrevo todo dia. Mesmo que esteja ciente de que o que estou escrevendo não presta. Escrever é trabalho braçal, se fica esperando as musas, está frito.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu sempre vou fazendo anotações enquanto leio, mesmo que dessa escrita compulsiva só reste pouco, sou da ideia que os erros devem ser levados a cabo, do contrário voltam quando menos se espera.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Trabalhos coletivos, eu não pego mais. É uma fria. Ter prazo de meses é bom, porque você vai pensando aos poucos, tendo ideias, deixando ideias de lado. O melhor modo de lidar com a folha em branco é começar a fazer um resumo de um livro que você gosta. Aos poucos, você começa a fazer anotações pessoais. Também é bom pegar um livro que não tem nada a ver. Areja o côco.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Depende dos prazos, depende do projeto. Textos acadêmicos, depende de ter a certeza de que alguém vai ler. Sim, tenho amigos com os quais compartilhamos textos.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
De preferência papel e caneta. Mas computador também. Não é algo que modifique o processo.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Ler coisas diferentes, assistir documentários sobre coisas que não sei se vou gostar. Sair da zona de conforto.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Olha, sinceramente, não sei como escrevi tanto… não quero saber nada com uma experiência desse tipo. Acho que era jovem. Passar quatro anos lendo sobre o mesmo tema, escrevendo e sempre se sentindo uma bosta. Já estou velho para isso.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho alguns planos exigentes, mas reais. Só sei que preciso – ou eu quero que seja assim – uma maturidade na escrita que ainda não tenho. É só seguir trabalhando, eu gosto de esperar acontecer o que planejo.