Helena Gomes é jornalista, revisora e escritora, quatro vezes finalista do Prêmio Jabuti.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Ah, começo sempre com sono! Sou uma criatura noturna, daí encarar a manhã é algo que, quando possível, vou adiar ao máximo com aqueles minutinhos a mais de sono. Minha rotina tem início com as tarefas domésticas, o que, para uma péssima dona de casa como eu, costuma ser uma tortura! (risos)
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Prefiro trabalhar à tarde e à noite, às vezes durante a madrugada. Não sigo nenhum ritual de preparação. Simplesmente ligo o notebook e começo a escrever.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não, não tenho meta de escrita diária, mas às vezes surgem prazos a serem cumpridos, o que faz com que eu escreva todos os dias. Sim, lido com períodos concentrados de produção, principalmente quando estou bastante envolvida com um projeto a ponto de pensar nele o tempo quase todo. É, pode ser bem intenso! (risos)
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não sou tão organizada quanto gostaria. As ideias surgem, anoto para não esquecer, mas nem sempre elas estão ligadas ao mesmo projeto. Pode ser bem aleatório mesmo. Quanto à pesquisa, ela é necessária tanto antes de começar a escrever quanto durante o processo. Claro que depende da história, pois algumas exigem mais pesquisas do que outras. E esse movimento, pesquisa-escrita, é de via dupla, pois se tem também a escrita-pesquisa, ou seja, ir atrás de informações quando surge a necessidade delas numa história. Não preciso compilar as notas antes para começar, sabe. As coisas só vão acontecendo, juntas e misturadas.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Espero passar esses momentos complicados. Vejo, então, filmes e séries, leio bastante, faço caminhadas, enfim, procuro descansar a minha mente.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Nunca contei quantas revisões costumo fazer. Faço várias durante o processo de escrita, logo que o projeto termina, novamente após algum tempo deixando o texto descansar, antes de enviar para alguma editora e ainda quando passa pela revisão da editora, para ver as mudanças. Nem sempre tenho para quem mostrar meus textos antes.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Prefiro trabalhar no computador. Quando ele não está por perto, vale anotar até em guardanapo para não perder a ideia.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Não sei de onde as ideias surgem. Gosto bastante de filmes, séries, HQs, livros, animes e desenhos animados, o que me abastece com muitas referências da cultura nerd. Não sei se isso chega a formar um conjunto de hábitos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Nossa maneira de escrever amadurece conosco, com aprendizados e visões de mundo diferentes que adquirimos com a vivência. Claro que isso se reflete nas minhas histórias. E, como todo mundo, também mudaria algumas coisas nos meus primeiros textos, embora eles espelhem quem eu era na época em que foram escritos.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho vários projetos aqui que ainda não comecei a escrever. Não sei se vão acontecer de fato, então ainda não posso falar sobre eles. Quanto ao livro que eu gostaria de ler… Uma aventura leve e divertida com elementos sobrenaturais e cenário brasileiro. Livros assim existem, só que ainda não tive a oportunidade de ler.