Grazielly Alessandra Baggenstoss é professora da Faculdade de Direito da UFSC.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Depois de alguns alarmes na função soneca do meu celular, começo meu dia preparando o desjejum, que, geralmente, é composto por mingau de aveia, frutas, café ou chá. Desde que me tornei vegetariana, adotei essa alimentação, que aprendi com uma amiga vegana. Tento, ainda, resistir ao hábito de verificar mensagens logo na primeira hora, a fim de poder me concentrar no roteiro das atividades do dia, iniciando-o de forma mais leve.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Meu rendimento de qualquer atividade de trabalho é maior pela manhã e pela noite. Para conseguir escrever com fluidez e concentração, preciso contar com um espaço que me possibilidade uma boa postura e colocar livros e documentos espalhados.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Pela ausência de rotina fixa nos meus dias, minha escrita é concentrada: chego a escrever por 4 a 5 horas ininterruptas. Mas não tenho meta de escrita diária.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Respeito muito insights e sempre estou aberta para fazer correlações entre categorias teóricas e fenômenos. Assim, meu processo de escrita se inicia com uma estrutura do que pretendo escrever, pois preciso observar analiticamente o que pretendo construir. Após, se necessário, busco as fontes para fortalecer a argumentação.
Depois de iniciado o escrito, sinto o compromisso de finalizá-lo. Contudo, diante de atividades não previstas, algumas vezes já deixei artigos inacabados e a retomada foi um pouco dificultosa.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
A minha maior trava é a ausência de tempo e o cansaço. A ausência de tempo e atividades que se atravessam na rotina me impedem de continuar um trabalho e o cansaço, de retomá-lo. Mas este último não seria bem uma trava, mas um alerta para, de fato, descansar.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não tenho muita paciência na revisão, pois já a faço constantemente no desenvolvimento da escrita. Ao final, reviso-o uma vez. Não costumo mostrar para outras pessoas.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Meus escritos são no computador, já na formatação do artigo (ou outro necessário).
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Busco manter distância do formalismo do Direito e estar aberta à compreensão do ser humano de si e de seu entorno – isso em vários ambientes. Isso me propicia transitar por vários lugares sem (muitas) amarras mentais – tendo em vista que as nossas maiores limitações estão em nossa mente, esse trânsito livre me favorece bastante na formação de novas ideias.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Os escritos não acadêmicos, anteriores à tese, eram pautados por muitas questões valorativas. O que mudaria seria analisar melhor os prismas.
Sobre a tese, eu fui muito melhor do que estou sendo hoje no que se refere à escrita, mas às custas de saúde e relações familiares e sociais. Assim, diria para ir com mais calma.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Não posso desejar outro livro, mesmo não existente, se ainda não consegui ler todos os que tenho.