Emir Suaiden é professor titular da Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Leio os jornais diariamente antes de tomar café. Às vezes seleciono temas para escrever posteriormente.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
O período das 9h às 12h é o período que dedico para escrever, logo após tomar café e tomar banho. O ritual é sempre procurar um local adequado, clima adequado e silêncio total.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta diária. Dou prioridade para escrever quando tenho que entregar os originais para o editor ou preparar uma conferência.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A primeira parte é o que chamo revisão bibliográfica para entender o que outros escritores falaram sobre o tema. Em seguida seleciono as palavras chaves. Muitas vezes pesquiso no blog de quem já tem fundamentação teórica sobre o tema. Na introdução procuro dar uma visão geral sobre o que estou escrevendo. Muitas vezes depois de elaborar o texto é que procuro um título adequado.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Sempre que encontro problema no desenvolvimento do texto paro para repensar, consulto amigos e tento antever o impacto que a publicação terá quando o livro for lançado. A certeza de êxito não existe, temos que trabalhar com muita qualidade.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Faço uma revisão permanente de cada capítulo. Observo atentamente o desenvolvimento lógico do texto e sempre mostro para dois ou três amigos, além de ficar atento aos comentários da editora.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo diretamente no computador utilizando todos os benefícios da tecnologia.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
As ideias surgem da minha capacidade de observação crítica da sociedade e, principalmente, das minhas leituras e reflexões.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de sua tese?
O que realmente mudou foi o desenvolvimento da sociedade. Nas primeiras publicações eu só utilizava da revolução de Guttemberg. Hoje a revolução tecnológica te apresenta as facilidades em ter acesso às bibliotecas, aos livros, à internet, às bases de dados, o que facilita enormemente ter livre acesso à produção editorial.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O projeto dos meus sonhos é a montagem de um laboratório sobre a leitura e seu impacto na sociedade. Demonstrando a necessidade da formação de um publico leitor a partir do ensino fundamental. Todas as grandes inovações trazem no seu bojo a questão das desigualdades sociais. Quando Gutemberg inventou a imprensa, começaram as preocupações com os analfabetos e iletrados. A revolução tecnológica, apesar dos inquestionáveis benefícios nos traz a questão dos excluídos digitalmente. Somente uma política pública dando prioridade para o livro e a biblioteca é que poderá diminuir essas desigualdades sociais.