Emília Vitória da Silva é doutora em Ciências da Saúde e professora adjunta da Faculdade de Ceilândia da Universidade de Brasília (FCE/UnB).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Quando me proponho a trabalhar em algum artigo ou mesmo correção de um manuscrito – TCC, artigo de aluno, ou livro – procuro acordar cedo, tomar um café e me alimentar normalmente. Ou seja, antes de iniciar o meu trabalho, tenho que fazer um desjejum. Algumas vezes, faço uma atividade física, como caminhada ou mesmo academia ou yoga.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Para mim, a melhor hora para trabalhar intelectualmente é entre o final da tarde e a meia-noite; é claro que, para eu ter bom rendimento neste horário, preciso estar descansada. Outro período em que produzo bem é pela manhã. À tarde, meu rendimento é ruim.
Quanto ao ritual para a escrita, preciso estar com a mente descansada, ter um ambiente confortável – cadeira, mesa, computador, etc. – e em silêncio e com iluminação adequada, nem muita nem pouca.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta de escrita diária, mas procuro produzir um pouco todo dia. Em algumas circunstâncias, quando tenho que cumprir prazos, eu me dedico mais horas – de forma concentrada – a um trabalho; mas no meu normal, e na minha preferência, é escrever um pouco a cada dia.
Tem uma coisa que aprendi a que incorporo no meu processo de trabalho que são os micro-prazos. Quando tenho um trabalho extenso para fazer, como um artigo para escrever ou uma tese, estabeleço pequenos prazos para mim, nos quais procuro cumprir metas exequíveis. Por exemplo, no caso de uma tese, ou projeto de pesquisa, em dois ou três dias de trabalho, procuro fechar o “método”; depois de isso concluído, passo para o cronograma, com prazo já estabelecido, e assim por diante.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Preciso sempre ter um referencial teórico para escrever. Se não o tenho, busco informações em livros e artigos, por meio de leitura. Depois desse processo, tento esquematizar o roteiro do texto que vou escrever na mente; algumas vezes, faço esse esquema por escrito.
Partindo desse esquema escrito, vou acrescentando os conteúdos. Às vezes compilando partes de textos que li, às vezes fruto de um brainstorm. De qualquer forma, sempre reviso o texto e posso alterar a sequência conforme a minha percepção no momento.
Enfim, para mim, o exercício da escrita é muito sofrido, pois quase sempre estou insatisfeita com o que produzo. Vou acrescentando novo conteúdo, mudando a sequência do texto, trocando palavras, etc. até chegar num texto que acho razoável.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quando eu me canso de um texto, quando vejo que não consigo sair de onde estou, dou um tempo de descanso para mim e para minha mente.
Depois de um tempo, pego novamente e continuo o trabalho.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Leio e releio o meu texto várias vezes antes de achar que está pronto.
Quanto a mostrar para outra pessoa, sim, gosto de fazê-lo, mas só para pessoas em quem confio e que acho que vai contribuir para o meu trabalho.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Uso sempre o computador e o acesso à internet. Poucas vezes leio os textos em papel, quase sempre no computador.
Só não tenho muita habilidade com estes editores simultâneos, como o Google Drive, mas gostaria de saber usá-los.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Acho a leitura o hábito essencial para quem quer escrever e ter ideias. A minha maior experiência é com textos técnicos; por isso, procuro estar sempre atualizada nos tópicos de interesse da minha profissão e do meu trabalho.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Aprendi muito durante o meu doutorado. Inclusive, essa disciplina que tenho hoje, foi fruto daquele processo.
Não sinto que o meu método tenha mudado desse tempo para cá. Só tenho a percepção que o meu processo de leitura e escrita, portanto, da produção do texto, é muito lento; gostaria de ser mais ágil.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho vários livros que gostaria de ler e não o faço por falta de tempo; tenho bastante interesse por literatura e livros de história.
Sobre um projeto que ainda não comecei é a escrita de um livro em que gostaria de mesclar a minha memória afetiva, dos casos que sempre ouvi nos relatos dos meu parentes mais velhos, com ficção e, com isso, contar um pouco da história da minha família.
Poderia ser um livro de contos ou crônicas também. Quem sabe um dia?