Elisa Pereira é poeta e escritora, autora de “Memórias da Pele” (Chiado Books, 2018) e “Sem Fantasia” (Venas Abiertas, 2020).

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sou assistente administrativo em uma ONG, ainda em tempo integral, então minha rotina não começa com literatura. Eu tomo banho e uma boa xícara de café preto para acordar e enfrentar o dia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Penso que trabalho melhor, ou seja, rendo mais no que eu proponho a realizar no período da tarde e a noite. Fico bem inspirada também durante as madrugadas. Ainda não tenho nenhum ritual de preparação para escrita. Ela acontece dentro de mim enquanto eu preparo o café, lavo a louça, respondo o email da minha chefe, penso no que vou cozinhar para o almoço e nasce um verso.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo em períodos concentrados. Já tive metas, meu último livro saiu depois de um compromisso comigo mesma de escrever um conto por dia.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu publiquei dois livros, um de poesia, Memórias da Pele e um de contos Sem Fantasia, foram processos desenvolvidos dentro do conceito que a escritora Conceição Evaristo, cunhou de escrevivência, são narrativas baseadas nas minhas próprias vivências. Mas acredito que a escrita passa por fases, e a fase da pesquisa está chegando.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Ao menos na escrita eu ainda sou minha própria chefe, então não sofro nenhum tipo de pressão para terminar um trabalho. Eu mesma crio minhas expectativas e também me frustro muitas vezes, mas penso que faz parte. Sou bastante ansiosa e não gosto de projetos longos demais.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso dezenas de vezes, sempre mostro para no mínimo uma 05 ou 06 pessoas de diversos seguimentos, mostro para um amigo que é professor de português, para outro que escreve bem, para outro que é viciado em leitura, para outro que me conhece há muito tempo…enfim, gosto de obter opiniões variadas.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Até hoje sempre à mão. Meu último livro está todo rascunhado em um caderno de capa dura. Me sinto melhor assim. Talvez possa mudar com o tempo, vamos ver.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Eu vejo filmes, séries, ultimamente tenho assistido muitas “ aulas” no youtube de muitos filósofos, sociólogos, mestres da literatura, escuto muita música, enfim, mas continuo apostando na leitura, leio bastante, e gostaria de ler mais.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acho que antes eu escrevia muito por escrever, sem um compromisso com o “ outro”. Escrevia para mim. Hoje penso que escrevo para ser lida, e isso muda muita nossa postura como escritor.
Diria a mim mesma: Você pode!
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero “ parir “ um projeto que é uma mistura de música digital e poesia.
O que pretendo escrever em 2021.