Eliane Pantoja Vaidya é escritora, mestra em Física de Partículas pela UFRJ.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Hoje começo o meu dia agradecendo a José Nunes de Cerqueira Neto a gentileza do convite para o site “Como eu Escrevo”. Começo me definindo como leitora. Escritora, não sei. Não me sinto. Sei de excelentes romancistas que se sentiam uma fraude, internacionais e nacionais. Escritores de peso que escreveram romances lindos. Que não é o meu caso.
A minha rotina é mais ou menos assim: enquanto tomo café já ligo o computador para começar a ver as poesias que vou compartilhar. Agora costumo ficar umas duas ou três horas. No ano passado ficava às vezes de oito a dez horas vendo as postagens, respondendo e selecionando.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Nenhum ritual. Infelizmente no meu caso as poesias costumam vir de madrugada as duas ou três horas. Quando leio muita poesia durante o dia a cabeça não desliga, se consigo eu anoto a poesia, se estou muito cansada ai fico com preguiça e no dia seguinte não lembro de uma linha.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Prefiro em períodos concentrados. Tenho metas de contos e romances que quero escrever. A poesia é na hora.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Se é para fazer uma pesquisa, aí demoro mais, pois quero ler tudo o que for possível para o assunto. Gosto de dar palestras. Por exemplo uma delas, sobre Garcia Lorca de 1:30 minutos. Eu li toda a obra poética dele e toda a obra teatral. Todos os filmes possíveis.
Outro exemplo: durante dois anos estudei e li tudo sobre Rimbaud para um trabalho.
Assim quando o assunto exige pesquisa, acho que pego pesado no trabalho. Mas um romance não gosto de premeditar. Quero descobrir o que pode me dar cada personagem. Se for seguir um esquema perco o interesse em escrever. Escrevo para descobrir coisas sobre mim, sobre os outros e sobre o mundo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Ah, isto é realmente fogo. Meu primeiro impulso é sempre ler. Por isso me defino como leitora, não como escritora. Quanto a corresponder às expectativas, não me preocupo com isso. Escrevo o que posso, muito baseado no mundo que eu vivo. E é só isso.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Revisar textos? Meu Zeus dos céus! Zilhões de vezes. E sempre tem uma frase que pode melhorar. Há textos que ficavam em suspenso em minha cabeça por longos anos, esperando uma solução melhor.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Antigamente à mão. Agora no Computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Não sei. Acho que as ideias estão no ar. É só a gente conseguir sintonizar.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Sim e não. O impulso primeiro é criar. O processo de criar é simplesmente divino. Compensa a vida. Ou podemos dizer que compensa a morte. Não pelo fato de que no fundo tudo continua o mesmo. Primeiro a ideia. O impulso Criador e depois trabalho e mais trabalho, muito trabalho.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Atualmente tenho umas três preocupações e metas: Publicar dois livros de contos já prontos. Tentar publicar as peças que fiz, tenho quatro ao todo. Publicar um livro infantil, já pronto.