Danilo Barbosa é escritor e editor da Rico Editora.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho uma rotina. Vou sempre levando de acordo com a minha pauta. Como, além de escrever, tenho de editar textos de outros autores, vou fazendo conforme o nível de urgência e inspiração. Algumas vezes as ideias dos meus textos, as metas daquele dia, estão em estado embrionário, então espero o insight certo. Eles podem vir de qualquer lugar, basta estar aberto e preparado para isso.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Por incrível que pareça, depende da obra e do estado dela. Já tive obras que fluíram melhor a noite, outras logo pela manhã. A minha escrita atual flui no final da tarde, quando o sol está se pondo e os sons da vida externa começam a diminuir, mas não sumir totalmente (como moro no Centro da minha cidade – Ribeirão Preto, isso é bem nítido). É quando também os clientes começam a diminuir as chamadas… (risos) De um modo meio lírico, eu digo que é a hora que as minhas histórias voltam para casa, depois de correrem o mundo buscando inspiração.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu escrevo nos momentos que consigo um tempo. Sou bem demorado na escrita, uma média de 2h para 3,4 páginas, porque procuro encontrar as palavras certas. Quando estou em períodos mais tranquilos, faço a meta de mil palavras / dia. Tem dias que fujo às metas, deixo a trama fluir.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Sou muito fluído, instintivo. Sei como a história começa e vai terminar. Em caso de dúvida, deixo anotados os pontos mais fortes da trama, e vou fazendo o laço que as une, os momentos de transição.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não me cobro, tento distrair, ler e ver série. Trabalhar com outros textos também ajuda, pois podem ter dar o insight para voltar a escrita. O medo já não tenho… Sempre terão pessoas que amarão e odiarão sua obra. Nada agrada a todos.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu vou fazendo durante a escrita e depois tenho uma copidesque e a equipe de betas, que vão dando opiniões sobre a história e coisas que podem ser melhoradas. Tenho sempre esse cuidado antes de subir minhas histórias no mundo virtual e, posteriormente, impresso.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Direto no computador. É mais fácil de ir editando… E sempre salvo em nuvem para não ter risco de perder as coisas.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Dos lugares mais diversos, sou influenciado pelo mundo à minha volta. As vezes ela demora dias para tomar forma, mas nunca me deixa… Para manter a mente afiada, eu sempre fico atento a joguinhos onde minha lógica e raciocínio são aguçados. Além disso, leio demais. Não há um dia que deixe de praticar esse hábito. Só faço gêneros diferentes daquilo que estou escrevendo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Muito, mudei demais. Encontrei a minha voz literária, o que gosto de escrever, e como. Se pudesse falar com o Danilo antigo, diria para nunca ter medo de ousar, de colocar a voz, nunca parar de escrever e aprender, pois isso te levará longe, se quiser.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Um terror ou um romance de época, são dois gêneros que gosto de ler. Não sei se tem algum livro que eu gostaria de ler ainda não escrito… Talvez eu o faça, né? Se eu te contar, vai que alguém o faz.