Danielle Fonseca é artista visual e escritora.

Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Nesse tempo, em que a pandemia, nos força a ficar trabalhando em casa, tenho dedicado mais tempo a escrita, mas ainda não consigo fazer disso uma rotina. Não lido bem com muitos projetos ao mesmo tempo. Agora estou me dedicando a publicação do primeiro livro, dando um break nas artes visuais.
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
Estou publicando meu primeiro livro até março, e retirar as palavras da gaveta para fazer, finalmente o livro, me fez planejar tudo, como bem fazem os do signo de capricórnio, não consegui deixar fluir dessa vez (risos). O mais difícil pra mim é sem dúvidas a última frase, assim como foi escolher o último poema pro livro, também, dificílimo.
Você segue uma rotina quando está escrevendo um livro? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para escrever?
Não tenho uma rotina, principalmente ultimamente, tenho escrito pela manhã e a tarde, às vezes. Lido bem com o silêncio, mas não necessariamente preciso estar num ambiente totalmente isolado para escrever, um dos textos que mais gosto fiz exatamente na arquibancada da Sapucaí, em pleno carnaval. Silenciosa já sou por natureza.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? O que você faz quando se sente travada?
Quando acontece de me sentir travada tanto com a escrita, quanto com as artes, tento mudar o fluxo do pensamento, e partir pra meditação, ver filmes de surf, etc. Sempre ajudam.
Qual dos seus textos deu mais trabalho para ser escrito? E qual você mais se orgulha de ter feito?
Os textos que mais gosto e mais me dão trabalho são os de poesia visual e concreta. Me orgulho, às vezes das prosas que escrevo, geralmente sobre assuntos variados, o último misturei Aracy de Almeida, Audre Lorde e Eillen Myles, gostei bastante do resultado.
Como você escolhe os temas para seus livros? Você mantém uma leitora ideal em mente enquanto escreve?
Não chego a escolher os temas, mas percebo que meus textos tem muito de música, visualidade, mas que são de minhas principais referências. Não mantenho a leitora ideal, imagino as vezes as dúvidas e curiosidades que possam surgir durante a leitura, tento tornar mais divertido esse processo, mas não menos sério.
Em que ponto você se sente à vontade para mostrar seus rascunhos para outras pessoas? Quem são as primeiras pessoas a ler seus manuscritos antes de eles seguirem para publicação?
Mostro quando já revisei algumas vezes, e tendo a certeza que ainda mudarei um pouco. Mostro geralmente para minhas irmãs, que são excelentes leitoras e críticas das melhores, mostro muito à artista visual Keyla Sobral, que também escreve e tem uma leitura muito apurada. A curadora e escritora Marisa Mokarzel também recebe meus textos, ela inclusive fará a apresentação do meu livro por vir.
Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita? O que você gostaria de ter ouvido quando começou e ninguém te contou?
Ainda não considero que me dedico integralmente à escrita, mas essa decisão é um sonho que vem desde a adolescência. Gostaria de ter ouvido o quanto é trabalhoso o caminho da página até à gráfica, quantas revisões eu teria que passar antes (risos).
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Alguma autora influenciou você mais do que outras?
Fui desenvolvendo meu estilo ao longo de muitos anos, muita leitura até perceber isso, e treino, trabalho. Gertrude Stein e Ana Cristina Cesar me influenciaram bastante, além dos poetas concretos Augusto, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.
Que livro você mais tem recomendado para as outras pessoas?
Tenho recomendado todos da Eillen Myles, da Audre Lorde, Estou lendo “Caminhando contra o vento” da escritora Igiaba Scego.