Daniel Manzoni é escritor, professor e pesquisador.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu sou professor universitário. Minha rotina sempre começa com a cabeça nas aulas que tenho que dar naquele dia, naquela semana, nas reuniões que estão por vir, nos trabalhos de orientação que tenho que ler e discutir com os estudantes na área que pesquisamos, que é de educação e ensino de ciências. Há dias da semana em que minha rotina começa por aula, noutros, começa pelo trabalho da leitura das demandas de pesquisa. Há coisas naturais do dia a dia que roubam tempo da literatura, que é o trabalho doméstico de manter e se manter em ordem (ando vendo com outros olhos esse tempo e espaço com um prazer que venho descobrindo). Porém, todos eles começam por uma xícara de café, seguidos pelo percurso de metrô até a universidade lendo algum livro de literatura, espremido entre as centenas de passageiros nos vagões do metrô de São Paulo. O percurso da minha casa até a universidade não é longo. Consigo ter esse privilegio de morar em São Paulo e trabalhar perto do local de trabalho, mas não significa que seja leve. Talvez nos dias mais pesados a leitura de literatura me ajude nesse percurso. A manhã me é muito esquisita.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sinto que trabalho melhor às tardes, entre 14 h e 18 horas, são essas horas em que sinto mais concentração e consigo escrever com mais fluência. Pela manhã sinto muito sono e é um período em que fico muito reflexivo, questionador, além de ter que fazer trabalhos mais automáticos. Nos últimos anos passei a usar esse período, que anteriormente me era muito doloroso psicologicamente, para me ser frutífero para escrever. Se pelas manhãs me sinto mais lento, mais inconstante, então, me é importante para pensar de forma livre, deixar as ideias virem, concatenar outras, ou não pensar em nenhuma delas, mas fazer coisas mais executivas. À noite gosto de ler, principalmente antes de dormir. Como a rotina na universidade consome grande parte do meu dia e as manhãs me são claras demais, principalmente sobre pensar, tive que aprender a me organizar. Assim, há um dia da semana na universidade geralmente às terças-feiras, que pela manhã e tarde trabalho com as pesquisas de lá e só dou aula à noite, deixei para as produções técnicas das pesquisas que faço em educação e ensino de ciências; as sextas-feiras, o dia que não estou na universidade que trabalho, deixei para pesquisas e escrita de literatura e teoria literária. Toda essa organização me foi muito importante para conseguir concretizar as ideias em forma de textos. Considero que assim nasceu um ritual interno: os meus textos começam a ser construídos de forma muito executiva, gerenciais na minha cabeça ou no meu caderno de anotação, passam pela etapa de escorrer da minha cabeça para as pontas dos dedos no teclado de forma muito rápida e concentrada e em uma terceira etapa, na minha primeira leitura, vão ganhando tempero.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Há dias que escrevo mais que outros devido à organização da minha rotina como mencionei. Nos outros dias, os textos que são escritos são pequenos, derivados das leituras. Considero como anotações no meu caderno. Algumas são três ou quatro linhas, outras uma ou duas páginas. O meu caderno de anotações faz um papel importante na minha rotina: ele me lembra que preciso dialogar todos os dias por meio das palavras escritas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Meu processo de escrita é muito difícil porque sou bem inseguro. Inseguro porque não quero ter que agradar ninguém além de mim, com o que eu quero dizer e na forma como eu quero dizer. Porém, vivo em um mundo com outras pessoas e preciso fazer o exercício da adequação (risos). Como a escrita, apresentação de escritos, faz parte intrínseca do meu trabalho como pesquisador as pessoas esperam muito do que será produzo. Ainda tenho muita insegurança quanto ao meu estilo de escrita. Na escrita acadêmica é exigida uma distância entre você e o objeto de escrita. Eu não acredito mais nessa distância. Muitas vezes meus textos técnicos foram bem carregados de adjetivação o que me rendeu críticas muito virulentas. Estou começando a me desprender da lógica do texto acadêmico e desenvolver meu estilo de escrita. O que significa entrar em desafios grandes e muitas vezes lidar com rejeição, críticas e mais insegurança. Por outro lado, esse exercício me ajuda muita a ganhar potência interna. O segundo doutorado que decidi fazer, em teoria literária, tem me ajudado a exercitar e criar essa minha forma de expressão. No mar de notas e escrita fragmentada acabo ficando bem angustiado em como ligar tudo que li de uma maneira inteligível. Ser lido e ser entendido me é uma preocupação muito grande. Resquícios do processo de formação acadêmica, cada dia mais tenho valorizado isso. Sou muito sintético e direto para dizer coisas na escrita. Às vezes uma anotação de uma página pode virar uma frase em meio a outras citações, o que causa certo incômodo no meio da academia em humanidades. Como disse: é um processo bem complexo. Acho que meu companheiro é um herói de estar comigo e conseguir conviver com uma pessoa em um processo de criatividade assim constante.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
É muito angustiante. Ainda não sabemos lidar com as diferenças dos sujeitos. Principalmente na escrita. As pessoas escrevem de forma, com estilos diferentes. Há sujeitos que têm um tema complexo em mãos e o resolvem em oitocentas páginas. Já outros podem conseguir fazer uma discussão em cem páginas. O número de páginas ou referências lidas e citadas não quer dizer nada sobre o trabalho, mas a qualidade da discussão. Talvez o texto de cem páginas possa despertar uma discussão mais profunda, um debate mais significativo que o de oitocentas. O que vejo de importante é como o sujeito se expressa diante de um problema. Como já mencionei o meu grande desafio é me desprender do que o Outro pensa e estar preocupado em estar confortável dizendo aquilo, e apenas isso, que eu quero dizer.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Sou um pouco anarquista com isso (risos). Explico. Por exemplo, meu primeiro romance “Uma crônica sobre a pergunta” publiquei sem qualquer revisão. Fiz a publicação do texto cru. O fundo da história do romance falava sobre a superação do preconceito pela perfeição no mundo acadêmico. Conto a história de um jovem marcado profundamente pelo preconceito que vê no mundo acadêmico, pela ciência, pelo conhecimento uma forma de superar o preconceito. Quando se depara com as relações estabelecidas com as pessoas do universo acadêmico percebe que o conhecimento pode ser inócuo quando diante de uma sociedade impenetrável, constituída por símbolos de status, violência e exclusão. O que eu queria mostrar é que falamos tanto em educação como forma de combate à violência, mas no Brasil ela pode ser um dos mecanismos de impulsão mais fortes para a violência, ainda mais no ensino superior, que no Brasil existe o fetiche de que deve pertencer apenas a um grupo elitizado. Qualquer tentativa de permitir a ascenção de uma classe subalternizada à universidade causa uma reação violenta de exclusão. Alguns podem ser aceitos, mas se falarem a mesma “língua” da elite. Então, trouxe a discussão na forma física do livro: como seria a reação dos leitores ao se depararem com um livro falando sobre o universo acadêmico, homossexualidade, elite, escrito por um professor universitário e ainda sem o “cuidado da limpeza” pela revisão. Novamente eu tentando buscar minha própria voz pela escrita e me descolando a opinião alheia para conseguir trabalhar. Claro que as primeiras críticas foram sobre a revisão, que haviam frases mal construídas, falta de revisão etc. Era o que eu esperava: a discussão do perfeito pelo imperfeito. Eu queria um livro imperfeito falando da busca pela perfeição, queria sentir a sensação, como escritor, de ouvir que mesmo eu fazendo o apelo pela discussão de um preconceito teria uma aresta, no caso ali, a norma culta da língua. O que é uma discussão real no campo educacional: estamos preparados para acolher as imperfeições de formação da população na universidade? Como é esse trabalho como professor? Como dar voz ao que é visto como imperfeito?
Mas é claro que ali foi um experimento. No meu segundo livro, “SetList”, passou por revisão sistêmica. Tenho pessoas de confiança que estão sempre dispostas a ler o que escrevo. Às vezes toma dezenas de versões…
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Na minha escrita tudo começa pela escrita à mão. Tenho cadernos e mais cadernos de anotações que tenho total liberdade de escrever, rabiscar, rasurar e ser ridículo. Tenho a sensação que no computador não me permito ser ridículo como posso ser no papel. No computador tenho a sensação de texto pronto. Trabalho primeiro no papel e depois vou concatenando as ideias das anotações no computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas ideias vêm de forma muito inconstante. Não há horários e nem lugares. Simplesmente elas chegam. Algumas não ficam e vão embora logo. Outras chegam e me tomam de uma maneira tão forte que quando vejo já estão estruturadas e concretizadas. Assim foi no meu primeiro romance que havia um convite por dois anos da editora para escrevê-lo, mas todas as ideias não vingavam. A ideia que escrevi a fiz em menos de um ano. No segundo livro foi a mesma coisa. Nasceu de uma forma, mas outra ideia tomou mais espaço e conclui o livro em 2018. Outra foi na segunda tese de doutorado que me propus a fazer. Tinha uma ideia que fosse um texto, um artigo que vinha amadurecendo havia algum tempo. Saí de uma situação de trabalho tão irado que quando eu me vi já estava matriculado no doutorado e agora escrevendo a tese. Mas de uma forma muito resumida, as minhas ideias vêm da revolta que sinto diante de algo. Eu só consigo pensar nessa situação. Não sou como aqueles escritores que precisam ficar isolados no campo para conseguir se inspirar e escrever. Eu nasci e moro em uma das maiores cidades do mundo, no meio do barulho, da agitação politica, social e cultural. Eu preciso desse tumulto para criar. Nessa situação as coisas vêm do cotidiano preparadas para a batalha. Recebo-as e viram revoltas. Acho que tudo que escrevo é produto de revolta.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acho que tomei a consciência, por mais angustiante que seja, que escritor é aquele que coloca palavras no papel e isso nos últimos anos me fez assumir com mais clareza, paz e compromisso que sou um escritor. Para ser escritor eu preciso escrever, tirar as palavras do corpo à força. Isso me vem dando uma sensação de liberdade que você não faz ideia, pois tenho em mente, para evitar o bloqueio, que não tenho que prestar contas a ninguém. Os leitores estão aí e minha função é escrever. Se eu tiver um leitor, ótimo. Se eu tiver milhões, ótimo também. Isso influenciou muito na minha maneira de me relacionar com a palavra. A insegurança que me brota agora, que vem com intenção de paralisar, não é se vão gostar, se o Outro vai aprovar, mas se eu vou estar confortável de dizer aquilo que estou dizendo. E se eu pudesse voltar atrás eu diria isso a mim mesmo: “estou gostando de dizer o que quero dizer?”. Perderia menos textos como já perdi.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Entre tantos projetos acadêmicos que estão em andamento estou com um livro na cabeça e lendo sobre a violência. Não a violência física, mas sobre a violência do cotidiano, que vem em palavras e esmaga os ossos como botinas de general. Tirando os escritos de Carolina Maria de Jesus não encontrei textos mais assim. Todos os outros têm potencial, mas estão presos a alguém, ou alguéns, que aprova.
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
Essa é uma pergunta boa. Eu trabalho, simultaneamente, com vários projetos diferentes. Os projetos orbitam a minha volta o tempo todo. A princípio todos estão bem organizados e estruturados, mas quando vou trabalhando com cada um deles as estruturas se movem e tomam outras formas de organização, tomam quase formas próprias que fogem ao meu controle. No fim tomo as rédeas, voltam a se organizar e consigo dar conta de cada um a seu tempo. Para mim sempre é mais difícil escrever a primeira frase, a dor de nascer. Nunca penso que estou escrevendo a última frase. Por mais diferentes que meus projetos sejam eles estão interligados que de alguma forma quando algum “acaba”, na verdade, ele se transmuta no outro e ali ele continua. Considero como um ciclo, tipo um ciclo da natureza. Está aí a minha interpretação, como biólogo, do meu processo criativo: tudo é orgânico.
Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Para quem olha de fora e não está acostumado com uma pessoa multifacetada como eu vai achar minha vida um caos, pois acontecem projetos tão diferentes o tempo todo que as vezes é difícil para quem vê de longe acompanhar. Por exemplo, posso começar meu dia lendo e pesquisando sobre educação com o grupo de orientandos, logo a tarde já estou debruçado em pesquisa e escrita de literatura; no dia seguinte cedo já estarei envolvido na escrita de um projeto sobre gênero e sexualidade. Para quem vê de fora acha caótico, mas internamente e no meu cotidiano é tudo bem organizado. Tenho uma facilidade imensa de organização com as ideias e como trabalha-las. Tento passar isso para meus e minhas orientandas. Eu gosto de viver nesse universo multidimensional. Dessa forma, minha semana é organizada de maneira que eu tire momentos para leitura, outros para escrita de literatura, outros para leitura dos textos dos orientandos e outros para organizar as ideias que vem e vão a todo momento. Há vários projetos entrelaçados e acontecendo simultaneamente. É o que me nutri: a experiência de criar.
O que motiva você como escritor? Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita?
Isso foi desde a infância, ficou bem agudo na adolescência. Eu sempre tive uma curiosidade gigantesca que me levou a ir para a Ciência e uma vontade imensa de entender o mundo que me levou a Filosofia. Profissionalmente encontrei um lugar interessante: ser professor, um professor multicultural. A docência me permite continuar estudando sempre e colocar meu pensamento em palavras como escritor. Por isso a figura do professor é considerada perigosa. Imagina um sujeito que pensa, auxilia outros a pensar e ainda sai por aí publicando e ampliando seu pensamento pelo mundo e influenciando muitos?
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros?
Acho que a maior dificuldade de encontrar um estilo próprio de escrita, para mim, foi ser um acadêmico. Como professor me sinto livre para escrever. Como escritor me sinto livre para ser professor. Porém, como acadêmico, ainda mais acadêmico brasileiro, não me sinto livre. A burocracia acadêmica brasileira envenena qualquer criatividade e isso reflete no estilo de escrita. Ando pesquisando, em um dos meus projetos, maneiras de escrita mais livres e menos rígidas. A antropologia tem sido uma grande aliada nesse meu caminho.
Sobre os escritores ou escritoras que mais me influenciaram: é uma pergunta dificílima, pois para cada fase da minha vida tiveram algum ou alguma. Vamos lá, então, organizar por “áreas do meu desenvolvimento” como humano:
No desenvolvimento do meu imaginário como escritor: dois escritores me influenciaram diretamente. O primeiro foi Nélson Rodrigues, que me mostrou como “olhar pelo buraco da fechadura dos quartos”. O realismo como Nélson Rodrigues escreveu suas personagens, de forma direta, crua me mostraram o que tentavam me esconder. Foi com ele que entendi o mundo que me rodeava. Quando acontece alguma situação a minha volta sempre me vem uma personagem ou uma frase de Nélson para explicar; O segundo Jorge Amado, que foi um mago que me mostrou como sublimar a dor em uma história aparentemente alegre para conseguir ser lida. O universo da narrativa de Amado me ajudou como contar uma história, mesmo sangrando. Quando preciso contar alguma coisa no meu cotidiano sempre me pergunto: “Como Jorge Amado iria dizer essa história?” e tudo ganha cores, cheiros, sabores e música; E a escritora Clarice Lispector, que me mostrou a embebedar a linguagem. Leio Clarice e saio com a mesma sensação de estar embriagado. Foi com ela que aprendi que dizer sobre algo tem muitas camadas, camadas infinitas de poética. A literatura de Lispector me ajuda a refinar a dizer coisas. Para dar poesia no meu dia a dia recorro ao modo Lispector de dizer as coisas.
No meu desenvolvimento como professor: dois autores são fundamentais. Paulo Freire que com seu legado me ensinou a ser um professor ouvinte mais do que falante; e Bell Hooks, que me ensino a ser um professor que preza pela transgressão em primeiro lugar. Foi lendo Hooks que aprendi que a transgressão é o ponto fundamental no processo educativo.
No meu desenvolvimento como cidadão: um autor e duas autoras são fundamentais. O primeiro é Bertold Brecht que me ensina a entregar a intelectualidade nas mãos da classe trabalhadora, me ensina que a luta política é na prática do cotidiano. Foi com a história pessoal e intelectual de Brecht que entendi o meu papel como intelectual e que ela é prática cotidiana; a segunda autora é Hannah Arendt que aprendi a pensar o mal não como uma entidade metafisica ou subjetiva, mas palpável no dia a dia, concreta, como por exemplo, parar de pensar. Arendt nos ensina que o mal se materializa diante de nós quando paramos de pensar; a terceira é Ângela Davis que me ensinou a não ter medo da luta. Davis, com sua radicalidade, me inspira a jamais desistir.
Você poderia recomendar três livros aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles?
Vou recomendar três livros dos escritores e escritora brasileiros que influenciaram meu universo das palavras:
“A hora da estrela” da Clarice Lispector.
Gosto da narrativa da Macabéa, a personagem principal, ser a síntese do real brasileiro: ingenuamente perverso e por conta disso é massacrado pelo o outro que é mais violento.
“Tieta do Agreste” do Jorge Amado.
Para mim é o “Hamlet” brasileiro. A história da mulher humilhada que é obrigada a ir para longe da sua vida e volta anos depois para uma “vingança”. A vingança me é uma emoção muito cara.
“Vestido de noiva” do Nélson Rodrigues.
Gosto da estrutura inédita da construção que o texto trouxe na época para o teatro brasileiro em abrir a memória de uma personagem, como um açougueiro, diante do público ou do leitor.