Dani Rosolen é poeta e jornalista.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Minha rotina matinal começa com escrita, já que sou jornalista. Mas o foco é outro: empreendedorismo. Raramente me levanto pronta para escrever o que se poderia chamar de “literatura”. A menos que tenha um sonho (e que me recorde dele), posso ter a chance de iniciar a manhã escrevendo um conto ou um poema.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Escrevo contos e, principalmente, poemas à noite, quando tudo se aquieta e eu já não tenho que cumprir horários. Se há um tema em pauta, estudo o assunto, geralmente na internet, ou simplesmente deixo a inspiração aparecer e decidir que caminho devo seguir.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo em períodos concentrados. Acho ótimo quem consegue escrever um pouco por dia e estabelecer metas, mas para mim não funciona. Quando estou aberta a escrever, posso fazer dez poemas de uma só vez. Quando não estou, nem um mísero verso consigo formar.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não sou muito detalhista, principalmente, porque escrevo poemas e não vejo necessidade de ser extremamente fiel à realidade nesse contexto. Mas quando surge uma dúvida, faço pequenas consultas ao mesmo tempo em que escrevo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quando começo um poema e tenho uma mensagem formada na minha cabeça, mas não consigo transmitir a ideia para o papel (ou outro suporte), guardo pelo menos aquele insight inicial e deixo para mexer na poesia outro dia. Tem vezes que consigo voltar e me debruçar sobre o que já foi escrito. Outras, foi só um verso desperdiçado, mas acho que sempre vale a pena anotar o que vem à mente. Sobre projetos longos, das três coletâneas que participei até agora (Não Pretendia Criar Discórdia, Giostri; Eros Ex Machina, @link; e Era de Aquária, Oito e Meio), o processo foi demorado até a publicação, então acho que me acostumei. Meu livro solo, que saiu dia 6 de junho, o Incabível (Patuá) levou mais de um ano para ficar pronto. Lógico que rola ansiedade em ver meu texto publicado, mas o tempo faz com que nossas percepções amadureçam e nos dá chance de aprimorar o que escrevemos.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso a ponto de não chegar a odiar meu texto, pois tem uma hora que de tanto olhar o que escrevo, começo a pegar birra! Gosto de compartilhar meus rascunhos com outras pessoas, em especial, os amigos e integrantes do Coletivo Discórdia, do qual faço parte.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Uso o que for mais fácil. Na maioria das vezes é o bloco de notas do celular, depois passo para um arquivo do computador onde tento organizar minhas criações.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias surgem do que vivo, do que imagino e do que leio. Não tem muito para onde fugir. É observação 24/7. No “Incabível”, os poemas são baseados na minha própria história com transtornos alimentares e no que eu conheço do assunto, mesmo não tendo vivido especificamente algumas das situações que descrevo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acredito que assim como eu amadureci, minhas ideias e meus poemas também amadureceram. Se antes eu escrevia só sobre corações partidos, hoje há outros elementos nos meus textos que vão além dos que a Dani de 12 anos conseguia imaginar. Se eu pudesse me dar um conselho seria: “Acredite em si mesma”. Se eu fosse mais confiante, talvez tivesse corrido mais cedo atrás de cursos e oficinas na área, lido mais, entrado em contato antes com esse mundo. Isso, com certeza, me faria uma escritora melhor.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tem muito livro que existe e eu não li para imaginar publicações que ainda não foram produzidas. Sobre o que eu gostaria de escrever, estou estreando agora. Então, quero ir com calma!