Lucila Losito Mantovani é escritora, poeta e pesquisadora, coordenadora da residência artística Kaaysá Art Residency em Boissucanga.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não funciono bem com rotinas. De partida acho que isso fere o aspecto cíclico que estou tentando resgatar em meu corpo. Mas acho importante cumprir os pactos que faço comigo mesma. Uma coisa que tento fazer todo dia, nem se for por apenas cinco minutos, é meditar. Preciso fazer as coisas com calma. Gosto muito de silêncio. Mas meus dias são sempre muito diferentes uns dos outros, principalmente nos últimos anos, depois que me mudei para Boissucanga. Na cidade a gente não sente muito a variação do tempo, da umidade ou da luz. Morar no mato me ajudou a resgatar meu corpo enquanto natureza. Tem dias que estou boa para escrever, me concentrar, editar. Noutros estou extremamente criativa mas não muito concentrada, então apenas anoto as ideias. Isso tem muito a ver com meu ciclo menstrual. Para escrever prefiro tirar o dia porque demoro para entrar no transe da escrita. Preciso de algumas horas de silêncio, leitura, meditação, ou mesmo uma prática de yoga, um mergulho no mar ou banho de cachoeira. Algo que me faça presente. Silenciar a mente para entender o que quero dizer. Entrar dentro do corpo.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu prefiro escrever no período da manhã, com a mente fresca. Uso muito material que vem dos sonhos. Pra mim a vida é toda feita de pequenos rituais. A escrita acontece da mesma forma. Ao arrumar os espaços e objetos e silenciar a mente, consigo enfim entrar num campo protegido para me entregar à experiência de escrever, que é de pura vulnerabilidade para mim. A leitura é também fundamental. Delimitar espaços de segurança para minhas experimentações acabam garantindo que elas sejam mais livres. Percebi que a liberdade total me retrai. Não se pega impulso sem ter onde pisar, partir. Quando repetimos as mesmas ações para delimitar estes espaços ritualísticos, permitimos que coisas inesperadas aconteçam a cada nova experiência. O ritual é uma forma de criar compromisso e delimitar um espaço de tempo protegido e propício, mas que não engessa. Muito diferente da rotina, que me gera pressão e stress. Não lido bem. Quando consigo entrar no transe da escrita, é como encontrar uma fonte e deixar ela jorrar. As palavras descem pelos dedos como cachoeiras. Em outros momentos, no entanto, posso passar horas relendo e editando. Eu mudo muito os meus textos. Sou muito crítica e exigente comigo mesma. Estou aprendendo a ser mais acolhedora com minhas crias. Consigo ser também bastante racional e fria na hora de fazer cortes, jogar coisas fora, refazer. Outras vezes sou totalmente intuitiva e tenho certeza absoluta sobre as minhas escolhas.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não escrevo diariamente. Eu faço combinados comigo mesma quando preciso terminar um projeto. No dia a dia, sigo anotando minhas ideias a partir dos impulsos, quando elas aparecem. Não tem regra nenhuma pra isso. Pode acontecer no cinema a partir da cena de um filme, no meio de uma conversa com uma amiga. Dentro do banho acontece muito. É isso. Gosto quando acontece. Fazendo amor às vezes, depois que minha mente está silenciada, surgem imagens, questões, inspirações. Outras durante as meditações, praticando yoga. Viagens ativam bastante também a minha rede de criação. Conversar e ouvir as pessoas é importantíssimo. Há muita coisa sendo dita e muito pouco sendo escutado. Silenciar é um gesto de generosidade. Partir do silêncio para a escrita é um ótimo caminho para encontrar um fluxo de escrita saudável e prazeroso. Claro que existem dias em que é preciso sim ser rigorosa e determinada, apenas sentar a bunda na cadeira e editar. Entender o que falta. Para escrever um romance há toda uma engenharia. Um trabalho racional. O autor tem que estar com as rédeas ou os personagens fazem a festa. Eu diria que um bom romance/projeto tem um equilíbrio entre entrega e superação, in e yang.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu estudo processo criativo e faço acompanhamento com artistas e escritores. Desenvolvi uma forma de olhar para processos criativos junto com mais quarto amigas, na época em que formávamos um coletivo chamado Ágata. Parto deste ponto para organizar meu trabalho também. Tenho elementos que vem da minha biografia, história, então faz parte da minha pesquisa, algumas vivências, me colocar em situações. Meus personagens evoluem na medida que eu amadureço e eu também aprendo com eles. É uma troca. O outro elemento é o que talvez as pessoas chamem de pesquisa em si, as referências: livros, filmes e tudo aquilo que contamina a minha escrita. Dedico bastante tempo a isso. Entender de onde está vindo o bastão pra eu poder continuar a corrida. Entregar meu melhor ao leitor. Porque aí sei que alguém vai pegar o gancho e fazer melhor. E assim a gente vai aprendendo uns com os outros. Tem outro elemento importante que são minhas inquietações, temas, as coisas que eu preciso falar sobre, nos meus textos. Feminismo por exemplo. Integração de opostos. Retomada do corpo original ou selvagem. Encantamento. Coexistência. O ultimo elemento são os gestos. Como juntar tudo isso de uma forma muito minha. Imprimir enfim minha voz. Meu DNA. Meu jeito de juntar palavras. Meu processo passa por estes elementos, mas é muito visceral e intuitivo, alimentado sobretudo por vivencias pessoais e ambientes criativos em que vivo. Muitas vezes é difícil sentar e escrever. A vida me fascina. Eu sou uma pessoa muito social. Eu adoro pessoas. Adoro viver. Fujo muito também. Escrever é ter que lidar com verdades. Olhar elas de frente. É disso que a gente foge, não da escrita em si. Estou terminando de escrever um romance que deve sair este ano ainda pela Pólen Livros. Me movo da pesquisa para a escrita de forma muito orgânica. Estas coisas se mesclam muito pra mim. Percebo que preciso viver, mergulhar na experiência para poder escrever, por isso sou tão fã deste projeto da residência artística que coordeno em Boissucanga. Mais que um lugar para escrever, o escritor pode encontrar ali um campo fértil para pesquisa vivencial e trocas com sujeitos igualmente criativos. Estes espaços são muito importantes para nosso trabalho como escritor. Ler também é muito necessário pois amplia nosso universo de compreensão sobre o mundo e as coisas. Nos abre novos caminhos criativos.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não tenho muito problema com trava de escrita. Não enxergo desta forma. Tem épocas em que me afasto dela porque quero mergulhar nas experiências intensamente, amadurecer questões e acho isso natural. Sobre a procrastinação, para mim, normalmente é pura fuga. Acontece bastante. Escrever é ter que lidar com verdades. Olhar elas de frente. Olhar para si mesmo. Sair do lugar da vítima. Da ingenuidade. Mergulhar em coisas que doem, nos inquietam. É disso que a gente foge, não da escrita em si.
Eu me importo muito com as pessoas em geral e opiniões alheiras, portanto tenho sim medo de não corresponder às expectativas, de ser julgada ou mal entendida. Teve um tempo que queria ser aceita pelas pessoas e admirada. Hoje em dia eu escrevo porque através da escrita encontro o meu lugar no mundo. Por acreditar que as coisas que eu vivi ou aprendi podem ajudar outras pessoas a serem mais felizes, ampliarem suas visões acerca das coisas, e se colocarem no centro de suas vidas. Não estou mais tão preocupada se as pessoas vão gostar ou não, mas em ser sincera. Em passar algo que é verdadeiro, por mais que seja ficcional.
Escrever e principalmente publicar, pra mim, é uma grande responsabilidade. São palavras que vão ficar ressonando e influenciando campos e pessoas. Não acho confortável este lugar, mas acho fascinante. Gosto principalmente dos encontros e trocas que um livro pode promover, e dos aprendizados que ele nos traz. Eu tentei fazer um livro cheio de perguntas abertas que deixam brechas para reflexões. Espero que ele impulsione outras mulheres a se tornarem “sujeitos” de sua própria realidade. Foi isso que a escrita me deu. E foi também a partir dela que consegui enxergar minhas feridas. Curar meus traumas. Retomar meu corpo.
Eu estou trabalhando no meu romance há 8 anos. Por ai você pode calcular como houve fuga. Mas também houve muito amadurecimento. Não vejo a hora de publicar e passar para um projeto de mais curta duração. Quero me dedicar a poesias de impacto. As poesias que tenho feito, por fazerem parte do romance, tem um ritmo lento. Acho que as história tem suas próprias formas. A forma é inerente ao conteúdo. Tem coisa que precisa ser como um tiro, mais precisas. Outras são processos, levam tempo. Eu me coloco a serviço da história. Não controlo este tipo de coisa. Mas acho que está totalmente interligado à minha vida e às fases que estou vivendo. Quero experimentar escrever contos também. Por muito tempo eu confundi autoritarismo com força, então abri mão de muita força por não querer ser autoritária. Nos próximos trabalhos pretendo entrar com um pouco mais de força e um pouco menos constância ou fluidez.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu fui muito sortuda neste processo de me tornar uma escritora. Comecei escrevendo pra mim mesma, acordando de madrugada cheia de ideias, dores e vazios. Precisava despejar tudo aquilo, vomitar mesmo. Este foi o primeiro gesto. Era um vômito. Eu tinha escrito muitas paginas e sabia que aquilo era um romance (no fundo), mas eram sobretudo pedaços que não sabia como encaixar. Bem parecidos com meu próprio corpo. O que estava acontecendo com a escrita, estava acontecendo comigo. Meu livro faz este paralelo. Comecei a fazer pós no ISE Vera Cruz para entender o que aquele material significava. Se tinha algum valor. Eu não sou uma intelectual. Sou caipira. Não li muito na infância e muito menos na adolescência, quando me tornei yoguini e surfista. Comecei a ler depois que comecei a escrever. Foi pura ingenuidade começar logo com um romance. Mas foi também necessidade. O curso de ficção do Vera Cruz é muito bom e me ajudou a tirar um pouco do atraso. Meu deu uma grande base, recursos literários, um pouco de teoria literária e principalmente me proporcionou troca. No segundo ano, o curso promove oficinas avançadas, todos os textos produzidos são lidos e os alunos fazem criticas aos projetos uns dos outros. Foi muitas vezes analisando o texto dos meus colegas que fui entendendo como fazer o meu. A escrita passou a ser menos solitária. Depois disso eu fui selecionada para o CLIPE, programa de apoio ao escritor, pela Casa das Rosas. Participei por um ano de oficinas de escrita e trocas com outra turma incrível de poetas e escritores. Foi no CLIPE que entendi a força da poesia. Percebi que era a minha pegada. Foi no CLIPE também que me deparei com mundos ainda mais diferentes que o meu. As trocas foram riquíssimas. A vida se misturando com a literatura. No Vera era um pouco mais estruturado, me deu mais chão, trabalhei muito a edição. Foi sobre encontrar o que fazia sentido para o leitor. O CLIPE me deu fluxo, me trouxe inspiração para criar, conexão com a minha fonte criativa. Acho os dois trabalhos muito complementares. Hoje em dia sinto falta de mostrar meus textos e ouvir colegas sobre eles antes de publicá-los. Isso é muito importante. Tenho algumas parceiras de escrita que fazem este papel na minha vida, entre outras tantas coisas. Esta identificação entre mulheres é fundamental para nos tornarmos sujeito. Trocar experiências é importantíssimo para validar nossos processos e aprendizados. O acolhimento nem se fala. Não sei como vou fazer para listar o nome de todas as pessoas que agradeço neste processo. Acho que dava outro livro.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Anoto a mão as ideias mas escrevo sempre no computador e não sou muito preciosista. Eu escrevo as versões uma em cima da outra. Gravo um ou outro backup para ter um histórico, mas se dependesse de mim tudo seguiria mudando a cada leitura. Acho estranho que quando a gente publica não pode mais mexer no texto. O conhecimento pra mim é algo mutável. Mas claro, é bom colocar pontos finais. Passar para novos temas. Terminar de contar uma história. É importante que as coisas tenham começo meio e fim bem definidos, embora meu livro esteja terminando com um “início depois do fim”.
As minhas anotações faço a mão e de forma bem bagunçada em mil cadernos espalhados que eu tenho pelos cantos. As vezes folhas avulsas, guardanapo. Onde aparecer na hora que a ideia chega. Depois sou bem mais organizada. Faço mapas mentais para cruzar as ideias. Fiz roteiros para entender como encaixar os capítulos. Não sou muito tecnológica, mas sou bastante racional para algumas questões. Preciso de espaço. Colo post its na parede. Preciso enxergar as coisas de forma arbórea e não cronológica.
Agora estou perdendo meu preconceito com as redes sociais. Comecei a postar trechos de minhas poesias e vídeos também pretendo começar. Eu sinto que a tecnologia consome muita energia. Então para fazer uso dela, tem que ser de forma inteligente. Tenho experimentado uma hora por dia. Fazer os posts e depois não ficar mais olhando. Pegar de novo só a noite para responder as mensagens. Mas é importante divulgar o trabalho. Também acredito que muita gente pode ser tocada e trocas genuínas podem começar de uma curtida singela. Tenho conhecido o trabalho de gente muito bacana pelo Instagram.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Como pesquisadora de processo criativo, me instiga muito esta questão. Eu acredito que temos que criar um ambiente fértil, alimentar nossa rede de criação diariamente. Foi por conta disso que tenho trabalhando com residências artísticas nos últimos anos. Também acredito muito no encontro. No encontro entre corpos, presenças. Na retomada de uma escrita que surge da experiência e não do afastamento da realidade. As primeiras residências que organizei foram em São Paulo, com o Coletivo Ágata. O Ágata foi um marco na minha vida. Momento em que me liguei a mais quatro mulheres para discutir feminismo e processo criativo. A metodologia que criamos juntas ainda é a base dos trabalhos que faço com escritores e artistas e mesmo na forma como medio as residências. Depois participei da estruturação do projeto LAB VERDE na Amazônia, uma residência que explora as fronteiras entre arte e ciência. Liderei por duas vezes consecutivas uma residência para escritores no Pantanal com apoio do Instituto Acaia. Há dois anos, coordeno a residência Kaaysá em Boissucanga. Sempre em parceria com outras mulheres maravilhosas. Me mudei para perto da Mata Atlântica e tenho estado neste ambiente extremamente fértil desde então. Lembro de minha mãe dizendo que eu estava fugindo da vida real. Mas morar perto do mar, era sobretudo um sonho, que foi realizado. Era um anseio do meu corpo. A cidade nos domestica diariamente. Nos conduz para onde olhar, o que vestir, o que dizer, como nos encaixar. A natureza nos liberta. Nos abre caminhos. Nos mostra diariamente nosso potencial. Eu diria portanto que não cultivo hábitos para me manter criativa. Eu cultivo uma vida criativa. Em cada gesto, pequeno que seja, tento estar inteira. Fazer as coisas com presença. Quer fazer uma experiência? Pega duas uvas passas na mão. A primeira você come no automático. A segunda você sente antes de comer. Percebe o cheiro que ela tem. Segura na boca e não mastiga logo de cara. Rola ela na língua e entre seus dentes. Sente os impulsos do seu corpo. O desejo. Por ultimo morde. Só uma mordida. Aí você mergulha no sabor que ela têm. Se abrindo pra você. Pode durar apenas um segundo, mas você está mesmo ali. Só por ultimo você engole e percebe o caminho que ela faz dentro do seu corpo. Isso pra mim é cultivar a criatividade. Tentar estar cada vez mais presente. Tentar ser inteira em cada pedaço.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu comecei muito ingênua mas totalmente espontânea. Hoje acho que quero resgatar a espontaneidade e a força. A coisa de escrever romance me deu uma engessada. Fui em busca de estrutura e pesquisei e li muito. A sensação que dá é que quanto mais a gente lê, mais enxerga o quanto ainda falta pra ler. Mesmo assim acho que tenho algo único a dizer. E encontro este lugar ao me silenciar. Ao voltar às minhas origens. Foi muito interessante o caminho que meu romance me fez percorrer. Acabei me voltando a meus pais, à minha cidade natal. Ao meu corpo. Foi um renascimento para mim este processo. Se pudesse voltar no tempo eu diria a mim mesma para não ter medo. E também para não me preocupar ou me julgar tanto. Por ultimo lembraria esta autora iniciante que o futuro também está vindo na direção dela. Que as histórias também querem ser escritas. E principalmente que em seu corpo estão todas as respostas para suas dúvidas e inquietações. Diria que sinto muito orgulho dela. Muito corajosa.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu quero escrever um livro para crianças. Tenho uma amiga que tem 8 anos. Ela mora no Kaaysá, em Boissucanga também. Faz parte desta comunidade de pessoas que vivem ali. Eu leio e invento histórias pra ela. A gente deita juntas na rede e é um momento bem especial, aprendo muito com ela. Percebi que ela tem muita dificuldade em lidar com o mal, a bruxa, os monstros. Eu quero escrever uma história em que a princesa e a bruxa são a mesma personagem ou irmãs gêmeas. Que uma precisa da outra. Ela é uma menina negra e também não vejo muita princesa negra por aí. A minha vai ser.
Gostaria de ler um livro sobre um novo masculino. Um livro que mostrasse a transformação do homem assumindo sua vulnerabilidade. Um masculino tóxico sendo transformado. Você conhece algum? Meu livro fala sobre o feminino vazio em embate com o masculino tóxico mas as transformações mais evidentes acontecem com a protagonista, escritora do romance. Trabalhei muito o resgate do meu feminino neste livro, uma retomada do corpo original. Estou sentindo vontade de ler sobre isso na versão masculina. Imagino que os homens também estejam fazendo transformações ao confrontar aquilo que o mundo espera deles e o que realmente são. Eu adoraria ser transportada para este universo tão diferente do meu, mas que é feito da mesma matéria.