Claudia Lundgren é escritora, ocupa a cadeira 138 da Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil, cadeira 50 da Academia Independente de Letras e é Membro Efetivo da Sociedade dos Poetas Aldravianistas.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Acordo muito cedo, por volta das 6h da manhã, sou Educadora Infantil em período integral. Essa parte do dia para mim é bem corrida. Acordo, agradeço a Deus pelo dom da vida, levanto, bebo uma garrafa de 500 ml de água, respondo algumas mensagens pendentes, tomo banho, me arrumo e vou trabalhar. Essa é a minha rotina matinal.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Durante o dia trabalho, e a noite, escrevo. Não tenho ritual de preparação para a escrita, simplesmente penso em algo que me inspire, e o escrito surge.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Geralmente, escrevo um pouco todas as noites. Há alguns anos atrás, eu tinha uma meta: conseguir escrever um poema por dia. Hoje, escrevo até mais de um. O meu maior incentivo para a escrita constante é o leitor, e o trabalho nas Academias de Letras, que me levam a produção diária da arte poética.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Escrevo principalmente baseada no intimismo, no sentimentalismo, inspirada na literatura ultrarromântica. Ora baseio-me em minhas próprias vivências, ora crio estórias. Geralmente não agrego dados para iniciar um escrito. Ele surge naturalmente. Quando escrevo uma releitura de algum poema, aí sim, analiso os pormenores, as ideias principais do autor, a fim de escrever a minha “versão”.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Em relação às travas da escrita, todos os escritores já experimentaram. Dias em que as coisas não fluem. Não há muito a fazer nesses momentos, confesso que angustia, mas sabemos que mais cedo ou mais tarde, quando menos esperamos, a inspiração retorna. Realmente, temos essa preocupação de agradar o leitor, e dar a eles o nosso melhor, dentro do nosso próprio estilo de escrita, sem perdermos a identidade. Durante os projetos longos, realmente a ansiedade é enorme, são dias e noites de dedicação, as vezes o sono não vem. Mas tudo vale muito a pena.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Na verdade, meu livro fui eu mesma que revisei. A editora pedia para que eu lesse o texto e assinalasse os erros, para que se fizessem as devidas correções. Foram muitas, muitas vezes que o texto retornou para eu revisar, e eu sempre encontrava, a cada releitura, pequenos erros: um ponto final que eu havia esquecido, um acento etc. Não mostrei a ninguém antes de publicá-lo, exceto para a editora.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
A tecnologia tem um papel importantíssimo para mim, não tenho computador, nem notebook, para mim o celular é minha principal ferramenta de trabalho. Nele, escrevo os originais dos meus livros, arquivo textos, produzo vídeos com leitura de poemas e imagens e outros. Escrevo meus rascunhos diretamente nas notas do celular.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias vêm de reflexões, situações vividas ou mesmo criadas. Não costumo cultivar qualquer hábito.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Com o passar dos tempos, ao olhar para trás, pude observar que meus escritos amadureceram muito. Li, e consequentemente, aprendi muito mais, técnicas, vocabulário. Eu diria que o tempo é mestre, e quanto mais ele passa, mais nos aprimoramos.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho um sonho de escrever uma autobiografia, que inclusive já tem título (“Uma mulher chamada Claudia Lundgren”), onde contarei, por meio de poesias ou prosa poética, ainda irei decidir, um pouco da história da mulher Claudia Lundgren. Um livro que gostaria de ler, bem antigo, porém ainda não adquiri, é “O Noivo da Morte”, de Vicente de Azevedo, uma biografia do poeta Álvares de Azevedo.