Cíntia Carla Moreira Schwantes é professora do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho rotina matinal – acordo conforme o horário do início da aula. Planejo as atividades da casa de manhã, antes de sair para a universidade. E na universidade menos ainda, sei a hora na qual chego, mas a hora de saída é sujeita a ventos e marés…
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Trabalho melhor de noite. E o ritual de preparação para a escrita tem a ver com a pesquisa, de fato. Não inicio a escrever antes de ter lido e fichado os textos que selecionei para comporem a fortuna crítica e o aporte teórico do texto.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo em períodos concentrados, visto como dependo de uma pesquisa prévia.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar?
Como você se move da pesquisa para a escrita? Enquanto compilo as informações que vou precisar, o texto começa a se elaborar. Não consigo começar a escrever antes de saber o que vou escrever, mas isso acontece de forma comezinha, como parte da própria pesquisa.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Ah, com a adrenalina do último minuto. Nunca falha!
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu vou relendo o texto à medida que ele progride e faço uma última leitura quando ele está completo. Gosto de ter interlocução (embora, com nossas vidas atribuladas, nem sempre possa contar com isso).
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Preciso começar a escrever à mão. Os rascunhos iniciais são largamente modificados quando digitados, mas sem a escrita à mão para servir de base, o texto simplesmente não sai.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
O contato com os alunos e suas pesquisas é sempre uma fonte de renovação. Ler textos literários (recentes ou não tanto) que não havia lido ainda sempre suscita novas ideias, novas leituras de textos consagrados, leituras de textos que ainda não contam com uma extensa fortuna crítica. O contato com textos teóricos mais recentes também conduz a novas leituras de textos literários já lidos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Quando escrevi minha tese, havia uma imposição de que se emulasse a escrita acadêmica das áreas de exatas, e precisei me adequar a ela. O que mudou na minha escrita é que eu transitei para um estilo mais ensaístico.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de ler um romance de formação com protagonista minoritário que tivesse um final feliz que fosse orgânico, coerente, verossímil. E gostaria de escrever um texto de análise desse romance de formação.