César Augusto Tibúrcio Silva é professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Em geral acordo bem cedo, tomo um banho gelado de trinta segundos e leio algumas notícias na internet em um agregador de notícias. No meu caso uso o Feedly, que facilita muito a seleção de assuntos e temas para ler. Depois do café da manhã, vou para minha sala de trabalho, na universidade. Fecho a porta e trabalho até as onze horas da manhã. Interrompo o trabalho para uma atividade física e o almoço.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Geralmente gosto de trabalhar no início da manhã ou no meio da tarde. O ritual envolve desligar o celular ou colocar no modo avião, fechar a porta da sala e escrever o grande tema para a escrita em uma folha de papel. Também inclui ler as notícias marcadas nos endereços que acompanho e ler alguma coisa, como jornal ou livro. Ler é muito importante.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho rotina, já que escrever não é minha única tarefa. Assim, em alguns dias tenho reuniões de trabalho, aulas ou interrupções que atrapalham a rotina da escrita. A meta de escrita está associada ao que pretendo fazer. Se tenho um artigo para terminar, esta seria a meta.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
É frustrante dizer que meu processo de escrita é um pouco bagunçado. Tenho as notas escritas, existem os artigos que pesquiso enquanto estou escrevendo e começo. Dependendo do que estou escrevendo, o início pode mudar. Se estou fazendo um artigo, gosto de iniciar pela metodologia e análise dos dados, depois o referencial teórico. Se é um livro, o processo é mais linear. E na medida que estou escrevendo, vou pesquisando para preencher as lacunas. Quando percebo que não estou chegando na meta, interrompo a escrita para começar em outro momento.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
A procrastinação é uma companheira e geralmente aplico uma técnica muito recomendada chamada de pomodoro. Diariamente você lista seus objetivos e a estimativa de tempo para cada tarefa. A cada vinte e cinco minutos de trabalho, cinco de descanso. Fazendo três ou quatro grupos de trabalho de vinte e cinco minutos, um tempo maior de descanso, que pode ser quinze minutos ou até uma hora. As travas da escrita geralmente eu lido através do processo coletivo de produzir um livro ou um artigo; entrego o material que escrevi para o coautor e espero suas críticas.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Depende do tipo de texto. Um texto para blog geralmente carrega um menor número de revisão, pois precisa ser mais imediato. É a notícia de agora. Um artigo ou livro passa por mais revisões, mas confesso que sou impaciente com estas revisões. Por isto procuro a figura do coautor para fazer isto também. Nos artigos científicos geralmente trabalho com um orientando, colega de trabalho ou amigo. Mas no blog a publicação não passa por nenhuma pessoa. Por isso, mesmo com a necessidade de fazer um texto rápido, procuro ler pelo menos uma vez.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Minha relação com a tecnologia é muito boa. Geralmente uso o computador para escrever, o que pode mudar conforme a situação. Este texto estou escrevendo no FocusWriter, que é um editor limpo, sem muitos recursos, que permite que você não desvie a atenção. Uso o aplicativo Tick, que permite cronometrar o pomodoro, reduzindo a procrastinação. O Kindle permite o acesso rápido aos livros, mas também gosto de ler livros físicos.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
As ideias surgem da leitura de artigos, livros e postagens da internet. O hábito que tenho é ler muito e de forma diversificada. Para isso conto com a ajuda do Kindle, do acesso a artigos científicos e dos sites que acompanho através do Feedly. A pausa entre os pomodoros, para descansar, são importantes para o surgimento das ideias. O bom sono também é fundamental. Tentar não trazer o estresse para sua sala é outra forma de ser criativo. Ao ler um texto de outra área, fico imaginando como isto pode se aplicar aonde estou pesquisando. Em alguns casos, anoto a ideia para uso futuro.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de sua tese?
Realmente não sei o que mudou. Acho que escrevo com frases mais curtas. Mas faz tanto tempo que escrevi minha tese, que não sei o que faria.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Realmente a resposta seria “não sei” para as duas perguntas. Tenho vários projetos em andamento e vários deles interessantes que muitas vezes não consigo imaginar o que gostaria de fazer. Me interesso por livros que me surpreendem, seja por uma pequena ideia ou por explorar campos desconhecidos.