Ceres Marcon é escritora, autora de “O Ascendente”.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Meu dia começa um pouco mais tarde do que o da maioria, porque durmo tarde, mas também porque não trabalho fora de casa. Costumo, antes de escrever qualquer coisa, se for pela manhã, tratar minhas gatas, Amora e Miya, e tomar meu café que é imprescindível para que eu consiga acordar para o dia que inicia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Gosto de escrever quando a casa fica silenciosa, mas se não tiver essa opção, simplesmente desligo do entorno e escrevo, porque a família faz parte do meu dia-a-dia e não consigo me isolar em um quarto para escrever.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho uma meta de escrita diária. Se, em algum dia, eu não conseguir escrever, deixo para o próximo. Sei que muitos dizem que devemos ter uma rotina de escrita, mas não tem funcionado muito bem para mim.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Costumo fazer um resumo da história que quero escrever. Depois penso nos personagens principais e traço um perfil que possa mostrar para mim quem eles são, o que fazem e porquê fazem. Às vezes, durante a construção do personagem preciso fazer algumas pesquisas relacionadas à vida dele, atividade profissional, principalmente.
Cidades e História são muito importantes, dentro do meu gênero literário. Então, procuro buscar todas as informações possíveis sobre o assunto, a fim de não prejudicar fatos que possam ter acontecido e, se eu os mudar, que tenham sentido e coerência.
Poucas vezes enfrento uma barreira no movimento entre a pesquisa e a escrita, porque procuro a maior parte possível dos elementos pesquisados e prontos para uso.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Minha maior trava é comigo mesma. Absorvo críticas com facilidade e elas fazem com que minha escrita melhore, mas quando escrevo, busco tanto pela perfeição que acabo travando e, muitas vezes, abandono o projeto. É um vai e vem constante entre mim e o teclado, entre mim e o bloco de anotações.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
A revisão de texto é fundamenta. Não tenho um(a) leitor(a) beta, por isso pago para profissionais que trabalham na área para que façam a revisão. Textos mal escritos perdem minha atenção e eu os abandono, por isso, penso que meu leitor tem o mesmo sentimento que eu. Meu leitor tem o direito de receber um texto bem estruturado e bem escrito.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Adoro tecnologia. Algumas vezes, no entanto, volto para o papel. Isso ocorre em que já desliguei o computador. Por isso, tenho vários cadernos pela casa.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Gosto de imagens. São elas, na maioria das vezes, que me fazem escrever. Também gosto de músicas. Quando a ideia surge, busco por uma música que combine com ela e o texto flui mais rápido.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A ansiedade foi o fator que se acomodou, durante esses anos de escrita. Não tenho mais o ímpeto de publicar qualquer coisa, apenas para ter leitores. Prefiro ter menos textos, menos histórias, mas com uma escrita de melhor qualidade.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho dois projetos iniciados e outro grudado na minha cabeça, feito carrapato. Um é a continuação do meu primeiro livro, O Ascendente, o outro é um livro que foge da fantasia, mas não me sinto pronta para seguir adiante. O último, que está grudado feito carrapato, é um conto antigo que escrevi e vejo potencial para ampliar e transformar em um romance, mas está aguardando que eu decida quando vou deixar de procrastinar.