Carvalho Junior é professor e poeta, natural de Caxias-MA, autor de “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (Patuá, 2019).
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Pela manhã, meus olhos de jacaré ainda estão se esticando e se afiando para o íntegro do dia. Não fossem as obrigações do trabalho de professor e de gestor escolar, minhas manhãs seriam para dormir um pouco mais. A noite é o período do dia em que dou de comer aos meus delírios, por isso, geralmente, durmo tarde e tenho dificuldades para acordar cedo. Quando estou livre, em casa, num dia de feriado ou final de semana, por exemplo, as manhãs são para leitura, para deitar na rede com as minhas filhas, para estar junto da família e dos amigos.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
A palavra é o meu vício interturno, mas creio que, de alguma forma, como disse antes, a minha produção acontece melhor à noite, período em que descanso nos braços da poesia, quando as minhas revoltas e angústias viram sonho. É à noite que sou bêbado, criança, malabarista, jogador de relancinho, pescador de estrelas silentes… tudo ao mesmo tempo, como uma espécie de Vítor Gonçalves Neto, o “cronista maldito”, que dizia, espirituosamente, ter tido “duzentas e dezessete profissões, inclusive duas honestas”. (risos)
Procuro ser exigente com o que escrevo, em permanente postura de autocrítica, mas não sigo rituais, um caminho que seja sempre o mesmo. Isso não significa que meu entendimento seja contrário ao essencial exercício de repetir, de sangrar o dedo, de deitar-rolar com as palavras na luta que “prossegue nas ruas do sono”, como diz Drummond, mas penso que a preparação para a atividade de escrita tem um modo de operação prático: enfiar o nariz nas páginas dos livros e da vida.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Embora seja como todos os poetas um viciado, um doente, um sofredor do mal incurável da poesia, esta que é ao mesmo tempo pedra que esfola a pele e alívio/curativo, não consigo escrever todos os dias. Imagino que de tudo quanto o poeta se desconcentra há uma concentração do lado do avesso. O poeta fica períodos sem escrever uma linha que seja, mas não deixa de ter relações íntimas com a palavra. Minha escrita é hoje mais lenta e sem esses cadeados do tempo crono(i)lógico. Minha meta, se tenho alguma, é superar a mim mesmo de uma produção para outra. Se tenho conseguido isso ou não, é um trabalho para os leitores e críticos, tão fáceis de encontrar como unicórnios no quintal. O poeta muito afeito a metas, a datas, a uma matemática inflexível, mais exata do que a exatidão, sem um vírus de desconserto, dá uma impressão que se alinha com aquela descrição, feita pelo Quintana, de um poeta à imagem e semelhança de uma “galinha carimbando ovos”.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A pesquisa, nas suas variadas ramificações, faz parte da natureza do poeta. É da sua essência a desconfiança e a curiosidade. Vive de olhos-ouvidos-qualquer-coisa-além-corpo muito acesa, antenada com o que se passa em direções várias. O parto de um poema é muito misterioso, mas no meu processo de escrita geralmente anoto no papel (preferencialmente à lápis) ou faço gravações de voz que depois se desenvolvem, ganhando substância mais encorpada. A poesia cutuca sem hora marcada. Começar ou terminar, fácil ou difícil, eu trago outra vez Quintana para nos iluminar com seu pensamento. Diz-nos ele que “O poema só termina por acidente de publicação ou morte do poeta”. Eu penso muito em poesia, quase que obsessivamente. Às vezes, é meio desesperador não ter um lápis à mão quando temos aqueles estalos, ideias momentâneas que a impressão de as perder é como uma morte, no entanto e no geral, a minha escrita ocorre dentro desse processo que alia pesquisa/leitura com a experiência/vida, sendo que esta última é o grande tutano da coisa. Escrever é o caminho sôfrego para o prazer da minha caixinha-vermelha-bombeadora-de-sangue e de tudo que pulsa em mim. Aproveitando o pensamento do poeta Luís Augusto Cassas, tento dar um corpo a um poema ou livro meu na busca de que ele tenha “cabeça, tronco, membros e alma”.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Como hoje escrevo mais lento, mastigando muito o verso dentro dos engenhos do coração, lido bem, ou pelo menos melhor que antes, com esses sentimentos. Procuro amadurecer um livro, um próximo projeto, leve o tempo que levar. Vou escrevendo e cismando bastante, conduzido pelo desejo de chegar ao corpo de uma nova obra. Dedico-me a um projeto com esmero, cuidando de cada detalhe, até que chegue ao ponto de soltar no bico do vento e dos pássaros para que todos possam ler. Venho buscando, sobretudo, não me repetir nesse processo, mesmo que um trabalho seja uma espécie de aprofundamento do outro, como percebo de alguma forma, a relação entre os meus dois últimos livros “No alto da ladeira de pedra” (2017) e “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (2019), ambos publicados pela Editora Patuá. A crítica é sempre bem-vinda. Costumo dizer que nada educa mais um poeta do que um cascudo, um cocorote, um golpe de dedos se arrastando na cabeça em sentido contrário ao do penteado do topete. Longo é o tempo e sua cauda feita de pitocos de rabo de tijubina, os meus projetos são trabalhados sem esses balizamentos e cobranças de relógio. Ansiedade eu tenho como qualquer ser humano, mas no aspecto literário, sinto-me, hoje, mais maduro para trabalhar com isso. Eu quase me precipitei com o livro “No alto da ladeira de pedra”, uma boa conversa com o poeta José Inácio Vieira de Melo me fez rever certos pontos e trabalhar melhor o livro. Ele me chamou a atenção para uma referência muito direta a Manoel de Barros no título que eu pretendia “Desfronteiras do inconhecido”. Embora a minha intenção com a inversão de afixos naquele título fosse sugerir o ato sexual, da famosa posição do 69, eu revi todo o projeto e entendo que “pelo chá de gaveta” dado ao livro, segundo o conselho do José Inácio, fez a flor da publicação crescer e nascer em estação apropriada. Estou com o Antonio Carlos Secchin quando diz que escrever é, antes de tudo, ouvir. Mesmo com a minha teimosia característica (entendo-a como muito necessária), procuro sempre exercitar o ouvido, é o que chamamos de assuntar nos sertões da convivência humana. O poeta deve ter orelhas grandes, maiores e mais afinadas do que a de um jumento. (risos)
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
A releitura nos mostra os excessos e nos encaminha para os ajustes de texto. Sou filho de um açougueiro e de uma costureira, foi deles que, certamente, herdei alguma habilidade no corte das carnes e tecidos da palavra. Há alguns poucos amigos poetas com quem divido muito meus poemas no seu processo de costura. O poeta Antonio Sodré é quem eu mais aperreio, com quem mais divido as angústias, pela crítica muito sincera que ele faz. Assim sendo, o olhar do outro é por onde nos vemos além do espelho umbilical.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu utilizo bastante as mídias sociais em um trabalho de divulgação. No processo de escrita, quase nunca produzo direto no computador. A semente do texto vem de mais longe, então geralmente faço minhas anotações, à lápis de preferência, como disse antes, sendo na tela do computador onde decido mais as questões de estética, de disposição espacial. Os meus partos de poema são, geralmente, do tipo “normal”, feitos com as mãos operando a folha de papel. Sobre essa relação com a folha em branco, digo em poema do livro de estreia “adoro pegar a branquinha por trás,/ e, com meu lápis sedento,/ enfiar no seu verso,/ todo o meu sentimento”. A perfeita posição para escrever uma peça versificada. (risos)
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
As ideias nascem das leituras de livros e de mundo, das conversas e provocações que geram ecos entortadores na gente, dos “espantos” como defendia Gullar, das topadas nas calçadas da vida… Diria que minha criatividade vem da minha postura de cultivo contínuo de cismas, de estar sempre desconfiado e inconformado, tal como a imagem que o poeta Bioque Mesito pinta com o grafite de alguém que tenta controlar “um incêndio nas mãos”. Lendo livros, pessoas e o mundo, bem como atentando, o quanto posso e consigo, aos movimentos da existência, é assim que me alimento das malícias para mergulhar no rio das palavras.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Sinto-me mais maduro hoje, de passo mais afirmado, sem medo da lama ou dos animais venenosos da estrada. Minha escrita, por algum tempo, utilizou-se muito do recurso de jogos de palavras, por eu ter uma mente propensa, de alguma forma, ao trocadilho. Procurei lapidar isso, aproveitando as minhas melhores características, usando, todavia, a faca do açougue do meu pai na eliminação das peles excessivas. Em um exercício autocrítico, percebo na minha produção essa virada ascendente, superando alguns traços e mantendo aquilo que imagino ter força em mim como o humor, a ironia, certo erotismo, a memória… Se eu voltasse no tempo não mudaria nada, mesmo achando que os escritos iniciais são mais pobres, mas os defeitos deles, quando percebemos logo ali ou aqui na frente, empurram a gente com uma força propulsora que só nos fortalece. Os textos primeiros têm o ímpeto e a verdade deles. Como diz a Ana Miranda, a gente precisa errar, também, na literatura. Eu me dedico e me entrego à poesia, não saberia viver sem ela. Ilumina-me a poesia do Antonio Machado quando diz que “o caminho se faz ao caminhar”. O meu olhar, ainda que preserve um forte traço saudosista (acho que tudo que escrevo se resume em lágrima e saudade), é voltado para os territórios do porvir. Quando estou dentro do corpo da palavra, sou uma espécie de índio-hippie-cigano-ciborgue que brinca de cavalo-de-palha ou nas asas de uma folha que se desprende do alto de uma palmeira dos meus chãos originais.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu pretendo retomar vários projetos parados. Já organizei cadernos de poesia, exposição, encontros literários, entre outras danações, e quero voltar a fazer isso tudo, porque meu espírito se alimenta nessas eletricidades e movimentos. A poesia reunida do Déo Silva, importante poeta brasileiro, filho do Maranhão, é o livro que ainda não existe que quero ver, ler e dividir com o mundo em breve. Já encontrei abertura com o editor Bruno Azevedo para lançar esse trabalho que assumi a organização pelo selo Pitomba. Déo nos diz que “A palavra, em verdade, é funda em si mesma. Raso, contudo, é o nosso poder de entendê-la”. Bonito isso, não? Tão como isso de querer o que ainda não existe. O chileno Huidobro nos diz que “O poeta é um pequeno deus”, assim sendo, eu quero tanto de mim como do outro, esse elemento invisível até então inexistente, aquilo que está sendo gestado no pensamento de uma criança talvez, no sorriso das minhas filhas. Isso me traz a ideia de sonho e este é que nos dá o tamanho como versa o intamanhável Fernando Pessoa.
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
No processo de escrita de um livro, tento amansar e colocar no papel o que antes era apenas uma ideia. Eu só conheço a escrita planejada, disciplinada, com muito exercício. O “deixar fluir” se desenha, para mim, como um “deixar escapar”. Entro no ringue para tentar enchiqueirar palavras e colocá-las dentro da minha cerca de enganos, dos cercados dos sertões que invento debaixo dos meus tecidos epiteliais. A gente vai mastigando o verso dentro dos céus e infernos da boca (do estômago). Às vezes, é preciso parar, caminhar, dizer o já escrito em voz alta para ver se ecoa e ajuda a desenrolar a continuação do texto. Não sei dizer, com precisão, o que é mais fácil, o início ou o fechamento do texto, até porque eu escrevo, sobretudo, poemas, e cada poema tem sua história, seu parto único, seus milagres de nascimento. Eu sou um praticante obsessivo do verso. Sou um autodeclarado versicultor com incuráveis defeitos de fábrica. Estou trabalhando em um livro novo, já tendo escrito o canto inicial. Não sei quanto tempo levará essa escrita, mas todos os dias penso nesse projeto. Faço as minhas leituras, outros exercícios não ligados a esse projeto em específico e, quando sento, vou tentando acrescentar mais peças no corpo desse Frankenstein lírico. Quando eu tiver a visualização do corpo do livro, o trabalho consistirá em soprar nas narinas do meu monstro de barro-louça, porque como diz o Huidobro “o poeta é um pequeno deus”.
Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Eu costumo trabalhar, na produção literária, à noite. Sinto-me mais fértil, provocado pelas situações lidas/vividas durante o dia. Se eu não tiver estourado de cansaço, quase que todos os dias escrevo. Não tenho um segredo de organização. Eu como-bebo-durmo-estouro palavra. Presto muita atenção às falas, tenho um ouvido e o corpo aparelhado para o assuntamento palavrilhoso da vida e seus fenômenos. Sim, eu gosto de ter vários projetos ocorrendo simultaneamente. Essas diferentes explosões, concomitantes, de alguma forma, me favorecem. Acho que combinam com meu espírito inquieto, elétrico, um tanto quanto hiperativo no sentido da criação. Trabalho, no momento, pelo menos dois projetos, um livro de pesquisa sobre um poeta do Maranhão (Déo Silva) e um novo álbum de poemas.
O que motiva você como escritor? Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita?
O que me motiva a seguir na luta é o próprio exercício literário que me é uma necessidade vital. A literatura me entortou e não sei caminhar de outro jeito que não seja assim com esse passo manco, mas que me preenche os rios de dentro, dá um prazer que é difícil de traduzir em palavra. Sou muito motivado, também, pelos retornos que tenho tido no meu trajeto de lutas até aqui. A poesia fez meu nome andar à frente de mim, o nome à frente do homem. A poesia já me deu até emprego, pelo respeito que minha cidade e estado passaram a me dar. Embora o título de poeta seja muito pesado, as pessoas na rua me cumprimentam por essa bendita/maldita alcunha. Escrevo desde a infância, era a minha forma de enfrentar a pobreza. Se não podia dar presentes materiais aos meus familiares, ofertava-lhes palavras em cartinhas em que derramava a minha afetividade. A partir dos catorze anos, pela época do meu Ensino Médio, comecei a maturar essa sensibilidade. Sempre tive professores que me incentivaram, a escola tendo sido de fato um lar que me abrigou e desenvolveu os sonhos. Na primeira série do Ensino Médio, na escola estadual M.M.D.C, no bairro paulistano da Mooca, tive contato com o professor Demétrius, o qual era brilhante e me ensinou sobre a figurativização da linguagem como ninguém. Eu me destacava nas aulas dele, sempre com a presença da literatura, e lembro-me, vivamente, de suas falas em que dizia e anotava nos meus exames: “Brilhou, Francisco”. Um eufemismo, por exemplo, ele ensinava que essa figura de linguagem representa uma “desgraça perfumada”. Eu tive a sorte de ter grandes mestres na escola e para além dela, muitos personagens que me empurraram para os braços da poesia.
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros?
Olha… um velhinho safado da literatura brasileira foi um dos meus melhores mestres, eu o estudei muito e quando o lia parece que conversávamos no quintal de casa. O velhinho safado, muito amado, de que falo é o “menino azul” – Mario Quintana. Este gaúcho porrada de lindeza fala do estilo como uma deficiência, porque aí o autor se acomoda a um modo de dizer, pode se perder num ciclo de reprodução da mesmice. Dos autores que estariam dentro disso a que chamam de influência, o Quintana fala de confluências e da procura da voz que o verdadeiro poeta busca. O Mario é muito marcante para mim, talvez um tanto mais que outros tantos mestres da literatura no mundo, porque pensou muito o próprio fazer literário e me alinho com o deboche/sarcasmo que ele apresentava muitas vezes na sua poesia. Em vez de estilo, prefiro pensar em marcas de escrita que estão abertas a novas experimentações. O autor insatisfeito (essa insatisfação é necessária) não está preocupado com o desenvolvimento desse tal estilo próprio que pode representar a repetição de si mesmo e a previsibilidade para o leitor. Uma das marcas da minha escrita, que eu mesmo percebo, porque é uma busca, é a persistência no traço da memória. Há certo mergulho na linha da saudade, mas que tenta exercitar uma linguagem não passadista. O crítico Ricardo Leão observou algo muito interessante na minha produção que é a busca pelo desenvolvimento de um projeto literário que se desenovela no conjunto dos meus livros, isso ficando mais claro nos dois últimos livros publicados “No alto da ladeira de pedra” (2017) e “O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia” (2019).
Você poderia recomendar três livros aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles?
Indico o livro “Babaçu Lâmina – 39 poemas” (Patuá, 2019), uma antologia que organizei com a participação de quase quatro dezenas de poetas, sendo estes ligados aos estados do Maranhão, Piauí, Pará e Bahia. Gosto muito porque há no volume a reunião de excelentes poetas do norte/nordeste (o que chega a ser redundante) e me foi dada a oportunidade de reunir esse timaço de homens e mulheres da palavra em um livro que muito enriquece o meu currículo literário. Outro livro que indico aos meus leitores é de autoria da poeta Clarissa Macedo, “O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição” (Ofícios Terrestres, 2019), que se constitui um livro potente e necessário, revelador da voz de uma das melhores poetas brasileiras dos dias de hoje. Outro livro que indico foi gestado aqui no Maranhão por uma bela editora que nasce, que é a Olho D’água Edições, e apresenta uma poeta em que se deve prestar muita atenção, estou falando do precioso álbum artesanal “Transito” (2019), que traz a poesia de Adriana Gama de Araújo. Esta poeta diz belezas/potências como esta: “a vida inteira escrevo/ o mesmo poema/ com os ruídos e silêncios/ de uma floresta noturna”.