Caroline Fortunato é escritora, autora de “O Lado Real do Abstrato”.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho. O momento da escrita, em meu caso, é totalmente espontâneo.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu funciono melhor à noite. Porém, quando to inspirada e empolgada, a escrita flui a qualquer momento. E meu ritual preparatório é, geralmente, enrolar para escrever na medida em que essa arte me assusta um pouco; mas, ao começar, eu não consigo mais parar.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo em períodos concentrados, ou seja, quando estou trabalhando em algum projeto – ou quando uma ideia muito simpática me bombardeia, e eu preciso ir lá registrá-la. Mas não tenho uma meta de escrita diária.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
A parte da pesquisa de um material para determinada história é mais difícil, já que você nunca sabe se averiguou o suficiente. Contudo, daí para a escrita é tudo natural, estimulante e às vezes intimidador. A escrita tem poder de sair de nosso controle e caminhar com as próprias pernas.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Confesso que não escrevo há um tempo, e isso se deve ao fato de eu ter me comprometido com estudos formais de mercado para trabalhar com arte. Eu sou bastante focada: se eu me comprometer a escrever ou a estudar algo, eu irei me concentrar pra fazê-los. Quanto ao medo de não corresponder às expectativas: é importante a gente escrever com foco no leitor, porém a verdadeira alma da escrita junto de sua voz é que devem comandar esse processo. Quando eu sou leal a isso, não há ansiedade.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Mostro meus trabalhos anteriormente a pessoas que eu confio e que eu sei que provavelmente se identificarão com a obra. Eu reviso apenas erros gramaticais – nunca o enredo, senão estarei matando o coração mais primitivo daquela história.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
No computador. Mas também gosto de escrever coisas à mão.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Eu enxergo o mundo de uma forma muito surrealista e abstrata, digamos, e isso me mantém constantemente inspirada. Eu me sinto, ligeiramente, uma pessoa nocivamente criativa, e às vezes eu preciso bolar mecanismos pra minha mente me deixar em paz por um tempo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A escrita amadureceu, felizmente. Tornou-se, acredito, mais fluida ao leitor e a mim mesma. Eu diria pra eu escrever com maior clareza e menos densidade.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu sempre quis ler uma história adolescente realista, familiar e não romantizada, mas eu nunca encontrei esse livro. E meu sonho em relação à literatura dentro de um projeto é segredo.