Carla Dias é escritora, baterista e produtora cultural, autora do Livro das Confissões.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Minha rotina matinal, ao menos durante a semana, é guiada pelo trabalho, que não tem a ver com literatura, mas com outra paixão ligada à arte, a música. Trabalho em uma escola de música, dedicada à bateria e à percussão brasileira, que também é uma produtora de eventos, quase sempre ligados a esses instrumentos. Meu trabalho é com a escola e também como produtora cultural.
Comecei a trabalhar no IBVF Brasil, escola fundada e dirigida pela baterista Vera Figueiredo, em 1993. A música tem um papel importante na minha vida, influenciando diretamente minha escrita. Antes de trabalhar no IBVF, eu tinha aulas com a Vera e já dava aulas de bateria na minha cidade, Santo André. Eu queria me tornar uma baterista que pudesse fazer o que eu admirava sendo feito no palco, durante um show. Eu era uma estudante dedicada, adorava dar aulas e acreditava que poderia me desenvolver nessa área. Quando comecei a trabalhar no IBVF, a Vera tinha iniciado com a produtora. Aos poucos, produzir eventos se tornou a minha rotina, porque demandava muito tempo e energia. Tocar acabou ficando em segundo plano. Ainda assim, não parei de aprender, porque os eventos que produzimos até hoje – festivais, workshops, shows, masterclasses -, proporcionam oportunidades valiosas para conhecer grandes músicos, especialmente bateristas. Não abandonei a música. Há dois anos, retomei meus estudos, por conta mesmo. Aos poucos, sinto-me mais preparada para voltar a tocar, o que me tem feito muito bem e me levou a integrar a banda OsQuatro, ao lado de Raquel Pirozzi, Paulo Pacito e Marcelo Aisten.
Enquanto tudo isso acontecia, eu escrevia e cada vez mais. A música, os eventos e as pessoas que acabava por conhecer, ajudaram com que eu me reconhecesse na escrita. Escrever é algo que faço, desde que aprendi palavras, na escola. Vem de algo que me parece “desde sempre”, mas que fui compreender melhor quando, em 1997, lancei o Azul, uma coletânea de contos e poemas.
Toninho (Antonio Szewierenko) era aluno do IBVF. Na época, ele tinha uma empresa que nos ajudava com as artes de materiais gráficos. Ele leu o Azul e gostou. Foi graças a ele que eu me entendi como escritora, porque, até então, escrever era o que era: necessidade, uma forma de me comunicar, porque era péssima na oratória, urgência. Ele me ajudou a dar o próximo passo ao fazer a capa, diagramar e confeccionar o fotolito do Azul. Foi um presente que me levou a publicar meu primeiro livro.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu gosto de escrever à noite. Sempre que posso, escolho esse período. Quanto mais na madrugada, melhor. Porém, na maior parte do tempo eu escrevo diante da necessidade – cinco minutos escrevendo, quando em meio ao caos, tem o poder de me equilibrar, que os calmantes jamais terão – ou quando posso. Aprendi a aproveitar muito bem o tempo que tenho para a escrita. Nunca estabeleci uma rotina, porque sou completamente incapaz de lidar com ela no trato com a literatura. Funciono melhor quando me atenho ao desejo de escrever. Nem sempre consigo colocá-lo em prática no momento em que ele aparece, mas creio que é assim que funciona com quase todos os nossos desejos. Então, ele fica lá, vai se apoderando de mim e, quando posso registrá-lo com a escrita, eu o faço. Raramente, ele deixa de existir, antes de eu escrevê-lo.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu admiro muito quem consegue estabelecer metas e rotina para a escrita. Afinal, ela precisa ser exercitada, a fim de se alcançar certo aprimoramento. Eu sou incapaz de fazê-lo e sim, eu já tentei e com dedicação. Não funcionou. O que me ajuda no aprimoramento é a minha curiosidade a respeito do que posso criar com a palavra. Apesar dos contos que incluí no Azul, minha linguagem, até ali, era a poesia. Os contos que compõem o livro são, na verdade, cartas. Eu sempre gostei de escrever cartas.
Em 1998, participei de uma antologia de contos lançada pela Editora Blocos, a Encontros. Decidi participar, porque pensei que talvez fosse a hora de escrever contos e não somente cartas. Whisner Fraga foi o organizador. Eu o conheci por conta desse projeto. Hoje, ele é dos meus escritores preferidos e um amigo muito querido. Também é alguém a quem sempre recorro, quando preciso de uma opinião a respeito dos meus escritos. Logo que nos conhecemos, por conta da antologia, ele me perguntou porque eu não escrevia prosa. Antes de conhecê-lo, eu tentei e nasceu um livro sobre músicos. Na época, eu tocava em uma banda de rock e começava a trafegar por esse universo. Escrevi esse livro, que não era bom mesmo, mas foi o primeiro registro de que a música estaria sempre presente na minha escrita, às vezes, como personagem principal. Depois dele, até me atrevi a escrever outro, mas também não vingou. Eu não conseguia me encontrar na prosa.
Foi conversando com o Whisner que comecei a escrever o primeiro romance que me fez conectar de vez com o estilo. Dessa jornada de descoberta literária, nasceu Os estranhos, publicado em 2009 pela Editora [sic]. O livro foi selecionado pelo ProAC, edital de publicação de livros da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Whisner Fraga escreveu o prefácio. Depois dele, publiquei quatro livros: Jardim de Agnes (2010) e Estopim (2012), ambos no gênero romance, selecionados pelo ProAc e lançados pela Editora [sic], O observador (2016), de contos, publicado pela Editora Penalux. Em 2018, lancei meu primeiro livro exclusivamente de poesia. Livro das Confissões foi publicado pela Editora Patuá.
Outro fazer literário, que vem me ajudando muito a desenvolver a criatividade e a lidar com a prosa, é a participação como cronista do site Crônica do Dia, onde eu publico às quartas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Meu processo de escrita é a necessidade. Eu tenho de escrever e escrevo. Nem tudo é aproveitável, portanto a capacidade de descartar o que não funciona é essencial. Nunca faço notas sobre o livro que desejo escrever, porque tudo que se relaciona ao fazer literário me acontece. Caso eu comente que penso em escrever isso ou aquilo, pode estar certo de que já comecei a escrever, apenas ainda rumino sobre se é uma boa ideia ou não.
Meus textos são sobre pessoas. Não sou uma escritora que se apega à descrição do espaço, tampouco das atribuições físicas dos personagens. Sendo assim, quando há elementos referentes ao espaço e ao aspecto físico, eles estão lá para conectar informações importantes a respeito do emocional do personagem.
Às vezes, pesquisas são necessárias e eu não me importo de fazê-las. Na verdade, aprender é algo que aprecio muito. De qualquer forma, a necessidade da pesquisa só aparece durante o desenrolar da história, nunca antes.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Claro que há momentos em que escrever é difícil, mas eu não sou de procrastinar. Quando quero escrever e não escrevo, não é por escolha. Quanto ao medo de não corresponder às expectativas, eu já entendi, há muito tempo, que nunca corresponderemos às expectativas de todos, e que, mais importante ainda, é que nem sempre isso é ruim, mas apenas uma questão de olhar, de gosto. Eu ofereço o meu melhor e espero que ele faça sentido para alguém. Para mim, é uma honra quando apreciam algo que escrevi. Sinto-me genuinamente grata pelo fato de a pessoa ter escolhido lê-lo, porque é uma doação do tempo dela a uma obra minha. Quando há quem não goste, eu escuto o que essa pessoa tem a dizer, não tenho problema algum com isso. Às vezes, isso me ensina muito a respeito da percepção das pessoas sobre o que escrevo.
Escrever é o lugar da minha liberdade despudorada. Na literatura, muitas das questões que nos prendem na vida, como expectativas que não deveriam nos incomodar tanto, ficam de fora. A única expectativa que realmente faz parte do meu processo de criação é a de ser capaz de fechar a história.
Quanto à ansiedade de trabalhar em projetos longos, raramente eu escrevo somente um livro. Como trafego pela poesia e pela prosa, estou sempre trabalhando em mais de uma obra. Isso ajuda com a ansiedade e o tempo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não reviso textos durante a escrita. A primeira etapa é exclusiva da criação, então me permito tudo. Depois que a obra nasceu, eu reviso muitas vezes, até me sentir satisfeita com o resultado. Na verdade, sentir-se satisfeita é muito difícil. Sempre permanece a vontade de acertar algo. É preciso certo desapego para a compreensão de que a revisão foi feita e o que vem depois é apenas o desejo de melhorar algo que já foi finalizado. Esse desapego vem, mas depois de muito trabalho com as revisões.
Acho essencial mostrar meus textos, não apenas antes de publicá-los, mas antes de decidir se eles existem oficialmente para mim, porque eles têm de fazer sentido para alguém que não eu, que conheço todas as nuances deles. Veja bem, o texto precisa fazer sentido como obra, por mais complexa ou surreal que a história ou o poema seja. Mas não escrevo para agradar ao outro, até porque os livros nos servem de forma muito mais eficiente quando criam questionamento, coisa que o agrado, como tema exclusivo, não provoca. Eu apenas escrevo. Para mim, o gostar ou não nem é a questão. A existência de uma das minhas obras se dá quando o leitor questiona, para o positivo ou para o negativo. A indiferença é que não me interessa e aponta para algo que não foi bem construído.
Nem sempre encontro quem leia os meus textos, mas há amigos que me ajudam muito nesse momento “será que funciona?”
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
No trabalho, encaro um computador por quase doze horas ao dia. Não tenho problema em escrever ou ler livros no computador. Porém, fiquei sem computador em casa, onde o fazer literário realmente acontece. Mantenho esse caderno por perto, onde rascunho poemas, quando eles me aparecem, o que vinha sendo o meu máximo da escrita à mão, nos últimos tempos. Sem computador, voltei a escrever à mão. Pensei que seria difícil, mas não. Percebi que há sim uma diferença, principalmente na cadência da escrita. Escrever à mão é um ralentar o pensamento. Não sei explicar, mas foi assim que escrevi o meu primeiro texto de dramaturgia: caderno universitário, caneta azul escrita fina, madrugada e café… à mão.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias vêm de como a vida acontece e não apenas comigo. Às vezes, uma cena que vejo, enquanto caminho até o trabalho. Algo que um amigo diz ou mesmo viveu, lugares onde nunca estive, mas as pessoas vivem dizendo que eu deveria conhecer. Já escrevi muitos cartões de aniversário para amigos de amigos, assim como cartas de amor para interesses românticos e namorados das amigas da escola. Eu não conhecia o objeto de afeto delas. Às vezes, eu os observava de longe, no pátio da escola. Então, eu pedia para que elas me contassem sobre como se sentiam a respeito deles e o que elas gostavam neles. Depois, eu escrevia as cartas.
Para mim, escrever é mais do que ser criativo. Escrever é a forma que encontrei de me comunicar com as pessoas, porque posso até ter melhorado, mas ainda sou péssima na oratória. Nem tudo o que consigo dizer escrevendo sai claramente quando verbalizo. Há uma distância entre palavras escritas e palavras ditas que me parece impossível de estreitar.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A mudança é constante. Claro que, com o tempo, adquirimos características na escrita que nos acompanham pela vida. Todo o resto é passível de mudança, se o escritor estiver aberto a ela. Isso significa sim uma mudança considerável na minha forma de contar histórias. Aprendi a ser mais econômica ao abordar temas mais difíceis. Percebi que eles ganhavam dramaticidade em frases curtas. Porém, essa questão de quão longas são as frases e os parágrafos se refere ao sensorial e tem a ver com ritmo. A escrita me chega musical mesmo. As palavras provocam um ritmo, de acordo com a sua colocação.
Quanto o que diria a mim lá no começo da lida literária, honestamente, não sei como responder a essa pergunta. Escrever ainda é uma ferramenta de catarse para mim, continua sendo necessidade e urgência. Acredito que nunca deixará de sê-lo. Tudo o que aprendi sobre escrever, até aqui, não teria aprendido sem o tempo passando. Meus primeiros textos foram o que foram e me trouxeram à criação de hoje. E o que hoje eu crio, quem me tornei, há tanto o que tenho de melhorar ao aprender. Na literatura e na vida, há sempre o que melhorar ao se aprender.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de escrever poemas para pinturas e fotos de artistas que conheço. Eu adoro artes plásticas, porém, mal sei desenhar uma casinha com chaminé. Conheço alguns artistas fantásticos, olhares e percepções fascinantes. Já usei obras de alguns deles para ilustrar meus textos publicados na internet. Acho que saber da história deles, do processo de criação deles, amplifica esse meu desejo.
Quanto ao livro, eu sou das leitoras que apreciam o livro que tem na mão. E se pensasse no livro que gostaria de ler e ainda não existe, acho que acabaria por tentar escrevê-lo.
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
Quando inicio um projeto, não faço ideia de aonde ele me levará. Para poemas e contos, isso funciona com tranquilidade. Por serem mais curtos, eu os escrevo ainda no afã da inspiração ativada, de uma só vez. No caso dos romances, é mais complicado. Entre publicados e não publicados, escrevi sete e todos eles nasceram da inspiração provocada por algo que vivi ou apenas presenciei e que me levou a escrever as primeiras páginas. Em todos os casos, eu não fazia ideia de como a história continuaria, nem mesmo qual seria o seu desfecho. Em todos os casos, foi mais difícil finalizar a história.
Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Eu tenho pouco tempo para escrever, então não há uma organização. Aproveito a oportunidade do momento, quando estou com algo que acho que vale a pena ser registrado. Não é uma questão de preferência, mas de ser assim, desde sempre. Há alguns projetos em andamento, ao mesmo tempo e o tempo todo.
O que motiva você como escritora? Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita?
A observação. A curiosidade a respeito do que acontece a minha volta, sobre as pessoas que encontro, sobre as ideias que vão além ou por outros caminhos das que fazem parte de mim. No caso do romance, há sempre um estopim. No último livro, o “Baseado em palavras não ditas”, que publiquei ano passado, foi uma conversa com uma pessoa, sobre um conhecido dela, que eu não conhecia. Ela admirava profundamente o outro, teceu elogios e o afeto era claro. Então, veio o “mas”, seguido por uma série de itens que ela não apreciava nele. Tudo o que ela disse, e que desfavorecia o outro, não me chegava como problema. Era apenas uma maneira diferente da dela de ser. Na verdade, eu me identificava com os contras que ela pontuava, enxergando uma pessoa completamente diferente da leitura que ela me oferecia. Então, perguntei se não eram justamente aqueles contras que despertavam nela a admiração por ele. A resposta foi confusa, e ali eu me perdi. Parei de escutar, e, na minha cabeça, questionei: e se eu perdesse a memória e dependesse de outra pessoa para dizer quem eu sou? Fui um pouco além e me perguntei: e se eu perdesse a memória e não houvesse quem me desse pistas de quem sou? Assim nasceu Antônio Miranda, um dos protagonistas da trama do meu livro.
Sobre o início de tudo, só me lembro de que escrevia, porque isso me permitia ficar quieta no meu canto. E isso é desde que aprendi a escrever. Comecei com versos, sem saber o que era poesia, mas pensando nas letras das músicas que minha avó escutava. Não as entendia, mas compreendia as rimas, a cadência e comecei a criar as minhas próprias.
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Alguma autora influenciou você mais do que outras?
Não sei se desenvolvi um estilo próprio, mas posso dizer que nunca procurei por um. Escrever para mim é urgência, necessidade. Posso ter aprimorado minha capacidade em relação à escrita, mas quanto ao conteúdo, vem sempre da mesma forma, num sopro. Nunca me dediquei a estudar o estilo dos escritores que leio. Obviamente, sou influenciada por alguns, aprendo com eles por meio da leitura. Sobre autoras, lembro de me sentir muito feliz ao ler um livro de Clarice Lispector, o “Água viva”, porque me pareceu um texto de uma liberdade imensa. Como a escrita, para mim, sempre foi urgência, necessidade, eu não me enxergava como escritora, mas alguém que não saberia viver sem escrever. Identifiquei-me com aquele livro e isso me permitiu ser ainda mais livre com a minha escrita, o que aconteceu também ao ler obras de outras escritoras e escritores.
Você poderia recomendar três livros aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles?
“O privilégio dos mortos” (Editora Patuá/2019), de Whisner Fraga, é um romance sobre a volta do narrador à cidade natal para visitar o túmulo de seu melhor amigo. Este é o meu preferido, entre todas as obras do autor, quem admiro muito. O livro me impressionou pela combinação de complexidade profunda com delicadeza no trato do que inquieta, tendo a morte como inspiradora de questionamentos pessoais e que remetem ao coletivo.
“Onde não se responde” (Editora Arteclara/2004) é uma coletânea de contos, poemas e “posts” de Claudia Letti, que faz parte da coleção “Literatura Brasileira e Internet”. Ler Claudia Letti é entrar em um espaço reservado aos que se não se bastam em saber sobre o acontecido, mas o analisam, com um olhar gentil, porém honesto, sem medo de sofrer de desamparo, em decorrência do descontentamento, e se atrevendo a aprender com ele. Da leva do “aqueles que vivo a folhear”.
“Eu algum na multidão de motocicletas verdes agonizantes” (Editora Viés/2018) é o livro de contos de um autor do qual sempre apreciei a poesia. Zeh Gustavo chega com narrativa afiada, abordando a realidade e estabelecendo devaneios, enquanto esbarra no inusitado. E o inusitado, por muitas vezes, é somente o óbvio que desconhecemos.