Carla Chastinet é escritora, bióloga, doutora em Ecologia.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Bem, eu começo o meu dia tomando meu detox, e me alimentando, sem minha refeição matinal não sirvo para nada.
Em relação à escrita, eu não escrevo histórias ou poemas todos os dias. Algumas raras vezes, devido a uma inspiração noturna, levanto e venho ao computador escrever o que me recordo da ideia e a vou desenvolvendo ao longo do dia ou da semana, ou de meses.
Tenho algumas coisas escritas começadas e ainda não terminadas. Já tentei ter na cabeceira bloquinho e caneta, mas não funciona, pois iria incomodar meu companheiro, acendendo o abajur. Prefiro, ou me levantar ou voltar a dormir (é uma luta, risos) e tentar lembrar da ideia no dia seguinte e passá-la para o computador.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Antes de mais nada preciso explicar que comecei a escrever há mais ou menos uns seis anos atrás. Tive meu primeiro livro publicado em 2016.
Durante muitos anos sempre preferi estudar ou trabalhar pela manhã, mas ultimamente minhas maiores inspirações têm ocorrido ao final da tarde, início da noite. Não tenho nenhum ritual de preparação para escrita. Apenas procuro me deixar aberta toda ouvidos para escutar uma história que me seja sussurrada.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Todos os dias, eu, como todos que sabem escrever, escrevem mensagens no whatssapp, fazem comentários no Facebook, no Instagram. Estamos todos nos comunicando de uma forma ou de outra. Estamos todos compartilhando histórias, seja de nosso dia a dia seja histórias de outras pessoas que recebemos por vídeos, por mensagens. Leio muitos poemas e pequenos contos de amigos pelo facebook, ou instagram. O mundo hoje está muito comunicativo virtualmente, enquanto que pessoalmente está cada vez mais distanciado.
Eu não escrevo diariamente, como já disse eu fico toda ouvidos aguardando as histórias me sussurrarem. Mas, não me lembro nunca de ter escrito num dia só mais deuma história. Já, sim, numa semana, quase todos os dias escrever uma nova história. Mas também já fiquei meses sem escrever nada.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu não tendo a fazer pesquisas para escrever. As ideias me surgem, ou como digo, me são sussurradas e eu começo a escrever. Normalmente quando começo logo a termino. Tenho creio que duas histórias ou três histórias com mais de vinte páginas. A maioria está entre quatro a dez páginas e saem sem muito esforço. Algumas vezes as vou cortando, remendando, mexendo aqui e ali. Já teve histórias que começaram de um formato e acabaram em um outro totalmente diferente. Enfim, elas que mandam.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Ficar travada não me assusta porque o único comprometimento com a escrita que tenho atualmente, e por enquanto (risos), é comigo mesma. Portanto, ainda sem projetos longos ou mesmo curtos. Minha primeira história que escrevi, Odeio Chuva, acabou por virar uma coleção, onde duas crianças saem no dia a dia cutucando suas curiosidades sobre a natureza e ainda não consegui publicá-la. Mas ainda hei de conseguir.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu após escrever uma história tenho dificuldade em a ler. Preciso de um tempinho para ir fazendo as correções ou modificações necessárias.
Hoje em dia eu adoro mostrar as histórias que escrevo e receber com comentários críticos que sempre me ajudam a melhorá-la.
Não tenho mais pressa em publicar um livro. Deixo ele ir sendo gerado e nascer no tempo que ele escolher. Meu ultimo livro, O rio que sentia cócegas, era previsto para ser lançado o ano passado, mas apenas esse mês está indo para a gráfica fazer a segunda boneca (segunda prova) para a revisão final e agora espero, finalmente, poder lançá-lo esse ano de 2019.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Raramente eu escrevo à mão e as poucas vezes que o faço, na primeira oportunidade passo logo para o computador. Minha caligrafia não me agrada nada (risos). Gosto mesmo de escrever ao computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Algumas vezes as pessoas me dão ideias, me chamam atenção para um assunto. Creio que normalmente são essas que acabam por vir sem se completarem. Mas ficam aqui no meu computador aguardando seu amadurecimento. Ficam engatinhando, engatinhando, até que aprendem a andar e vão abrindo portas para se continuarem até finalizarem.
As histórias que me escorregam pelos dedos são mesmo as sussurradas ao pé do ouvido.
Recentemente vivi uma aventura com meu esposo, onde passamos mais de cinco horas totalmente perdidos numa floresta à noite, e as pessoas me pediram para a escrever. E vai vir sim, mais uma história, a primeira totalmente baseada em fatos mais que reais, vivenciados. Aguardem (risos).
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Como expliquei sou escritora há muito pouco tempo. Escrevia antes por obrigação, nas escolas por onde passei, as famosas redações, que confesso não gostava nada. Sentia vergonha de escrever para outros lerem e ainda mais, avaliarem. Nunca tive grandes notas em redação.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O projeto que ainda vou realizar, como já citei acima é a coleção das duas crianças que vão vivenciando curiosidades na natureza, mas esse eu já comecei. O projeto que ainda não comecei é ainda segredo (risos) talvez até mesmo para mim (risos).