Caléu Moraes é professor e escritor, autor de “O Raio da Morte”.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho rotina matinal. Começo o dia me esforçando para acordar. Detesto acordar cedo. Em geral, mas nem sempre, folheio algum livro, leio algum capítulo enquanto bebo café. Depois, dou minhas aulas.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Certamente prefiro escrever pela manhã, ainda que haja dias em que escrever à tarde pode ser agradável. Acerca de rituais, não tenho nenhum, acho. Apenas me sento e escrevo. Para não dizer que não tenha nenhum rito, gosto de escrever bebendo café. Mas isto nem sempre ocorre.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho metas. Há dias em que escrevo uma linha… Noutros, escrevo vinte páginas.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não faço notas ou rascunhos… Tudo o que faço é para ser definitivo. Corrijo, mas nem sempre, o que escrevo dias depois. Porém, a ideia é que aquilo que eu escreva seja o texto definitivo. Em meu caso, para usar uma metáfora rasteira, creio que minha escrita seja um tipo de vômito, a expulsão daquilo que li por anos ou na noite anterior, daquilo que vi, que vivi, não sei, com uma boa medida de elaboração.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu não tenho travas da escrita. Apenas sento e escrevo. Claro que antes de pôr mão à obra, eu preciso encontrar o tom… Isto, acho, é o que é mais me importa. Encontrar o tom. Depois que o encontro, através da leitura, da reflexão, dum filme ou dum episódio de South Park ou Family Guy, a coisa flui. Sobre a ansiedade com os projetos longos, comigo ocorre o contrário: eu luto para encurtar meus textos… Não que minha linguagem seja barroca. Na verdade é o oposto. É que em meus textos ocorrem coisas demais.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso uma ou duas vezes, até me encher o saco. Então, quando já não suporto olhar para o texto, eu o encaminho para publicação.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Apenas computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Não sei de onde vêm minhas ideias. Elas aparecem. Só.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Caramba, é a mesma coisa desde sempre quanto ao processo.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Um livro sobre demonologia brasileira. Na verdade, comecei. Que livros eu gostaria de ler que ainda não existe…? Mais coisas de Sterne… Gostaria que ele tivesse escrito mais.