Cairo de Assis Trindade é escritor, poeta, produtor editorial, revisor, consultor e assessor literário.
Como você começa o seu dia? Tem uma rotina matinal?
Atualmente, começo dando aula, em geral de poesia e, às vezes, de prosa: conto crônica ou romance.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Tem algum ritual de preparação para a escrita?
A qualquer hora, sendo que, nos meus textos, prefiro trabalhar à noite. Sem muita firula, mas raramente direto no computador.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Tem uma meta de escrita diária?
Não. Atualmente, ando um tanto indisciplinado neste sentido. Escrevo pouco: pequenos ensaios sobre Literatura e, sob encomenda, prefácios e orelhas de livros. Poesia mais raramente.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como se move da pesquisa para a escrita?
O processo varia: às vezes a ideia vem quase inteira, mas sempre retrabalho infinitas vezes, até considerar “perfeito” ou impossível de melhorar. Às vezes, vem o título primeiro; outras, o final. Quase não pesquiso, mas leio e estudo sempre que posso. E, geralmente, é isso que me move.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Com muita angústia e muito prazer misturados. Procrastinação, muita. Medo, nunca. Como carrego comigo certa boa dose de ansiedade, evito projetos longos. Gosto de escrever minicontos e poemas que caibam em uma ou duas páginas.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Infinitas vezes. Para você ter uma ideia, posso modificar alguma coisa num poema ou num texto em prosa mesmo depois de publicados. Enquanto eu tiver condições. — É outra espécie de “direito autoral”. — Talvez seja um vício da profissão, talvez perfeccionismo doentio. E, mesmo assim, mostro sempre para alguém antes de publicar. E publico para me desafiar diante dos leitores. Uma brincadeira sensacional.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Tentando me informar e me informatizar, mas ainda costumo escrever a lápis, no papel. Depois, à caneta. Só depois de muito rabiscar é que eu venho digitar aqui no computador. Os ensaios, apesar de curtos, tenho escrito direto aqui nesta máquina. E os dois poemas mais recentes, também foram feitos aqui. Estou tentando. A parte tecnológica fica com o meu departamento de marketing. Site, lista vip, instagram etc.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Não sei. Augusto dos Anjos já respondeu a esta pergunta, em forma de poema.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Tudo. Afinal, escrevendo há cinquenta anos, não gostaria de manter um mesmo projeto estilístico, como tão bem o fizeram João Cabral e outros.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de fazer uma antologia com os meus melhores poemas. Gostaria também de ler minha autobiografia. Mas esta eu nunca escreverei.