Bruna Maia é jornalista, pintora e roteirista, autora de “Parece que Piorou”.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Começo tomando muito café, sempre. Minha rotina matinal em geral consiste em tomar café da manhã, tomar banho e tentar organizar as ideias que podem render quadrinhos, roteiros ou crônicas.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu tenho um pico de produtividade por volta das 17h. É como se de repente eu tivesse um download de ideias e aí as coisas fluem. Costumo me preparar sempre tomando café, sem cafeína acho muito difícil escrever ou fazer qualquer coisa.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Tento fazer pelo menos uma das minhas atividades todos os dias: ou fazer um quadrinho, ou escrever um pouco dos livros e roteiros que estou desenvolvendo ou trabalhar em alguma matéria que eu esteja fazendo. Minha meta é fazer as coisas avançarem.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu tenho uma ideia, vamos dizer, para um quadrinho mais completo. Eu escrevo já pensando em imagens e quadros, como se fossem tópicos. Aí eu faço uma pesquisa de imagens ou temas que eu precise para completar o quadrinho e então eu me ponho a fazer o trabalho duro, que é escrever e desenhar tudo a mão. O processo para escrever crônicas e para o romance que estou fazendo é semelhante. Crio um roteiro dos passos básicos da narrativa e depois escrevo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Tomando café, às vezes um frontal, de vez em quando um vinho. Em geral uso um pra rebater o outro. Tem horas que paro tudo e fico deitada olhando pro teto, pensando porque eu me meti nisso e esperando alguma coisa aparecer na minha cabeça.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não muitas, eu odeio revisar. Uma vez que a coisa está pronta eu quero colocar ela no mundo. Costumo compartilhar o processo com alguns amigos e ouvir as opiniões deles, que às vezes me dão novas ideias.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu escrevo no computador, mas faço os quadrinhos à mão porque desenhar assim me faz bem, alivia o stress de ficar o tempo todo na frente da tela.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Vem de obcecações. Eu cultivo o hábito de obcecar com as coisas. Aí às vezes eu estou tomando banho e começo a pensar naquele assunto com o qual tenho obcecado e vem uma fileira de ideias para quadrinhos, diálogos, parágrafos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Pensar imageticamente é uma coisa que os quadrinhos me trouxeram. Eu me daria essa dica: antes de escrever, veja os personagens agindo na sua frente como se fosse um teatro. O que eles fariam? Como eles se vestiriam? Isso dá vida à escrita e é fundamental para o cartum.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Estou trabalhando no meu projeto A vida como ela seria e tenho uma listinha de ideias de crônicas e quadrinhos que tenho que desenvolver. Não vejo a hora de começar, mas tem momentos em que me sinto muito cansada de tanto pensar. Eu quero muito ler uma adaptação de crônicas do Nelson Rodrigues para um mundo dominado por mulheres, e, por isso, estou escrevendo esse livro.