Bolívar Torres é jornalista e escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Nenhuma outra rotina a não ser sobreviver.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Depende muito. Tem dias que é de manhã, tem dias que é de tarde, e tem dias que é de noite. Mas o que eu mais gosto é quando o trabalho rende à noite. Problema é editar tudo no dia seguinte.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Como vivo em constante temor de abandonar tudo, tento manter um esforço diário de escrita. Se deixo passar muito tempo, sérios riscos do projeto morrer aos poucos.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
O começo depende do clique, e aí é algo que você não controla. Pode ser fácil ou difícil. A pesquisa depende muito do que você está escrevendo, às vezes nem é necessária. Mas, no que diz respeito à ficção, a pesquisa só se torna necessária quando é algo muito específico.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não tenho técnicas para lidar com isso. Deveria ter. Aliás, se tivesse, já teria escrito uns 10 livros.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não existe limites. Posso revisar eternamente, se for preciso. Tento mostrar para outras pessoas, sim, mas só quando já está pronto. Evito até dar detalhes do que estou escrevendo antes de estar pronto. Sinto que traz má sorte.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Ficção é sempre à mão. Depois faço uma nova edição à mão e, finalmente, passo para o computador para mais uma edição.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Ficar atento ao ritmo do mundo. Os celulares tentam tirar a nossa atenção do que se passa à nossa volta. É um perigo.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Não mudou nada. Talvez eu diria a mim mesmo para sofrer menos e aproveitar mais.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Como disse antes, nunca dou detalhes do que estou escrevendo. Mas acho que ainda falta um romance vaporwave. No futuro, gostaria muito de passar todo meu tempo pesquisando em livros e jornais antigos e escrever alguma ficção histórica.