Bárbara Marca é poeta, autora da página Babi em versos.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
O meu dia só começa após uma bela caneca de café forte, bem quente. Assim que acordo preparo meu café coado mais algum acompanhamento – sim, o café é meu prato principal pela manhã – e o tomo em silêncio. Gosto de ficar as primeiras horas do dia sozinha e quieta – exceto quando meu sobrinho decide acordar cedo e tocar o terror pela casa rs – no mais, aproveito o começo do dia para ler, tenho procurado inserir minha leitura de livros nesse primeiro momento do dia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu não tenho um ritual de preparação para escrever nem um momento definido do dia em que eu pare para produzir textos, mas como sou uma pessoa extremamente noturna geralmente esse é o momento em que acabo produzindo mais. Eu tenho crises de insônia às vezes e as palavras acabaram se tornando minhas companheiras durante essas longas madrugadas.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu quero ser essa pessoa que tem meta diária, na verdade é algo que eu desejo alcançar logo, mas por agora estou no meu processo de mudança ainda, tentando inserir nos meus dias esses momentos de parar tudo e focar apenas em escrever. Por enquanto eu escrevo um pouco todos os dias, o importante é não ficar sem escrever.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu preciso parar em um lugar calmo, não gosto de muito barulho para escrever, no máximo uma música, mas quando nada disso é viável eu consigo me adaptar facilmente. Não tenho tanta dificuldade em começar algo, meu problema maior é sempre terminar aquilo que comecei. Tenho muitos começos escritos e inacabados.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu, definitivamente, não lido bem com nenhum desses problemas (risos) sou uma pessoa procrastinadora, medrosa e absurdamente ansiosa, pois é, triste realidade. Mas é a verdade, é assim que eu sou. O que eu faço em relação a isso é olhar pra mim, dentro das minhas limitações e defeitos, e procurar entender meus gatilhos e momentos. Eu me cobro mas tento não ser tão exigente comigo mesma. Às vezes preciso parar, mudar o foco, distrair um pouco a mente pra depois conseguir voltar e terminar algo. Dentro do que for possível eu tento respeitar o meu ritmo, lógico que nem sempre é possível, mas acredito que se enxergar de uma forma mais humana já ajude a diminuir a cobrança sobre si próprio e, consequentemente, nos ajude a lidar melhor com as expectativas e a ansiedade geradas.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Como eu falei ali em cima, sou muito medrosa, demorei muito para começar a compartilhar o que escrevia e sou assim até hoje. Eu releio algumas vezes e se acredito que esteja pronto passo adiante. Depois disso não posso mais voltar para relê-lo, caso contrário vou querer mudar tudo outra vez.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Apesar de amar escrever em papel, levo sempre um caderno na bolsa pra qualquer lugar que vá, eu acabo escrevendo muito mais no meu próprio celular. Meu bloco de notas é quase uma parte do meu próprio corpo. Quando eu posso sentar e parar para escrever, prefiro usar uma caneta e meus caderninhos, mas na rotina diária, às vezes surge uma ideia e o celular é o que tenho de mais acessível. Procuro usar a tecnologia como minha aliada, não como uma inimiga.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias vêm de tudo e todos. Tudo e todos que eu vejo, tudo e todos que escuto, tudo e todos que sinto. A única coisa que eu sei dizer que faço para manter a criatividade aflorada é procurar olhar para o mundo com um olhar que não seja rotineiro, eu procuro me encantar com as coisas, as mais simples que sejam, eu tento sempre ver a beleza que existe em tudo, isso me move, é o que me inspira.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Não sei se o meu processo mudou tanto ao longo dos anos, mas a minha percepção sobre ele e sobre a importância que ele tem que ter na minha vida cotidiana é algo que amadureci muito. Tenho buscado construir a minha identidade como escritora e estou fazendo isso um passo de cada vez. Se fosse possível voltar e me dar um conselho eu me diria pra não ter medo de ser quem eu sou e acreditar em cada um dos meus desejos mais profundos.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Sou incapaz de citar algum livro que eu gostaria de ler que ainda não exista, sinto que já existem tantas obras incríveis que eu gostaria de ler que talvez não consiga realizar essa tarefa em apenas uma vida. Sobre projetos, tenho muitos guardados aqui dentro, um deles é um sonho que tenho de escrever um livro que fale dos meus avós, aprendi muito com eles e suas histórias de vida, espero conseguir realizar esse projeto em um momento não muito distante.