B. Sousa é publicitária, redatora e autora do livro “A Menina que Libertou o Pássaro” (Pandorga).

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu levanto cedo para ir ao trabalho no qual sou redatora publicitária, então posso dizer que a escrita faz parte tanto nos meus momentos de lazer quanto do meu lado profissional. Eu vejo que a escrita publicitária é o meu lado racional, enquanto a literária é a emocional, mas ainda assim não quer dizer a publicitária não é feita com amor, apenas que preciso ser mais direta e comercial com ela. Meu objetivo diário é sempre treinar e aperfeiçoar minha escrita, além de ler livros quando estou no ponto de ônibus ou antes de dormir.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sempre me perguntam isso, mas a verdade é que não tenho horário. Apenas deixo fluir. Tem dias que eu tenho muita necessidade de escrever algo, nem que seja um conto, mas em relação ao meu ritual, eu tenho um: gosto de estar sozinha e no silêncio para escrever, pois odeio distrações.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu escrevo todos dias, até porque eu trabalho com redação, mas em relação a escrita literária eu procuro deixar fluir, não estabeleço uma meta, mas sim que eu tenho que praticar sempre.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Procuro ler bastante, dos mais diversos autores, Franz Kafka, Virginia Woolf e George Orwell são alguns que me inspiram a evoluir sempre como escritora. Depois da leitura, eu pesquiso bastante sobre o tema que vou trabalhar e só assim começo a escrever. Depois de finalizado, eu reviso várias vezes até enxergar a forma ideal. Em relação à pesquisa, eu sempre leio livros de temas que quero abordar, desde os mais técnicos aos romances, vejo bastante filmes e até depoimentos de pessoas (principalmente se vou contar uma história sobre uma doença específica).
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Eu prefiro pensar apenas por etapas, o medo da rejeição e das críticas sempre vão existir, mas eu não posso deixar que elas censurem a minha expressão ou me estacionem. Prefiro filtrar críticas que ajudem me evoluir como escritora. Enquanto aos projetos longos, eu vejo como um trabalho e por isso procuro evitar deixa-lo de lado. Mas como eu disse antes, eu não gosto de estabelecer metas, pois eu crio uma pressão que pode barrar todo o processo criativo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu reviso sempre, mas o problema é que de tanto revisar, nós nos viciamos na leitura e, assim, não conseguimos encontrar alguns erros. Por isso sempre peço para mais uma pessoa ler os meus textos.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu sempre ando com um caderno para anotar ideias, frases e até trechos dos meus textos. Quando era mais nova eu sempre levava um caderno de 10 matérias comigo e ficava escrevendo nos intervalos ou nas aulas vagas. Mas hoje em dia eu prefiro passar tudo para o computador, apesar de almejar ter uma máquina de escrever (risos).
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Normalmente de sonhos, sentimentos e até de paisagens, não tem um padrão. Mas, se quero ter alguma inspiração, eu leio muito e vejo filmes antigos (principalmente os franceses).
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu amadureci bastante, mas desde novinha eu escrevo sobre existencialismo. Acho que a diferença é que eu amadureci, mas sem deixar esse meu lado infantil desaparecer. É ele que me ajuda a escrever.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu estou escrevendo dois livros. Um é de contos e fala sobre laços de família, enquanto o segundo aborda uma temática bem diferente. Nele eu procuro focar na real natureza do homem, na ética e na moralidade. Mas em relação a uma história que eu gostaria muito de ler e que não existe, é com certeza o livro dos marotos da saga Harry Potter.