Arthur Del Guércio Neto é tabelião, professor, escritor e autor do Blog do DG.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Procuro sempre começar o meu dia com uma boa energia, afastado de coisas que possam me agitar, como o telefone celular.
Por cerca de 30 minutos, medito, faço afirmações positivas, visualizo o meu dia e oro.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Sou um Tabelião, amante do Direito Notarial e Registral, objeto principal de minha escrita. Por utilizar o meu dia para o trabalho como Tabelião, normalmente escrevo logo no início da manhã, e também à noite.
Gosto de ficar em ambientes silenciosos, propícios à escrita, nos quais não haja interrupções, as quais dificultam na concentração.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Procuro escrever sempre que tenho um tempo livre. Como possuo várias frentes de trabalhos escritos, escolho aquela que esteja mais encaixada ao momento em que me concentro para a escrita.
Acho interessante tentar ao menos utilizar meia hora diária para escrever, para manter o bom hábito. Normalmente as pessoas ignoram o tanto que podem produzir, se focadas, em 30 minutos. Esperam aparecer janelas longas, o que é difícil nos tempos modernos.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
O processo de escrita é dinâmico. Escolho o ponto a ser desenvolvido, pesquiso e parto para a escrita.
Me encanta a ideia de iniciar a produção de material, pois com algumas linhas rabiscadas, a evolução para um material completo é mais rápida. Muitos pensam, pensam e não saem da estaca inicial. É preciso começar e evoluir, ainda que 0,1% ao dia!
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
A ideia exposta na pergunta anterior, crescer ainda que 0,1% ao dia, ajuda a não gerar travas na escrita.
A procrastinação é natural do ser humano, e pensar que evoluímos um pouquinho por dia pode combatê-la.
Quando o projeto é muito longo, criar blocos de trabalho é um raciocínio interessante, pois minimiza aquela sensação de que nunca vai ter fim! Cada conclusão de bloco de trabalho é uma vitória a ser celebrada!
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Sempre que finalizo um trabalho escrito, releio ao menos uma vez, integral e ininterruptamente. Acho de suma relevância para compreender o contexto da escrita como um todo. Às vezes um trecho, lido isoladamente, faz sentido, mas dentro de um contexto maior torna-se inapropriado.
Além disso, absolutamente tudo que escrevo passa por uma revisão gramatical, ortográfica e estilística, realizada pelo meu nobre Amigo, Professor Elói Alves. Não tenho medo de expor que acho fundamental um profissional revisar tais aspectos; aliás, todos deveriam fazê-lo, tornando as leituras cotidianas mais prazerosas (como é ruim ler um artigo com erros…).
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
A tecnologia é uma aliada da escrita. Que bom termos computadores, mecânicas de salvar documentos, inserir trechos etc.
Não sou um grande dominador da tecnologia, mas me valho de parte dela para o trabalho escrito.
Vez ou outra, gosto de rascunhar à mão algumas ideias, antes de inseri-las no Word. Acho que a escrita manual pode gerar valiosas sacadas, pois é mais pessoal.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Boa parte de minha escrita é voltada ao Direito Notarial e Registral. As ideias vêm do cotidiano no cartório, das aulas e de questões tormentosas da atividade cartorária, que merecem tratativa detalhada.
Procuro sempre me manter antenado com as novidades do mundo, pois como os cartórios estão presentes em vários fatos da vida das pessoas, sempre surge uma oportunidade de abordagem de acordo com as atualidades, o que cativa a atenção do leitor.
Ideias brotam de várias fontes, às vezes até mesmo do descanso… A mente não para nunca!
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Aprendi a pensar menos e escrever mais! Sempre ficava pensando, pensando e demorava demais para entrar em ação.
Hoje procuro refletir sobre uma ideia e implementá-la em prazo rápido. Ao longo da escrita, vamos aperfeiçoando, afinando o trabalho.
Essa mudança incrementou demais a minha produção, e seria algo que gostaria de ter ouvido nos primeiros textos.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Hoje tenho alguns livros publicados, com materiais que não imaginava conceber. O “Contos e Causos Notariais”, pequenas histórias da atividade que desenvolvo, me encanta demais.
Em algum momento gostaria de trabalhar em minha biografia. Ainda não meditei se eu mesmo a escreveria, ou convidaria um terceiro.
Leio bastante, e no atual momento da Humanidade, creio que haja escritos para todos os tipos de assuntos. Por isso, não consigo pensar em algum assunto que gostaria de ler, mas que ainda não tenha sido escrito.