Armando Freitas Filho é escritor, vencedor do Prêmio Jabuti, autor de Dever e Rol.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sou escravo das minhas rotinas desde moço. Elas me estruturam. Os elementos que as compõem são mamão, chá, torradas e suco de laranja lima. Logo depois, caminho para não me perder.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Escrevo a qualquer hora, sem nenhum ritual. Até com lápis emprestado do jornaleiro; até na palma da mão.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta nenhuma. Os dias vão sendo escritos na medida que eles acabam. Como sou só poeta e não prosador é natural que posso acabar mais depressa. O que perdura é quando viro de escritor para reescritor. Aí duram anos, pois sou um obsessivo, ou melhor: passo de lebre para o pé da tartaruga.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Me movo conforme o dia que posso ter, que me varia, digamos assim.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
A gente sempre teme por tudo. Pelo menos eu sou assim. Mas vou em frente apesar do Temer de uma figa.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Aí é que são elas. Melhor: é ela, minha mulher Cristina, que dá um acabamento fino, depois que eu dei vários com lápis de ponta grossa. Sou, como já disse, a tartaruga, então, isto é, quase um ano de reescritor, para que ela não suje muito suas mãos.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Sou trifásico, nessa ordem, inflexível: caneta, máquina de escrever, computador.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Elas vêm da minha cabeça, tronco e membros.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Só falo com quem está por vir. A mudança foi sendo feita através do tempo. Espero que não tenha perdido as pitadas de sal e de açúcar com alguma novidade na receita.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
A que estou começando agora. Com lebre e tartaruga misturados. Se não existe o livro, não sei nem imagino.