Antônio Schimeneck é escritor.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Meu dia começa com a rotina de trabalho na Ama Livros, distribuidora e editora na qual desenvolvo minhas atividades profissionais. A escrita propriamente dita não toma a maior parte do meu tempo. Assim como muitos escritores brasileiros, escrevo nas férias e finais de semana.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Adoro escrever de manhã. Se um dia puder ser apenas escritor, este será meu horário de criação. A tarde será dedicada a outras tarefas e a noite para leitura nas suas diversas formas: livros, músicas, audiovisuais.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Como tenho uma rotina de trabalho que não é a da escrita, não consigo escrever todos os dias. Os períodos são mais concentrados. Normalmente escrevo a primeira versão de um livro entre janeiro a março e passo o restante do ano trabalhando o texto.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Procuro criar um roteiro da história que quero contar. A pesquisa em torno da narrativa se dá em todo o processo de criação. Muitas vezes inicio um conto e, para dar continuidade, preciso parar tudo e pesquisar algo que não tenho domínio. Não acho difícil começar um texto, mas demoro para desenvolver uma ideia, pois gosto de já ir corrigindo. Coisas da formação em Letras.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Ainda não me ative a trabalhos longos. Basicamente escrevo contos e novelas, com pouco tempo para criação, então, as horas que tenho, as uso. Às vezes tenho certa preguiça em retomar o trabalho, mas basta entrar no clima do que estou escrevendo e engreno na produção.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso muitas vezes. Costumo enviar o texto para leitura crítica de pelo menos três pessoas.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Gosto de rabiscar as histórias em cadernos. Ali faço observações, pesquisas, crio personagens. Depois inicio a digitação da história. Por vezes, elas acabam mudando substancialmente do que planejei nos rascunhos.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Costumo anotar em um bloco de notas do celular ideias que por ventura surjam no decorrer do dia. Acredito que a memória de escrita se alimenta de outras histórias, então, procuro ler diversificadamente. Além de ficção, leio textos teóricos, ouço muita música e vejo tantos filmes quanto possíveis.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Acredito que a minha escrita tende a evoluir. Isso é observável na releitura dos meus textos. Ao fazer reimpressões de livros, já pratiquei alguns ajustes que achei plausível. Claro, não pretendo reescrever os livros, pois cada um também marca o meu momento como escritor naquela época. Mas algumas mudanças de linguagem, em alguns casos, pratico.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero escrever um romance. Esse é um projeto para o futuro. Nunca pensei sobre qual livro gostaria de ler e que ainda não existe. Acho que estou tão preocupado em ler tudo aquilo que ainda precisa ser lido, que não parei para pensar em tal narrativa, mas certamente, eu gostaria de ser o escritor dessa história que ainda não existe… quem sabe?!