Antonella Flavia Catinari é escritora de literatura infantil e juvenil, autora de A Bicicleta e o Tempo.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Não tenho rotina matinal quando estou no Rio, uma vez que tenho algumas atividades matinais diferenciadas pela manhã e que requerem práticas diferentes. Às vezes saio para correr, às vezes vou ao mosaico, às vezes à ioga. Quando estou no meu sítio, sim, tenho rotina. Medito, canto mantras e aí vou preparar o café. Depois vou limpar o gramado e começar o dia.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Escrevo melhor à tardinha ou de madrugada. Gosto de sentar no meu escritório, trancada, ouvir música instrumental bem baixa para apenas dar ritmo. Na serra, gosto de escrever após as 16h. Nessa hora entre os mosquitos e a noite.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não escrevo diariamente. Mas tenho essa meta. Escrevo em períodos concentrados.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não faço muita pesquisa antes. Começo a escrever. À medida que as demandas surgem, vou pesquisar. Tenho vários arquivos com trechos iniciados que abro quando vou escrever. Ou consulto meu caderninho de notas. Depende de meu envolvimento com o que estou escrevendo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não lido muito bem. A procrastinação me arrasa. (risos) E, em determinados períodos, o medo produz uma secura na escrita.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Depende. No mínimo umas cinco vezes. Sempre mostro para companheiros de escrita ou amigos queridos.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Depende. Costumo fazer notas tanto em caderninhos como no computador. Mas o texto mesmo é escrito no computador. Fico com arquivos diários quando estou escrevendo algo de mais fôlego.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Leitura, muita, e de tudo um pouco. Conversas e observação atenta da vida cotidiana. Filmes e séries.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar aos seus primeiros escritos?
Hoje me sinto mais tranquila em relação ao que escrevo, ao que brota de mim. Consigo rir mais de mim mesma. E a meditação trouxe muita paz e aceitação. Quanto à tese, eu diria a mim mesma: não tenha medo de burlar essa caretice!
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Uma saga de minha família. Tenho apenas umas notas e a pesquisa. Mas nenhuma linha escrita. Essa pergunta do livro é impossível de responder. Basta ir à Biblioteca Nacional ou à Livraria da Travessa para saber que esse livro deve existir. Seria pretensão dizer que ele não existe. Comparada com o que existe para ler, minha leitura é ínfima… há tanto para ler que seriam necessárias umas três encarnações de boa leitora para dar conta de um mínimo…