Andreia Marques é filósofa, escritora, poeta, mediadora de leitura e ilustradora.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sim, sigo uma espécie de ritual matinal, sempre que possível – não consigo mantê-lo em dias de evento ou quando preciso sair pela manhã. Consiste em acordar cedo, ler um livro, meditar e fazer exercícios.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Geralmente, na parte da tarde costumo escrever mais. Começo ouvindo uma música que tenha a mesma “sintonia” que os textos que eu precise escrever e, depois, deixo a imaginação fluir.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo todos os dias, com exceção do final de semana e dos dias que tenho evento ou compromisso. Mas não tenho uma meta de caracteres por dia ou algo parecido. Apenas escrevo o máximo possível.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Começar é sempre mais difícil. Contudo, depois da primeira página, o próprio texto toma forma e ritmo. Quanto à pesquisa, pra mim, é essencial durante todo o processo de construção de um livro. Quando precisei escrever uma série de lendas brasileiras para crianças, por exemplo, recorria a todas as fontes possíveis antes e durante toda a produção das histórias.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Medo, todos temos. Acredito que a ansiedade de desempenho, ou o desejo da perfeição, seja uma companheira de todo escritor. O importante é não se deixar paralisar pelo medo e não permitir ser vencido pela procrastinação, que também pode ser uma forma de sucumbir ao medo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu reviso meus textos até depois de publicados e sempre tenho a vontade de alterar algo. Não tem jeito. (risos) A únicas pessoas que leem meus escritos antes da publicação é o meu marido, também ilustrador, Ed Soares e, é claro, o revisor ou revisora da obra.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Na maioria das vezes, escrevo no notebook e, muito raramente, no celular.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
O processo de inspiração é imprevisível! Ideias podem surgir de uma conversa despretensiosa, de uma imagem de revista, enfim, de infinitas formas. Tento me manter criativa através da escrita diária e da leitura de livros de outros autores.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O que mudou bastante foi a disciplina. Agora, escrevo todos os dias. Antes, passava até meses sem escrever uma linha sequer. Se eu pudesse dizer algo sobre a escrita, para a minha versão de tempo atrás, eu diria para escrever sempre que possível.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho o projeto de um romance medieval (saindo da categoria infantil), que rascunhei diversas vezes mas ainda não tive a oportunidade de começar a escrever. E tenho uma “fila de espera” de mais de cem livros que já adquiri e estou lendo aos poucos. Mas essa fila só aumenta todas as vezes que vou à uma livraria ou evento literário. (risos)