Ana Resende é tradutora profissional e mestranda em literaturas de língua inglesa na UFF.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Na verdade, eu gosto de começar a trabalhar cedinho, após o café da manhã. Começo lendo os jornais diários, depois, procuro ler revistas literárias e blogs especializados no período literário que eu estudo (século XIX e início do XX) e faço alguma pesquisa sobre os assuntos que me interessam. Agora peguei o hábito de ouvir podcasts também.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Durante a manhã, bem cedo mesmo. Não tenho ritual, mas, como contei, gosto de fazer pesquisas pela manhã. Muitas vezes, dessas pesquisas saem ideias para traduções ou artigos.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho metas. Procuro escrever todos os dias quando tenho chance, pois tenho que dosar a pesquisa e a escrita com trabalhos remunerados.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu passo da pesquisa à escrita sem problemas. Sou bastante disciplinada.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Em projetos longos, eu procuro ter algum tempo para “respirar” e ver outras coisas, mas eu gosto de projetos longos, tanto os pessoais quanto os profissionais (e remunerados).
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu releio várias vezes e mexo bastante no texto, mas ainda não tenho o hábito de mostrar para as pessoas.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Eu já escrevo no computador e mantenho várias abas abertas no navegador durante a escrita. Às vezes, deixo dois navegadores abertos, cheios de abas abertas!
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Não tenho nenhum hábito, mas procuro me manter informada sobre livros, filmes etc. que estão saindo ou que estão pra sair e procuro acompanhar discussões acadêmicas também.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O processo continua o mesmo e eu continuo com o mesmo grau de exigência e crítica em relação aos meus textos.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Eu gostaria de pesquisar mais sobre folk horror e voltar a pesquisar sobre folclore em geral e contos de fadas (eu sou especialista em contos de fadas alemães; estudei um autor e compilador contemporâneo dos irmãos Grimm, mas que pouca gente conhece, Ludwig Bechstein).
Um livro que eu gostaria de ler (ou um dia escrever) é uma biografia que dê conta realmente da vida da autora de livros infantis e de contos de fantasmas Edith Nesbit. A única biografia dela foi escrita por uma pesquisadora que não se interessava pelos contos de fantasmas e que privilegiou apenas os contos infantis. Além disso, omitiu detalhes da vida pessoal da Nesbit.