Alfredo Guimarães Garcia é escritor e jornalista, mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Pará.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Segundas, quartas e sextas, logo cedo faço caminhadas. Segundas, terças, quartas e sextas depois das 9 horas, e geral leio, estudo e escrevo até meio-dia. Às quintas dou aulas a manhã toda.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Pela manhã sinto que produzo melhor, a escrita é mais solta. Mas pelas noites também escrevo, algumas vezes para cumprir prazos. Não tenho grandes rituais ou preparação para essa tarefa da escrita. Ligo o notebook e passo a limpo minhas anotações, oriundas de diversos blocos que tenho e carrego em mochilas, pastas ou espalhados em locias da minha casa.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Um pouco todos os dias. Algumas vezes em períodos concentrados. Dependo muito da demanda existente. Em geral, especialmente quanto à prosa, após uma longa pesquisa de fundo histórico e leituras de textos diversos.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Até mais ou menos uns dois anos passados eu nem saberia responder. Minha escrita era puro instinto. Hoje o meu processo de escrita envolve um básico planejamento. Primeiro surge a ideia sobre o que eu vou escrever. Depois pesquiso muito sobre o tema. Leio autores-referência em História, etc. Depois divido o livro em partes. Se e um romance ou uma novela por exemplo, abro pastas no computador com tudo que se refere a tal capítulo E assim vou construindo a obra, o que dá muito trabalho e leva muito tempo.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Isso é o temor de todos os escritores. Se um romance trava, o deixo de lado e vou escrever poemas, crônicas, etc. Estou aprendendo a lidar com a ansiedade nos livros em proa, os mais longos. Estes exigem muito mas reescrita do que os outros.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não costumava fazer isso antes. A escrita da prosa mais longa me obriga a fazer ao menos cinco revisões – seja antes de achar que os textos estão no ponto, seja depois dele diagramado. Minha novela de estreia mostrei para cinco leitores-modelo. Foi uma boa experiência, a qual pretendo reeditar.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo no papel que está ao meu alcance, o até mesmo no celular. Com Poesia tem dado muito certo, até porque tenho publicado com regularidade no Facebook. Com a prosa quase sempre escrevo direto no computador. Essa disciplina veio da atividade jornalística que exerci por mais de duas décadas.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Antes do autor já havia o leitor. Ele me alimenta com as leituras de livros diversos (Poesia, Contos, Romances), jornais, revistas. E, como uso o transporte público, sento observo, ouço, espio perscruto.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Iniciei na década de 80, em 1985, na Poesia. Muito do que eu escrevi e publiquei na época eu venho reescrevendo, sem tirar a essência. Com alguns textos que releio eu me surpreendo com a maturidade que eu demonstrava e a criatividade efervescente. Outros, se fosse hoje, eu nem teria publicado.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Ainda tenho como ambição publicar em livro um longuíssimo poema memorialístico e também – já que estou entrando nos 35 anos de Literatura (1985-2020) – reunir em antologias meus poemas, contos e crônicas.