Aleksandro F. de Paula é escritor, poeta e cronista.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu não tenho uma rotina matinal. Já que nunca quis encarar o fazer literário como obrigação.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu não possuo horário determinado para escrever. Tenho, sim, alguns horários que tento manter, mas isso tudo faz parte de um mecanismo de rotina bem mais abrangente. Não tenho ritual para escrever.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Escrevo muito pouco, mas reviso muito os textos que já tenho. Há períodos, sim, que são determinados exatamente por um mecanismo que define períodos em que reviso os textos ou livros já fechados. Não tenho meta de escrita diária.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
O processo de escrita se dá pelos períodos em que devo revisar os livros e textos, e quando surge alguma ideia para escrever. Algumas vezes, sim, amadureço a ideia antes de concretizá-la. Não tenho dificuldade para começar uma ideia, talvez por me adequar e me orientar compor textos os mais curtos possíveis. Raras vezes, os meus textos necessitam de pesquisas.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
As travas da escrita não me atormentam, pois, como já disse, nunca desejei que o escrever fosse algo encarado como dever. Quanto ao medo de não corresponder com as expectativas, sempre me orientei, também, a ter o produzir literatura como algo intrinsecamente particular. Ainda que anseie pelo reconhecimento, também o temo. Considero, inclusive, isso como algo invasivo. Gosto, às vezes, de ter apenas meia dúzia de leitores quase fiéis. Gosto e prezo pela ideia de ser um escritor amador, sempre. E quanto a projetos longos, nunca os tive como objetivo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso interminavelmente os meus textos, em períodos predeterminados. Como já o disse anteriormente, a ideia de ser uma atividade extremamente reservada, e ter um círculo de amizade com interesse quase nulo no que escrevo, quase nada é mostrado antes de publicar.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo no meu notebook. Escrevo também no smartphone.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Condicionei-me a que minhas ideias viessem da maneira mais ao acaso possível. Sendo assim, não procuro ter hábitos que visem a isso. Claro, sempre considerei que o melhor alimento para a criatividade é bem se alimentar. Alimentar com boas leituras.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O meu processo de escrita invariavelmente se manteve uniforme, acredito. Evidente, houve uma mudança na minha volta em 2012, após quase dez anos praticamente afastado da escrita. O processo se fincou num mecanismo que criei para exatamente manter-me diligente e disciplinado na produção. Sobre o que eu diria no início de tudo não saberia. Talvez, dissesse que não parasse. Esses dez anos sem praticamente nada escrever foi deveras um atraso em minha evolução como escritor.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Creio que não tenho projeto que eu não queira fazer. Talvez, procurar escrever um livro com determinado tema, não literário, mas ligado algum pensamento que trago e que dá certa unidade a minha produção tão variada. Mas, não quero me perder num projeto longo. Eu tenho que estar atento a pequenos lampejos. O livro que eu gostaria de ler e ainda não existe? Possivelmente, esse que unificaria uma determinada ideia minha que se encontra esparsada em meu trabalho, um tanto quanto variado.