Aldirene Máximo é antologista, biblioterapeuta, blogueira, cronista, escritora, narradora de histórias, poeta, professora, psicopedagoga e revisora de textos.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Geralmente pela manhã eu faço alguma leitura. Tenho essa rotina desde sempre pois sempre estudei na parte da manhã. Acredito que a leitura flui melhor.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu escrevo na hora em que a inspiração vem. Confesso que a maioria dos meus textos eu escrevi de madrugada.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta. Deixo a inspiração fluir. Uma vez iniciei um projeto. Comecei a escrever às 19:00 horas e só consegui parar às 3:00 horas. Foi algo intenso. Quando vi, havia escrito 60 páginas. Não acreditei.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Digo sempre que meu processo de escrita é um presente de Deus. Tenho muita facilidade. Inicio uma conversa com um grupo de amigos e a inspiração floresce. Estou habituada a escrever literatura. Confesso que tive uma certa dificuldade para escrever meu TCC da pós-graduação. O prazo estava acabando, eu tentava me concentrar para finalizar o projeto e poesias brotavam. Resultado: escrevi um livro nesse processo. Dei Voz à inspiração e quando consegui acalmar essa coisa gritante dentro de mim, consegui finalizar o TCC. Mas, não foi fácil!
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Nesse momento estou com um certo bloqueio criativo. Há momentos que escrevo mais. Há momentos que escrevo menos. Acredito que todo escritor viva isso. Quanto à procrastinação, o único problema que tive até hoje foi o fato citado na questão anterior, referente à produção do meu TCC. Como dou Voz à inspiração, costumo deixá-la fluir. Quanto à expectativas, não crio. Aceito o público que me quiser. Escrevo com o coração. Quero ser lida. Mas, aprendi que Poesia linda precisa ser degustada e digerida. Então, se eu adquirir fãs significa que a Poesia cumpriu a missão em minha vida e eu na dela. Ansiedade é algo forte. Meus projetos solos obedecem a voz do meu coração. Quando ele diz que é o momento de parar, eu paro. E livro de poesia geralmente não é tão longo. Quando organizo antologias (até o momento organizei 3!) a ansiedade para ver o projeto nascer, é maior. Pois são várias vozes unidas à sua e sem dúvidas, leva um tempo maior para ficar pronta.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu reviso 3 vezes. Envio para minha revisora. (Sim. Tenho uma revisora). Depois do trabalho revisado por ela, envio à editora e faço a revisão final antes de ser impresso. De vez em quando compartilho alguns textos com algumas amigas.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Ainda sou do tempo que se escreve à mão. Mas, como disse: quando a inspiração vem, deixo fluir. Então, meus últimos textos foram rascunhados no bloco de notas do celular.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Geralmente escrevo sobre o Amor, sobre Deus e sobre a natureza. Muitos dos meus textos foram escritos a partir de conversas com amigas. Outros, durante a adolescência e alguns durante a graduação no curso de Letras. Não cultivo hábitos. Mas, algumas conversas com algumas pessoas já me inspiraram lindos textos.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
O fato de eu ter cursado Letras. Aprendi muita coisa no curso. Sem contar que aprendi a ler e a interpretar textos de uma maneira mais profunda. Eu diria: “Parabéns por não ter desistido da Poesia! Parabéns por ter se dedicado até aqui. Veja o quanto você cresceu!”
(Meu desejo de ser escritora iniciou aos 8 anos!)
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Escrevo poesia, crônica, contos e infantis. Já tive vontade de escrever um romance. Mas, ainda não consegui. Projetos muito longos me deixam ansiosa e infelizmente a inspiração não flui. Livro que não existe? Talvez um que me ensine a guardar a inspiração para que eu consiga dormir (sofro de insônia) e poder escrever as idéias após ter dormido. Como eu disse, a inspiração costuma aparecer nas madrugadas. Para meus leitores, isso é maravilhoso pois são nesses momentos que escrevo os textos que eles mais curtem. Mas, isso me deixa bem cansada!
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Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
Deixo fluir. Depende da inspiração. Já vivi as duas experiências. Porém, considero mais desafiador finalizar o projeto.
Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
No caso da literatura, geralmente deixo fluir. Gosto de fazer um de cada vez pois acredito que assim fica mais organizado. Sou perfeccionista e se tenho muito trabalho acumulado, me pressiono e acabo ficando muito ansiosa.
O que motiva você como escritora? Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita?
Saber que apesar de ainda ter uma longa estrada a trilhar, consegui me encontrar na escrita. E aceito o público que realmente gostar do meu trabalho. Sim, lembro e desde esse dia tenho me aventurado. Tem sido uma grande experiência, conheci muitas escritoras incríveis, que muito têm me ensinado e me sinto grata.
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Alguma autora influenciou você mais do que outras?
Escrevo desde criança. Fui amadurecendo conforme fui escrevendo. A maior dificuldade, foi a falta de tempo quando na adolescência, entrei para o mercado de trabalho. E isso me trouxe além de um grande bloqueio criativo, uma intensa crise existencial e ansiedade. Acredito que Cecília Meireles, Clarice Lispector, Rute Rocha e Lygia Bojunga Nunes. Sou fã de todas.
Você poderia recomendar três livros aos seus leitores, destacando o que mais gosta em cada um deles?
Resiliência: um livro muito especial que eu tive o privilégio de escrever em parceria com uma amiga e em breve será lançado, pela Editora Scortecci. Estou apaixonada por esse projeto e acredito que muitas pessoas vão se identificar pois traz mensagens de esperança. E nesse momento que estamos vivendo, sei que precisamos ser resilientes.
Elas e as Letras (todas as edições!) Além de ser um projeto lindo que eu tive a honra de organizar ao lado da querida escritora Jullie Veiga, é uma grande oportunidade de mais pessoas conhecerem e aplaudirem literaturas produzidas por mulheres.
O canto da Borboleta, da escritora Rita Queiroz. Pois é um livro que fala sobre encontrar-se.