Ademir Demarchi é escritor e editor, autor de “Gambiarra – Uma pinguela para o futuro do pretérito” (Urutau, 2018), entre outros.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
“…acordou de sonhos intranquilos…”
Todo despertar, todo começo de dia ou mesmo de uma vida tem a maldição de uma precedência, de uma noite e, quase sempre, de trevas, o que é uma condicionante para qualquer pessoa que tenha a pretensão de ser escritor, ou qualquer outra atividade no campo da arte e do pensamento, sob pena de falência na ignorância alienada do mundo em que vive. Se há uma rotina, há, já, uma forma estruturante mental condenatória e condicionante dos atos, mesmo “rotineiros”, repetitivos, que se sucederão… A inocência somente é aceitável como forma de loucura.
Daí que essa sua questão exige um contexto para fazer sentido, pelo menos para mim, pois creio não haver dia que se comece impunemente. Eis que desde a primeira publicação, quando tinha uns 18 anos, um comentário, de Eduardo Galeano, lá incluído como epígrafe, me acompanha por toda a vida, até agora, 40 anos depois, como uma espécie de mantra que é preciso repetir sempre, diria diariamente: “Uma das funções da literatura é guardar o nome de cada coisa frente a uma máquina de mentir posta em movimento para nos convencer de que o amor é uma sensação que se tem ao ver um automóvel…”
Não é possível, portanto, após uma noite que se estende como um manto, uma nuvem negra num céu imenso, acordar todos os dias, após a consciência sobressaltada por sonhos intranquilos, motivada pela ciência de onde se está, e simplesmente entrar na máquina, cair numa rotina repetitiva de ações impensadas… A máquina, logicamente, é infinitamente mais abrangente em sua moldagem das mentes… Por isso, por outro aspecto, se constata que a experiência de Kafka não se esgotou, pelo contrário, se renova ensandecidamente, a todo acordar, ao se constatar que o Estado é totalitário por sua própria natureza, nunca a perde, e continua aí, fora do conforto ilusionista da cama noturna, tendo por consciência o sistema econômico que visa lucro a todo custo e por alma as religiões que sintetizam sutilmente nas mentes das pessoas uma demoníaca simbiose da ideia de Deus (ideia criada pelo próprio homem) com o próprio Estado, com a Mercadoria, com o Poder e suas similaridades para escravizá-las, essas pessoas, como bons cordeiros sempre prontos para o abate, acreditando-se condenados pelo pecado original impingido em suas mentes pelo medo.
Nosso país, no período recente, de golpe em golpe por uma camarilha que recusou o resultado das eleições impondo a deposição de Dilma, ela que se opôs, não tão enfaticamente, ao sistema de corrupção na Petrobras e no Congresso, e a prisão de Lula, provavelmente o melhor presidente que este país já teve, através de uma armação por juízes de fraldas, medíocres, ambiciosos, políticos e monetaristas, consubstanciou a patética volta dos militares ao governo, env(i)lhecidos como aquele heleno diminuto em sua cadeirinha de rodas, delirando narcotizado e tendo por porta-voz esse boneco de ventríloquo com associações milicianas que está na presidência, idiotizados de fardas a serviço do sistema econômico norte-americano para vender tudo a eles (a Embraer já foi para a Boeing com o conhecimento de fabricação de aviões nacionais que será perdido; o pré-sal e setores estratégicos da produção de combustível já foram para as petroleiras norte-americanas e muito mais está a caminho, como a riqueza da floresta amazônica, os minérios, as vidas sapientes valiosas como as dos indígenas, todo o sistema educacional e de pesquisa sendo corroído…)…
Mais que isso, porém, estão fazendo destruir tudo que foi sistematizado em longas discussões sobre o país para chegar a um momento em que acreditávamos de avanço democrático e de distribuição de renda. Essa síntese, configurada na Constituição de 1988, está sendo desmontada e vislumbro que retornamos cem anos já, a 1888, momento a partir do qual estamos nos dirigindo ainda mais para trás. Espero, sinceramente, que esses timoneiros do Apocalipse de religião de rodapé encontrem os tupinambás lá nesse passado que buscam que acertem as bordunas em suas caveiras e os assem como antigamente.
O Estado totalitário, ao se acordar a cada dia, portanto, está aí, com toda sua força e vísceras podres expostas, governando as mentes, agindo em favor do sistema econômico, autorizando a violência através da ação das polícias, fazendo a liberação para o agronegócio de venenos nefastos e multiplicando a mortandade; estimulando a ocupação e queimada da Amazônia com o assassinato de índios, que também é política de governo com o extermínio de negros nas áreas urbanas. Soma-se a isso uma ação por parte do Estado e dos meios de comunicação de espalhar o medo de forma generalizada para viabilizar a aceitação pacífica das ações ditatoriais que começam no governo e terminam na mão dos PMs que apertam gatilhos irresponsavelmente, se imiscuindo também nas mentes de todos como solução e pavor.
Nesse contexto é importante ressaltar, além da prática estatal de impunibilidade das ações policiais, que desde 2010 mais de 70 mil novas igrejas foram abertas; em 2020 os evangélicos serão mais de cem milhões no país, superando a outra manada formada pelos católicos e outros crentes de variada coloração dita espiritual pagadores de dízimos sem cobrança de impostos; com essa horda de leitores de versículos como verdades totalizantes é preciso também ter em conta que neste país que hoje tem mais de 200 milhões de habitantes, em 2005 cerca de 7% eram analfabetos e 68% analfabetos funcionais, restando, naquele momento, apenas 25% (50 milhões) deles com capacidade de leitura, mas que não liam.
Essesdados são de 2005, ressalto, obtidos em pesquisa de medição do analfabetismo funcional pelo Instituto Paulo Montenegro/IBOPE com critérios de compreensão de leitura aplicados na medição dos dados; pois bem, isso já era, pois, passados praticamente 15 anos, com o enterro de todos os avanços da primeira década deste século, hoje voltamos a ter no país 23 milhões, ou seja, quase 25% da população, na condição de pobres que vivem com menos de R$ 240 por mês, tendo voltado a fome para já 5 milhões, ao que se somam os 14 milhões de desempregados, e muitos índices negativos mais, resultando num massacre de uma ou mais gerações que são obrigadas a abandonar os estudos e ampliar o analfabetismo, concretizando o retorno à escravidão tal como no século 19. Ou seja, isso que se denomina como “os que escrevemos” (no que penso estar incluído) é um nicho fantasioso, uma bolha formada por pessoas que escrevem para dezenas de milhões de mortos-vivos. Daniela Lima, em depoimento aqui no site, disse que Michel Foucault contou que só conseguia escrever se imaginasse que todos já estavam mortos. “Para ele, esse é o lugar de possibilidade da escrita”, disse ela. Ou seja, nós da bolha estamos no lugar perfeito!
Como dizia, lá no início, “…acordou de sonhos intranquilos…” Acordando, tendo por sombra esse estado de coisas, é impositivo inverter suas perguntas: “como começar o dia?”, “como ter uma rotina matinal?” Não olhar à volta, não ter consciência desse contexto todo seria como dizer, como Eichmann, que “não matei nenhum humano”…, aceitando pacificamente a condição de ovelha perfeitamente integrada ao comodismo da “banalidade do mal”.
Por isso gosto também, como se fosse outro mantra que me acompanha, de um dito de Juan Gelman, somado àquele outro que mencionei, que descreve um sujeito num café francês, assim: “…olhava os franceses pela janela do café / e dizia ‘os idiotas fazem filhos’”. Isso porque é imperativo, para um escritor etc., olhar o mundo com estranheza, sentir o amargor do café em sua singularidade e não aceitar nada como dado e natural, daí meu apreço pela negatividade do pensamento e da poesia e pelo riso no romance, de forma a expor reiteradamente como o ser humano é ridículo em sua empáfia e repetição de tudo e de si mesmo.
Começar, portanto, o dia, é fazer um esforço reiterado de manter a sanidade nesse estado de coisas e não perecer na ansiedade, na doença ou na alienação confortável da ignorância e, evidentemente, não ser demasiadamente ridículo. Faço um esforço de manter-me conectado ao pensamento, ao vozerio sussurrado dos escritores que estão na minha biblioteca, lendo todos os dias, ao menos algumas linhas, mesmo quando a máquina do sistema não permite puxando para o trabalho, para um mundo completamente estranho, a afazeres os mais diversos a que somos obrigados para conviver, para pagar as contas ou até mesmo comprar livros… Quando tenho tempo e tranquilidade, começo lendo algumas resenhas de jornais literários, depois um tanto de uns dois livros diferentes e vou ao trabalho propriamente dito de escrever, traduzir, revisar… antes de ir ao outro trabalho que tem o empenho diário de tentar apagar da minha mente tudo o que vivi pela manhã, contra o que e contra o qual resisto para manter um sentimento ao mesmo tempo de humanidade e de animal que vê esse mundo com estranheza.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Prefiro as manhãs, que em geral tenho livres, pois meu trabalho profissional, que paga as contas, vai do meio-dia até início ou parte da noite. Mas isso é relativo, variável, pois a insônia ou estados de insanidade temporários, afinal nossa mente se altera o tempo todo por drogas, bebidas, pelos bichos que comemos, pela poluição, por venenos que recebemos, pelo humor de outras pessoas, tudo isso pode provocar impulsos que levam a escrever – ou impedir de. Ritual é tolice. Ou se tem determinação ou não se faz. Escrever é trabalho, ainda que eventualmente cause prazer. Recentemente conheci um senhorzinho bem humorado que mexia com umas tábuas para arrumar um trapiche de sua pousada à beira do rio Paracauari, perto da afluência no rio Marajó, um lugar muito aprazível, onde me parecia ser alguma forma de prazer consertar um trapiche e, ao me despedir disse a ele o usual “bom trabalho!”. Ele me respondeu: “Agradeço, ainda que não concorde que exista bom trabalho…”
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Sou tentado a dizer que quem tem meta é motorista de Uber, mas vá lá, não tenho meta alguma clara, tenho o desejo vago de fazer que eventualmente pode ser um objetivo claro – por exemplo, responder esta entrevista sem cair no lugar comum das respostas convencionais – isso leva tempo, por isso demorou para o ônibus passar, a hora de fazer isso, apesar das suas reiteradas solicitações. Quando consigo imergir em um trabalho, chego a um estado de concentração que ele avança, porém o desafio de manter esse envolvimento é diário, é uma guerra, ameaçado pelo estado de coisas de que falei, pelas demandas de todo tipo. É preciso ser muito persistente para concluir um projeto, chegar a um livro que alcance alguma razoabilidade de pensamento.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Meu processo é caótico. Faço muitas notas, mudo de assunto, mudo de leituras, sempre em função das demandas ou das variações de humor, da mudança da Lua…, do tempo, às vezes estou num estado interessante de envolvimento com um assunto e escrita e tenho de viajar, pronto, essa interrupção causa um transtorno irreparável que dificulta voltar ao estado em que estava. Às vezes, porém, é ótimo porque o distanciamento do objeto leva a uma nova visada sobre ele que pode ser transformadora para a reflexão. Como procuro ter objetividade quanto ao que é importante, mesmo que me perca em muitos caminhos que se bifurcam (ah, Borges é um deles) e leve tempo nessa errância, sempre consigo voltar, continuar e concluir, o que comprova, para mim, que a vida é uma espécie de loucura em que estamos, com essa multiplicidade de caminhos em que muitos se perdem ou estacam em um beco sem saída.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
As travas criativas, quando ocorrem, são superadas com leitura e a possibilidade agradável de errância do pensamento. Já as de outra ordem, como demandas de trabalho etc, tem-se que ter paciência e administrar bem o tempo para não desperdiçar as energias todas em conflitos ou na natureza mesmo do trabalho, que é uma forma de prostituição por sermos obrigados, para ganhar dinheiro, a ter que lidar com gente desinteressante, fazer tarefas inúteis, absurdas, reuniões improdutivas… A boa administração do tempo tem me ajudado. Mesmo com o uso da procrastinação para outros prazeres, ela não me afeta, nem a ansiedade que, essa sim, vem de outras fontes, como os confrontos profissionais e às vezes é impeditiva. Se assim não fosse não teria conseguido atender encomenda como fazer uma antologia de 101 poetas do Paraná (centenas de livros lidos para selecionar), editar 15 números da revista de poesia Babel, mais de trinta livros no selo cartoneiro Sereia Ca(n)tadora e vários livros de poemas, como Pirão de sereia; Gambiarra – Uma pinguela para o futuro do pretérito; O amor é lindo…
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso muitas, na medida mesmo em que escrevo e também quando concluo, as revisões são sempre de pontos de vista distintos. Não mostro meus trabalhos pra ninguém, alcancei a solidão da desnecessidade de interlocutores, um tanto pela maturidade outro pelas tentativas feitas com retornos pífios ou inexistentes. Eu diria que nem os amigos têm mais tempo para nada, nem para essa atenção que dá a medida da reciprocidade, salvo raríssimas exceções. Fui de um tempo em que se trocava cartas, hoje não há mais isso, há um estado de estar intenso, estamos todos no ar, tanto que passam-se meses sem falar com alguém e de repente chega uma mensagem sem sequer um oi questionando algo, apresentando um texto ou qualquer coisa como se estivéssemos um ao lado do outro, como se tivéssemos falado há pouco. Perdeu-se muito, como, por exemplo, o ato gentil de acusar o recebimento de um livro. Tenho a sensação de que todos estão tentando salvar a si próprios da danação dos infernos que o ego garante… De minha parte procuro agir de modo distinto, procuro ter tempo para todos, responder a todas as demandas, ler, opinar, escrever orelhas, prefácios, resenhas, mesmo que demore – tento transformar tudo em fluxo de trabalho, em reflexão pensada, evitando o facilitarismo, a banalidade, o lugar comum. Se consigo, transformando isso em texto, somente os leitores que imagino que existam, ocultos na multidão de mortos, poderiam dizer…
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Escrevo de todas as formas. Tanto direto no computador quanto faço notas em cadernos ou mesmo escrevo neles, anoto em papéis avulsos, no bloco de notas do telefone celular, onde é possível e no momento renda mais. Há diferenças, é claro. O computador exige um estado de alerta maior, um estado de trabalho, por isso às vezes prefiro fazer notas em cadernos, depois passo a limpo. Apenas não gosto de ler livros em celular ou computador, pois prefiro o papel, ainda que leia muito nesses veículos.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Minhas ideias vêm da observação do mundo, da escuta das pessoas – que falam muito, mais que ouvem – dos filmes, do noticiário, sobretudo da leitura constante. Aquela compreensão do mundo, tal como disse no início, de ter nascido e de estar vivendo num país que insiste em ser periférico e emerdalhado como o nosso causa uma espécie de condenação, levando àquela condição apontada por Silviano Santiago, do escritor brasileiro estar induzido a fazer uma “literatura anfíbia” (leia-se Cosmopolitismo do pobre), uma vez que se vê forçado a lidar com essa questão excruciante e acaba enredado. Lidar com isso, com esse paradoxo, de escrever com inspiração na realidade do país, mas também contra isso, de buscar escritas alheias, imaginativas são desafios que alimentam a criatividade. Hábitos? Leituras, filmes, consertos, conversas, compartilhamentos… e até passeatas. Hoje teremos uma contra o fim da Amazônia, vou pra rua.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A única coisa que eu diria àquele que fui seria que lesse mais do que leu. Levei muito tempo para publicar meu primeiro livro, quando fiz uns 40 anos, foi no tempo certo, num momento de maturidade, após muita militância política e leitura. Antes disso publiquei apenas uns livretos distribuídos entre amigos, que já continham as ideias do livro que eu viria a publicar, no caso Os mortos na sala de jantar. A mudança não se deu propriamente, portanto, em minha escrita, mas em meu pensamento, pois levei meus primeiros quinze anos de vida para superar a religião e seu mundo kitsch, que é uma praga em minha cidade, Maringá, que estava espalhada, naquela época, na escola, nas relações, não havia namorada sem estar naquele lugar infecto pelo suor calorento das missas, e, depois disso, levei muito tempo mais para superar a metafísica paralisante vinda daquele lugar e encontrar o tom crítico, o senso de humor que foram libertadores. Sobre Maringá, escrevi um ensaio impagável que está no livro Espantalhos.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Gostaria de concluir um romance, Relíquia macabra, parte de uma trilogia de fundo político discreto, que atravessa umas três décadas, sobre personagens secundários da cena, que estão no ventre podre da máquina preparando os púlpitos-palquinhos para os trogloditas devoradores de votos. Tenho concluído um capítulo, já publicado na forma de conto em um livro, todo o resto está planejado, porém faltam as condições, o tempo adequado, o momento, que está próximo se conseguir ser rápido, pois preicso fechar um livro de ensaios sobre poesia, o Contrapoéticas, que tem data de publicação no próximo ano, lá por março. Quanto ao livro que gostaria de ler que não existe, diria que são todos os que estão na minha biblioteca que ainda não li, uma vez que eles somente passam verdadeiramente a existir quando os tiramos da estante e os lemos. Essa biblioteca com a qual venho convivendo há muitos anos, deve ter uns sete mil livros atualmente, muitos já li e reli, outros atravessei superficialmente ou sempre estou consultando e lendo algo, eles estão o tempo todo rumorejando as vozes dos autores, muitos que li vão se embora pois não resistem a uma segunda leitura e há os que permanecem, renovados a cada reencontro, como Borges. Outro deles é Moby Dick, cujo senso de humor de Melville me encanta, e que venho lendo e relendo em umas três versões com prazer, sem pressa, com o objetivo de, talvez no próximo ano, fazer uma leitura dele performática, talvez inteiro, sob o ventre da ossada de uma enorme baleia que há no Museu de Pesca em Santos. Não penso em Jonas, mas em Moby Dick mesmo, no espírito dela que ainda ressoa através do livro e daquela ossada, atravessando os tempos até este momento seco de utopia que vivemos.