Silvia Rabelo é escritora.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Depois de uma profunda e consciente espreguiçada ainda na cama, levanto-me e vou em direção ao meu parceirão filtro de barro. Alii mesmo entorno goela abaixo vários copos d´água até me sentir refrescada. Sigo para o quintal para cuidar das plantas, ouvir os pássaros e sentir o cheirinho da terra dando margem à minha imaginação.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Escrevo o dia inteiro, toda hora, compulsivamente.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho regras nem rotina para escrever. Priorizo a espontaneidade dos meus rompantes e entre uma tarefa e outra corro para registrar a maioria, nem todos consigo.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Não sou de editar nada, do jeito que a escrita vem, passo pra frente sem preocupar-me com a reação dos leitores.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não tenho travas nem ansiedade para escrever e aposto com força neste meu movimento embrionário, espontâneo e genuíno como estratégia para cutucar o estático.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Não reviso meus textos e sempre publico antes de mostrar para alguém.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Na maioria das vezes escrevo direto no computador e sempre trago um lápis e um papel por perto.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Minhas ideias brotam de um exercício diário, árduo e muito prazeroso de liberdade.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Tenho um estilo muito próprio que já é uma marca. Percebo que com o tempo fiquei mais arisca e livre. E se tivesse que dizer algo para mim lá atrás, diria: — Aposte no novo e nunca perca a espontaneidade, sem medo de desagradar.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Um projeto que vou fazer e já lancei a semente é um centro de artes e um livro que gostaria de ler é um romance que estou escrevendo e não sei quando vou terminar.