Rita Santana é professora, atriz e escritora.
Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sou professora da Rede Pública Estadual de Ensino e, por isso, tenho uma rotina diária de ir ao trabalho. Aprendi que ter uma rotina me equilibra muito e o contato com os jovens é muito intenso, rico e cheio de aprendizagens. Durmo sempre com um livro ao lado, ultimamente! Leio – sempre que posso – antes de dormir e quando acordo mais cedo, também leio. Isso alimenta e dá força para iniciar o dia, quando não tenho tempo para ler com mais vagar. Durante as férias, sinto mais prazer em dispor de horas infinitas para leitura e crio uma rotina muito mais livre em torno de prazeres, de paixões, em torno dos livros que me esperam na estante. Acordo sem despertador, pois deixo a janela livre das cortinas para despertar com o nascer do sol. Perto das 6 horas, desperto e me preparo para o trabalho. Da janela do meu quarto, acompanho os amanheceres e isso tem me dado muito ânimo, muito conforto e influencia a minha escrita. Acho que o espetáculo diário do Sol nascendo faz muito bem ao meu espírito e represento essas sensações no novo livro. Costumo deixar sempre caneta e caderneta por perto para anotar ideias para futuros contos ou poemas. Há uma rotina também na postura intelectual: sempre acordo pensando no meu projeto de existência, na escritora. E me preparo espiritualmente para o enfrentamento do mundo lá fora, para a violência do trânsito, das gentes, para a rotina da sala de aula maculada com as ameaças propaladas por esse governo legitimamente eleito pelo povo brasileiro.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Nas férias ou durante o período de licença-prêmio, raramente concedida pelo Estado, mas que tive o prazer de gozar o ano passado, trabalho a qualquer hora com determinação, quando estou diante de um projeto. Trabalho como uma operária por horas e horas, parando apenas para cumprir obrigações necessárias, compromissos inadiáveis, mas evito até mesmo telefone, redes sociais, enfim. Sei usar da concentração para o trabalho e tenho fome de horas, fome do tempo, pois sei que é escasso. Tenho uma Casa silenciosa, gostosa, onde me sinto como se estivesse em um ateliê e acho que minha Casa é de fato uma oficina para o meu trabalho intelectual. Uma espécie de cenário da atriz para que ela decore e escreva o seu papel, a Casa de Beatriz de Chico e Edu, interpretada por Milton. Sinto vontade de rir ao revelar essas coisas, mas é verdade! Trabalho ouvindo música clássica, geralmente! Apenas quando a música é muito inquietante, provocativa, eu mudo para jazz, blues, chorinho. De vez em quando coloco Billie Holiday, bem baixinho. Ela me dá imensidão. A leitura precede tudo! Sempre sinto necessidade de ler, ler muito antes de iniciar qualquer projeto, porque, assim, me sinto encorajada, fortalecida, com mais legitimidade para iniciar o processo. A música está muito presente no meu cotidiano: ouço música todas as horas em que estou em casa. Vejo programas de arte, documentários, notícias, filmes, dança. Assisto muito ao Arte 1 e me atualizo. Pretendo ver a exposição de Adriana Varejão no MAM, será um grande presente e pretendo ir algumas vezes e ficar horas diante do seu trabalho. Adoraria ver Tarsila do Amaral em São Paulo e ainda não desisti desse projeto; louca pra ver Rosana Paulino e o seu trabalho que começa a circular pelo Brasil, enfim, muitos desejos! Todo esse alimento contribui com o meu processo criativo: trabalho intensamente mesmo quando não estou escrevendo; preciso aprender, preciso renovar o olhar, ampliar os desejos, os horizontes. No entanto, à noite, diante do silêncio do mundo, produzo mais. Invado a noite escrevendo, quando estou imersa num projeto.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não estabeleço metas diárias! Estou sempre muito ocupada com o trabalho ou muito exausta pós-trabalho. No entanto, anoto muita coisa na agenda, nas cadernetas que tenho e, depois do trabalho com o último livro, ando mais atenta aos registros, mais empenhada em organizar os escritos para finalizá-los, trabalhá-los e publicá-los. É um hábito antigo esse de fazer anotações. Anoto nos livros que leio, abro arquivos com ideias que surgem, versos, material para contos, enfim. Um dia, resolvo pegar as agendas e digitar em documentos o que deixei ali. Isso me ajuda muito, de alguma forma. Para fazer Cortesanias, o último livro, pude gozar de uma licença-prêmio e decidi que naquele período eu escreveria o próximo livro. Mas o arcabouço do que seria o livro já estava lá: pesquisas, poemas iniciados, epígrafes selecionadas, registros, leituras, músicas específicas que ouvi durante meses para a feitura do livro. Durante o outono do ano passado, escrevi muito. Li muito. E foi um período onde eu me mantive em casa trabalhando como se estivesse numa fábrica com horário rígido; trabalhava horas diariamente, sem descanso, sem trégua e fugia de compromissos que não fossem com a minha escrita. Foi um período de intensidade e muito prazer. Há muitos projetos engavetados aguardando essa disponibilidade maior de tempo. Espero me aposentar – apesar das políticas perversas, escrotas que estão impostas – e dedicar mais tempo à escrita, à vida e à leitura.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Sim! É sempre difícil começar. Rola uma insegurança primordial, uma vontade de voltar ao útero materno ou a algo ainda anterior àquele espaço-tempo. Bate um medo! Não sei se sou capaz, se está na hora, se tenho o que dizer, se interessa a alguém o que tenho a dizer, se sei fazê-lo. Muitos dilemas! Isso me ajuda porque cada projeto é uma experiência nova, fujo das fórmulas, do fácil, do que já dominei um dia. Assim é Cortesanias! Mas o impulso é estético, de criação, de expressar e criar novos mundos. Quando me ponho a escrever, escrevo! E vem uma vontade inabalável de construir existência, construir uma obra e cumprir os desígnios que tramei para mim. Pesquiso sobre o tema que pretendo escrever, muito antes de começar o processo definitivo de escrita. O último projeto foi alimentado durante anos com anotações, poemas que vinham sendo trabalhados, anotações que foram revistas durante o processo de escrita. Denomino de material bruto tudo isso que ficou guardado. E começo o processo de escrita com certa sofreguidão e desespero, agonia, exigências. Mas uma determinação irrevogável de que agora é hora de escrever o próximo projeto. Começar envolve todos esses preâmbulos mais que necessários de leituras que precedem ou acompanham o processo; abandono pleno à escrita e intenso labor. tenho um banco de palavras que armazeno e coleciono porque aprecio palavras, afinal é a minha matéria prima. Consulto dicionários, detenho-me a pesquisar algum ponto que me interessa. Leio inúmeras vezes o que estou escrevendo e leio em voz alta porque a atriz me guia no processo. Revisito as anotações que estão lá, longínquas, distantes. O material bruto de Cortesanias gerará outros livros porque muita coisa ainda não foi tocada do que tenho de pesquisa, de criação. E sinto muito prazer em escrever o que será o novo livro! Muito prazer! Sinto uma alegria imensa quando conquisto pequenas vitórias estéticas, quando sinto que a forma está se aproximando do que desejo ou do que ela mesma, a forma, impõe a mim. Sou muito exigente comigo mesma, durante a escrita. Cheia de rigores que poderiam me manter impotente diante do papel ou da tela do computador, mas me desafio e sigo! Quando escrevo, sinto como se estivesse inventando a roda ou a bússola novamente, incessantemente.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Tenho muita consciência de que estou evitando sentar para escrever; consciência de que deveria aproveitar melhor o tempo e produzir mais, escrever mais. Ao mesmo tempo, tenho a sensação de que escrevo quando não escrevo; sensação de que as leituras e a vida estão preparando terreno para o que virá. Estou o tempo inteiro em estado de escritora! Observo, cada vez mais consciente, o mundo; dialogo com mais fluidez com meus interlocutores escolhidos (autores, autoras – tenho lido cada vez mais mulheres! tenho buscado cada vez mais me aproximar de autoras negras! tenho buscado feministas com mais avidez! e começo a assumir uma identidade feminista cuja assunção sempre evitei por não me achar digna do título, mas estou revendo o meu grau de exigência comigo mesma! tenho me tornado cada vez mais uma Feminista e como é bom!). As travas sempre chegam! Mas sempre serão superadas, pois há um projeto de existência que me acompanha, construído por mim para resistir, para não sucumbir: eu preciso escrever! Há o pânico, o pavor de não corresponder ao que esperam, porém ele não resiste ao que eu desejo e ao meu olhar crítico diante do que construo. Quando sinto que escrevi o que desejava, da forma que desejava, ninguém me segura! Até mesmo porque desconfio dos julgamentos! Tenho um componente anárquico, revolucionário, rebelde que encara de frente os olhares indiferentes ao que escrevo. Sei o quanto esse olhar alheio é contaminado de racismo, machismo, um sentimento de classe, um elitismo intelectual ou simplesmente uma opção estética, como tenho as minhas. Tenho um critério de leitora que respeito muito! Escrevo para a leitora que sou e me ponho o tempo inteiro submetida ao seu olhar, ao seu crivo. É óbvio que pretendo atingir leitores, leitoras. Sem o leitor, o processo não se completa, torna-se inútil. Mas sei que há um cânone e sei quais são as suas configurações políticas! Não sou inocente quanto às escolhas e às rejeições! Não sou inocente quando às invisibilidades! Não sou inocente! Portanto, quando escrevo, sei que estou dentro do que julgo esteticamente e ideologicamente apresentável. Tenho plena noção quando atinjo o meu ápice – como, por exemplo, no poema Adusto – e quando o meu critério estético não está satisfeito, mas era preciso dizer daquela forma. Porque às vezes, é necessário revelar, mesmo que não se atinja a sua perfeição na forma.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Nunca mostro nada para ninguém antes que esteja pronto! Teria vergonha e não sinto necessidade; esse processo é unicamente meu! Talvez ser Artista seja exatamente essa possibilidade de criar um universo com profunda autonomia, independência e Liberdade. A experiência máxima que nos aproxima das Divindades. Toda a responsabilidade da criação recairá sobre nossos ombros, sobre nossas cabeças. Estaremos expostas, absolutamente expostas, desnudadas ao mundo. Não divido tal experiência com ninguém, pois esse é o meu espaço no planeta. O lugar da Criação!
Olho muito para o que está feito várias vezes; leio trezentas vezes em voz alta; corto, refaço até sentir a sensação de que está pronto. Em Cortesanias, o primeiro a ver tudo foi o próprio editor, Fernando Oberlaender, da Caramurê, pois ele me interceptou, enquanto escrevia o projeto de um livro que demoraria um tempo maior para estar pronto e talvez demorasse séculos para ser concluído, tamanha era a minha imersão sem resultados práticos. Era o meu velho projeto, e Fernando me pediu que eu lhe apresentasse um novo livro. Adiei o projeto inicial e – com alguma resistência – cedi ao seu pedido, o que me rendeu uma aprendizagem formidável! Na verdade, Cortesanias é o velho projeto em essência, com os contornos do que eu estava vivenciando naquele período: um intenso gozo estético por algumas pintoras, pintores, músicas, sensações sinestésicas, além do olhar para a política, conflitos internacionais, meio ambiente, enfim! Com Fernando, tive, pela primeira vez, o olhar do editor sobre a produção, resisti mas também soube fletir a alguns argumentos, até mesmo cortes do que já exacerbava o verborrágico (risos): foi ótimo! Fora um olhar técnico que eu nunca tivera por perto. Foi muito bom! Uma bela aprendizagem e muito amorosa também, camarada, respeitosa!
George Pellegrini é um amigo e poeta que me acompanha desde a juventude e com quem tenho uma interlocução profícua, próspera. Quando tenho um livro pronto, mostro-lhe porque terei nele um aliado honesto – é o que espero que ele seja! Mas sempre depois de batido o martelo. Aliás, foi muito bom ter a figura do editor tão próximo ao projeto e a mim, durante a feitura de Cortesanias, pois ele me ajudou, com certo distanciamento, a olhar o livro com um olhar mais técnico. É que, às vezes, eu sou muito tosca! (risos)
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
De boa! Sempre uso o computador, o celular com arquivos organizados no drive – o que considero um grande achado! – mas mantenho minhas anotações em cadernetas, agendas que consultarei no momento certo e um dia vou transcrever tudo para os arquivos definitivos que se multiplicam no computador. O celular tem sido muito útil para as emergências da criação. E armazenar tudo no drive me dá um conforto inenarrável. O Estado sempre nos atualiza em torno das tecnologias e eu aproveito muito ou o suficiente para minhas necessidades práticas.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Eu leio! Meus livros na juventude tinham anotações do tipo: material para conto. Lia teoria e via ali ou acolá uma ideia que me lançava a uma avalanche de possibilidades e eu anotava. A leitura me mantém viva, inteligente, colorida, rica e em constante ebulição. Mas também preciso do silêncio, da música, do silêncio das músicas, de cinema. Namoro muito arquitetura, pintura, artes plásticas de uma forma geral. Preciso do noticiário porque muitas vezes a realidade dá um show de ficção, ainda mais nos tempos absurdos que estamos imersos na política nacional e internacional, com essa onda gigante de conservadorismo burro que nos atingiu em cheio! Tudo é Kafka! Tudo é uma grande barata no guarda-roupa! Mas há uma esperança perdida nas paredes de Clarice. A vida é muito cheia de sugestões, aprendizagens, decepções, surpresas, aprendizagens e rica em imagens, sentimentos, descobertas. Sou professora e aprendo muito no cotidiano em sala de aula: livros, experiências, colegas, funcionárias. O ser humano é vasto. Em casa, mantenho uma conexão com a aprendizagem, o prazer, as artes. Música e conexões com o belo, com a Filosofia, Ética, Sociologia – essas coisas tão essenciais à Existência! O contato com as plantas que cultivo também me oportuniza equilíbrio, harmonia e Cortesanias traz essa relação com as sementes, as plantas e com algumas paixões da pintura, dos livros. Ando mais atenta às estações e ao mundo com a maturidade. Recentemente, tive um encontro magnífico com Borges e quero voltar sempre a ele porque o que senti se aproxima muito do impacto soberbo que tive ao descortinar lentamente Virginia Woolf: Orlando! Orlando! Orlando! Um teto todo seu! E Borges com seus labirintos! preciso voltar urgentemente para ambos! Preciso de tempo! Preciso de, pelo menos, mais 50 anos!
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Estou envelhecendo! Aproximo-me lentamente dos 50 anos e essa idade representa muito. Estou muito mais plena, muito mais inteira e feliz – dentro de uma percepção de felicidade que sintoniza completude, amplidão, paz interior. Um conceito de felicidade muito distante das propagandas de margarina. Acho que nunca estive tão feliz, apesar do mundo lá fora! Uma felicidade de contornos internos que se ligam e conectam com um projeto de Existência muito mais livre e muito mais autônomo. Olho com mais responsabilidade para a Escritora, para a Artista e essa consciência me fornece o sentimento de plenitude. Essa maturidade transforma muita coisa. O erotismo já se apresenta muito mais dissolvido nos poemas ou muito mais resolvido e presente nos versos sem tanto alarde, talvez. Um alarde necessário, outrora. Legítimo sempre. A relação com as palavras ainda é de paixão, mas as emprego de uma forma mais suave, mais delicada, mais adequada ao que preciso dizer. Consegui conversar com algumas vozes que me são caras em Cortesanias. Quando leio um livro, faço anotações, digito fragmentos importantes e consegui estabelecer uma intertextualidade com alguns Poetas que me são caros. Intensifiquei as leituras nos últimos tempos, e isso também é um diferencial. Entrei em contato com autoras e autores que acenderam luzes invisíveis dentro de mim, certamente, elas brilham e lançam faíscas em minha produção atual. Moro sozinha e tenho mais tempo para a Criação! Tenho mais tempo para ler, o que é fantástico! Passo muitas horas comigo mesma, num solilóquio bastante produtivo e fértil! A Solidão é uma grande companheira para o processo artístico e eu sou uma Artista! Essa condição é primordial para o diferencial entre a escritora de ontem e a escritora de Cortesanias. Já disse: a minha Casa é uma oficina, um ateliê e eu sou uma operária que tem na palavra a sua matéria, a sua ferramenta, seu ouro.
Olho para os textos iniciais, as publicações iniciais com benevolência e generosidade: eram outros tempos e era uma outra rita. Gosto muito do que fiz e da forma que fiz porque eram essenciais e absolutamente honestos comigo mesma, com a criadora! Hoje, tenho outras exigências porque sou outra. Eu diria: muito bem, Menina! Que bom que ousou, que bom que sentiu necessidade de escrever, num tempo tão distante dos modismos; que bom que escreveu Tramela ainda na UESC, ainda na faculdade e enviou para o suplemento do jornal A Tarde! Obrigada por ter sonhado, Menina! Obrigada por ter querido ser uma Artista, desde sempre! Obrigada pela atriz que me deu tanto e é tão indissociável do que sou. Hoje, cometerei outros erros, outros excessos, outros acertos! A menina está em mim, não nos separaremos nunca. Mas sou uma Senhora e tenho quase meio século: isso é definitivo e espetacular! Nunca mais serei aquela jovem, daquela forma e a minha escrita acompanhará o meu envelhecimento paulatino, consciente e cada vez mais atrelado ao mundo, às transformações, às liberdades, às transformações. Sempre caminhando para a esquerda, sempre gauche e aprendendo a não largar as mãos dos que sonham, dos meus, das minhas camaradas. Quero continuar protegendo dentro de mim toda a humanidade.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero escrever textos para teatro! Quero muito! Tenho rabiscos no computador, mas nunca toquei o projeto. Terei que me dedicar muito e com intensidade. Ainda não estou pronta e estou muito longe da atriz e dos palcos; Preciso retomar o teatro, frequentar teatro novamente, ver atrizes e atores em cena. Um dia, talvez, quero voltar para o palco. É um projeto caríssimo à minha alma e só poderia ser tocado com muita responsabilidade e empenho, pois escrever para teatro é um grande desafio. Tenho contos que precisam ser finalizados e retomados para um futuro livro de contos, mas isso já é mais palpável, real, possível! Preciso de tempo para retomar os velhos arquivos e atualizá-los à Rita de hoje. Tenho participado de algumas antologias de contos com narrativas que me fazem feliz; tenho um rigor próprio e um espírito crítico que olham para essas narrativas com honradez; sinto sempre que preciso ser digna dos convites. Tenho responsabilidade com a escrita.
Gostaria muito de ler um livro que contivesse todos os textos de Sapho! Que um arqueólogo surgisse do nada e dissesse: eis toda a obra da Poeta! Aqui há uma arca com todos os seus escritos preservados. Tudo que foi queimado pela inquisição da Igreja Católica está aqui, intacto! Quero muito ler Cassandra Rios! Havia muito da sua produção na livraria Nacional em Ilhéus, mas nunca comprei aqueles livros, eu olhava com curiosidade mas nunca os comprei. Mas tenho lido grandes mulheres e sua produção é um tesouro. Há muitas revelações no que já existe e eu ainda não li.