Raquel Almeida é poeta, escritora, arte-educadora e produtora cultural.

Como você organiza sua semana de trabalho? Você prefere ter vários projetos acontecendo ao mesmo tempo?
Depende muito, se eu estou com algum projeto novo de precisa de mais dedicação, eu tomo café e já vou trabalhar nele.
Ao dar início a um novo projeto, você planeja tudo antes ou apenas deixa fluir? Qual o mais difícil, escrever a primeira ou a última frase?
Eu tenho sempre novos projetos em mente, e começo escrevendo na minha memória, eu preciso me convencer é uma boa estória. O mais difícil são os finais, eu me enrolo um pouco pra concluir as últimas frases.
Você segue uma rotina quando está escrevendo um livro? Você precisa de silêncio e um ambiente em particular para escrever?
Eu necessito de privacidade pra escrever um livro, é engraçado porque no inicio eu preciso de barulho, de ver gente, mas quando sento pra escrever eu preciso de estar só com minhas palavras.
Você desenvolveu técnicas para lidar com a procrastinação? O que você faz quando se sente travada?
Eu vou caminhar, correr, fazer algum exercício. Pra poder tentar destravar e dar continuidade a escrita.
Qual dos seus textos deu mais trabalho para ser escrito? E qual você mais se orgulha de ter feito?
Na verdade, eu me orgulho muito do meu ultimo livro “Contos de Yõnu”, foi meu primeiro livros de contos e foi desafiador. Eu me orgulho de todas as estórias que criei para este livro. Foi trabalhoso, foi intenso, eu mergulhei nas personagens, sofri por e com algumas, então eu me orgulho muito de ter escrito e publicado.
Como você escolhe os temas para seus livros? Você mantém um leitor ideal em mente enquanto escreve?
Não organizo por temas e nem por leitores. No decorrer do processo vou percebendo semelhanças mas gosto de acreditar na ilusão da coincidência. Eu penso em leitoras e leitores possíveis, se o que eu escrevo está acessível, coerente, penso se minha mãe vai se interessar…
Em que ponto você se sente à vontade para mostrar seus rascunhos para outras pessoas? Quem são as primeiras pessoas a ler seus manuscritos antes de eles seguirem para publicação?
Geralmente não me sinto a vontade, como eu já disse, eu preciso acreditar no que estou escrevendo primeiro, preciso achar que é uma boa estória ou um bom livro, quando acho que está pronto aí eu passo. A primeira pessoa que lê meus escritos é sempre a escritora Miriam Alves, estabeleci com ela uma parceria de confiança.
Você lembra do momento em que decidiu se dedicar à escrita? O que você gostaria de ter ouvido quando começou e ninguém te contou?
Eu decidi me dedicar a escrita à partir do meu primeiro livro em 2008, eu ouvi muitas coisas boas, inclusive da Miriam Alves, foi importante o suporte que tive de escritoras mais experientes, eu tenho antecessoras incríveis, Miriam Alves, Conceição Evarsto, Carolina Maria de Jesus, Esmeralda Ribeiro, Alzira Rufino, Geni Guimarães e varias outras que se sempre estiveram dispostas a me auxiliar.
Que dificuldades você encontrou para desenvolver um estilo próprio? Algum autor influenciou você mais do que outros?
Tenho dificuldades até hoje, é difícil se reinventar, tenho varias influencias mas tenho a nítida compreensão que devo contrapor o estilo de cada uma delas.
Que livro você mais tem recomendado para as outras pessoas?
Tenho recomendado muito o livro Critica da Razão Negra de AChille Mbembe, não é um livro literário mas nos faz refletir sobre os diversos aspectos do racismo e como ele nos desumaniza.