Quel Póvoas é jornalista e escritora infantojuvenil.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Durante a semana, acordo cedo, tomo café e vou trabalhar. Mas, aos finais de semana, quando passo em casa, gosto de tomar café mais demoradamente, vou ao quintal da minha casa e fico apreciando as plantas, passarinhos e os meus cachorros. No geral, uso as manhãs para isso e para cuidar da casa.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Eu trabalho melhor na parte da tarde/noite. Gosto de me preparar para a escrita tomando um chá preto, ouvindo uma musiquinha ambiente e no meu quarto, onde fica minha mesa de trabalho e livros.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Atualmente, não possuo meta de escrita diária pois estou um pouco atribulada (trabalho em uma cidade diferente da que moro, curso faculdade e pós-graduação). Além disso, sou formatadora de trabalhos acadêmicos. Mas, no geral, costumo publicar textos no meu perfil de escrita no Instagram, três vezes por semana, e estou escrevendo em períodos concentrados.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Os meus textos literários, atualmente, não necessitam de pesquisa. Mas, os que escrevo sobre temas específicos, textos mais informativos e reflexivos, exigem uma pesquisa prévia. Não acho difícil transformar as informações em texto, acredito que muito pelo fato de eu ser jornalista também (rsrsrs). Penso: o que eu quero que meu leitor entenda? O que quero que ele sinta ao ler meu texto? Que leitor é esse? Qual reflexão quero retirar dessa leitura?
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Quando lido com bloqueio criativo, prefiro respeitar minha mente e descansar (quando é possível). Gosto de dizer que quando um trabalhador de uma obra cansa seu braço, ele precisa pausar seu trabalho. Assim também é com o trabalho mental. Além disso, busco assistir séries que me fazem bem, filmes, ler alguma coisa, ouvir música, passear em lugares que me relaxem (agora na pandemia menos). Isso me ajuda a trazer inspiração e fazer o motorzinho da criatividade voltar a funcionar.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Acho que três vezes, em média. Não costumo mostrar meus textos antes de publicá-los, sinto que eles precisam ser divulgados de uma vez só, para todos lerem. Porém, quando são textos que vou submeter a algum concurso, publicação em algum meio, envio geralmente para uma amiga escritora que confio muito.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Quando criança e adolescente, escrevia tudo nos cadernos. Hoje em dia, apesar de amar ter caderninhos, o texto flui mais no computador, onde posso fazer rápidas alterações, se preciso. Lido muito bem com a tecnologia. Amo o papel, mas amo a tela do notebook também.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Se um dia alguém me responder de onde vêm minhas ideias, eu compro um chocolate pra essa pessoa (rsrsrs). Brincadeiras à parte, sou totalmente tomada por duas coisas: o que se passa dentro de mim (e do outro), e as pequenezas da vida. Os detalhes, os trevos de quatro folhas, a aranha do quintal, o sol do fim de tarde. Sou movida pelos detalhes que compõem o todo. É sobre isso que escrevo, geralmente.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Eu escrevia crônicas sobre vida e, principalmente, relacionamentos. Em 2020, resolvi enveredar pela escrita infantil, meu grande amor. A maioria dos livros que leio são infantojuvenis. Meu autor favorito é Pedro Bandeira e Lygia Bojunga. Sinto que estou vivendo o momento mais pleno da minha escrita agora. Mas ainda escrevo para o público adulto, que é meu público-alvo no Instagram, por exemplo, mas sempre trazendo o universo da Literatura Infantojuvenil para ele.
Eu diria para a Raquel de 9, 10 anos: – Continue escrevendo, menina! A escrita te move, te envolve, te cuida. Não desista!
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
O meu maior projeto é lançar meu primeiro livro, para o público infantil. Já escolhi a editora e já o escrevi, mas estou me preparando para a publicação. Não queria lançar em tempos de distanciamento social. Gostaria de ter a presença física dos que amo no lançamento. Mas veremos, né?
Gostaria de ler os livros de todas as minhas amigas escritoras que sou fã, em especial Suélen Emerick e Maria Ávila.