Pablo Zorzi é escritor.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Se tratando de escrita? Não tenho rotina.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Qualquer hora. Ficar horas olhando para o cursor do teclado piscado no documento em branco antes de decidir que é melhor fechar tudo e ir fazer outra coisa é um ritual? Se sim, tenho ritual. Haha!
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Não tenho meta. Escrevo pouco. Menos do que gostaria e muito menos do que deveria. Tempo é um problema? Não. Costumo dizer que escrevo quando quero e, quando não quero, não escrevo. Admito que não quero escrever a maioria do tempo. E se a pessoa não quer, não adianta insistir, certo?
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu não compilo notas e nem pesquiso antes de começar. Arquitetar a história é uma das formas de escrever, mas não é a que uso. Eu prefiro escrever o primeiro capítulo do que está na minha cabeça e ver no que aquilo vai dar. Se a história me agrada e vejo que tem futuro, continuo… Pesquiso apenas quando chego nos pontos em que a pesquisa é necessária. Método: cada um tem o seu. Indicaria pra alguém o meu método? Não. Quero que alguém me indique o seu método? Não. Método: cada um tem o seu.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Não lido. Deixo a procrastinação dominar. Confesso que no começo me preocupava bastante com o resultado final do texto, mas não mais. Embora eu tenha escrito sete livros e publicado apenas um até agora (os motivos disso eu explico se me perguntarem), todos acabaram por ser finalizados de maneira satisfatória. Então cheguei num ponto onde não me preocupo mais, pois sei que de algum jeito o resultado final será aproveitável.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Eu reviso muitas vezes um mesmo parágrafo enquanto estou escrevendo. Parágrafo por parágrafo, repetidas vezes. Quando chego no fim, sei que está praticamente pronto. Sou agenciado, então durante todo o processo o pessoal da agência lê, avalia e indica pontos de correção.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Computador. À mão só para anotar alguma ideia que vem fora de hora.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativo?
Não faço ideia. Não que eu saiba.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesmo se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
No processo, nada mudou. O que muda é a qualidade de escrita. Só se melhora em alguma coisa quando se faz aquilo muitas vezes. Escrever não é diferente. Sobre o que diria pra mim mesmo, não diria nada. As coisas deram muito certo pra mim no início: consegui entrar na maior editora do país de primeira, consegui ter meu primeiro livro como um dos mais vendidos em uma bienal, consegui contrato de publicação com outra grande editora para mais dois livros depois de tudo isso. Tem muito escritor bom por aí, com carreira mais longa, que não conseguiu o que consegui com um livro apenas. Não tenho do que reclamar.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Tenho apenas um projeto que não comecei, que é um livro com tema infantil para público adulto. Garanto que não há livro que eu queira ler que não existe. Provavelmente ele está por aí, eu apenas não o conheço.