Maria Clara Barbosa é poeta, autora de “O mundo pelos meus olhos”.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Sinceramente, não sou o tipo de pessoa que acorda fazendo várias coisas. Faço tudo calmamente, converso com os gatos, dou bom dia pras plantas e tomo banho de sol com alguma leitura nas mãos.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Amo trabalhar a tarde. Mas quando se trata de escrita, a madrugada é bem melhor. Todos adormecendo, o silêncio vem de companhia e a criatividade tem espaço pra entrar no quarto.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Amo escrever. Na verdade, gostaria de ser o tipo de pessoa que escreve muito. Mas as palavras aparecem quando me inspiro em algo. Músicas, filmes que são impactantes ou românticos. O impacto é uma meta que sempre tenho.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Sou do tipo de pessoa que ama colecionar notas. Sejam nos cadernos, post it, celular, qualquer coisa! E daí, junto o que envolve o tema e crio a história. Acho que o começo é mais fácil do que o meio do processo. Geralmente mudo muito de ideia no meio do caminho. Procuro sempre pesquisar o que envolvem as pessoas, o que comovem os leitores e como posso moldar minha arte pra alcançar isso sem perder a identidade. E claro, ler muitas obras me ajuda muito.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Sempre me cobrei muito. Hoje, deixo essa fase rolar, sem ter mágoa. Procuro me distrair… O tempo e prazo são inimigos da naturalidade. E uma boa escrita surge com isso.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Reviso algumas vezes. Mas sempre mexo em algo. E isso se torna cansativo. Geralmente, mostrava os rascunhos. Hoje, guardo pra mim e mostro pessoalmente poucos trechos de quem sou próxima. Acho que quando se trata dos bastidores, mostrar uma arte significa que o artista confia muito nessa pessoa.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Geralmente são à mão. Mas tenho muitas partes no celular também. Mas como cresci na geração do papel, sentir o lápis na mão… Admito que amo mais o papel!
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
De tudo o que vivi e desejo viver. De traços da infância, amores da juventude, músicas principalmente. Eu amo música, trabalho na área, então a sensibilidade aflora demais!
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
A maturidade e encorpamento da escrita, com certeza! Acho que diria pra parar mais de se exigir, relaxar e procurar livros e filmes que sirvam de inspiração, pra sentir a vibe da coisa, sabe? Acho que quando a gente sente o tempero das palavras, tudo faz mais sentido.
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Divulgar um livro na Bienal. Um sonho. Um livro que não existe? Bom… Sou doida pra ler um livro em que me apaixono pela história, pelo personagem e leve pra vida toda, de um jeitinho gostoso de lembrar. Acho que como os gostos mudam, os livros também perdem o impacto após os anos. Ter um livro em que a emoção das frases esteja ali, seria único!!!