Maria Anna Martins é escritora e assessora de comunicação.

Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Eu tenho uma rotina semanal, organizo tudo no meu planner, para dividir o tempo de escrita e de trabalhos como leitura crítica e assessoria de imprensa para autores. É preciso organizar tudo e ter disciplina, já que, como freelancer, eu que crio meus horários e eles precisam incluir tanto atendimento aos meus clientes, quanto minha escrita e marketing pessoal.
Tenho uma ordem de tarefas diárias e normalmente começo após o almoço.
Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Durante a tarde, com toda a certeza, por volta das 14h. Sempre coloco uma caneca com água do lado, meu planner e diário de escrita também estão presentes. Gosto de criar um ambiente que me remete à escrita. No momento estou construindo meu quitinete, mas quando estiver pronto, farei a parte do “escritório” com livros de escrita criativa e comunicação para consulta, além de todos os materiais necessários de trabalho, como post-its e meu planner.
Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Eu tento escrever mil palavras por dia, mas isso não é levado a ferro e fogo. Com a pandemia e a falta do ambiente que terei no quitinete, minha concentração ficou prejudicada. Acabei não cumprindo as minhas metas de escrita em 2020 e produzi bem pouco nesse sentido, apesar das duas publicações do ano (que escrevi em 2019), mas pretendo voltar a ter uma rotina mais regrada agora em 2021. Escrever é como respirar para mim e sinto muito a falta quando não consigo fazer. Além disso, aprendi que a rotina de escrita facilita muito o processo inteiro e faz parte para quem quer se profissionalizar no meio literário.
Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Eu faço fichas dos meus personagens e pesquiso, mas costumo ser fluída, vou conforme a música diz. Às vezes surgem ideias não planejadas, e acabo parando para voltar a pesquisa ou até escrevo em paralelo a ela. Tenho um diário de escrita onde discorro sobre todo o processo e detalhes da narrativa criada, dessa forma não me perco e entendo melhor como eu trabalho. Aprendi isso no curso de pós-graduação em escrita criativa na Fafire, com o professor Marion, que também é escritor.
Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
Com paciência. Eu preciso respeitar meu tempo, entender que eu não sou um robô, mas também preciso lembrar que a escrita é meu trabalho, então deve ser levado a sério, é preciso criar uma rotina. Existem momentos ruins e momentos bons para tudo na vida, acredito que o que funciona para mim é lembrar que, superada a ansiedade, o projeto vai sair e vai ser incrível o ter disponível para o mundo. Quanto às opiniões: sempre vai ter quem não goste. É impossível agradar a todos, então busco dar o meu melhor, escrevendo com responsabilidade, contratando uma leitura crítica (eu faço leitura crítica para outros escritores e sei o quanto é necessário outro olhar sobre a obra antes da publicação) e revisando bem. Aceito críticas positivas e negativas da mesma forma. Sempre é possível evoluir e me superar, nesse sentido eu sigo escrevendo e aprendendo.
Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Claro que mostro. Eu tenho um leitor beta e sempre pago a uma leitora crítica, além disso, costumo mostrar a alguns amigos também. Reviso bastante, depois de deixar o texto descansar . Após isso envio a uma revisora profissional e depois a uma editora que irá fornecer outra revisão. O escritor, em minha opinião, deve sempre contratar um revisor e um leitor crítico, para além de qualquer editora, é importante que o livro esteja bem revisado e editado, e sozinho a jornada será bem mais difícil.
Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
No computador. A mão somente anotações no diário de escrita. Me dou bem com editores de texto variados e com as teclas. Já a mão costumo ficar agoniada, não consigo mesmo.
De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
Eu vejo enredo em todos os cantos. Não tenho hábitos pensados para manter a criatividade. Talvez a própria rotina: leio muito sobre escrita criativa, leio muita ficção (escritores, antes de tudo, deveriam ser bons leitores) e sempre penso “hum, como poderia encaixar isso num livro? ” ou “como eu descreveria isso em uma cena?” enquanto vejo ou passo por situações cotidianas. Não acredito em iluminação divina e dou pouco crédito para a inspiração, mas acredito sim em prática, em sonhos e histórias presentes em todos os lugares. Escrever é, antes de tudo, ver os detalhes e a magia que existe neles. O que você quer contar? O que te incomoda ou mexe com você? O que quer fazer o outro sentir? Pensar nisso me ajuda a escrever.
O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Nada, eu não diria nada. Erros e acertos fazem parte da vida e eu aprendo com os meus, preciso passar por eles para entender. Cada situação foi importante para o meu crescimento e não abro mão da minha história como escritora. E mudou tudo: escrevo desde os 13 anos, desde então aprendi técnicas, me profissionalizei, me informei sobre o mercado, aprendi com outros escritores… a escrita está em constante mudança, como nós, e isso é maravilhoso!
Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Ué, segredo. Haha Estou sempre escrevendo algo, sejam contos, comédias românticas, infantil ou fantasia. Mantenho uma lista com meus projetos, na ordem que serão feitos. Então não quero estragar a surpresa para vocês, mas adianto que tem um romance, com um pouco de fantasia e mistério, que logo, logo sai do forno.